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Traições, acidentes e fome. As histórias loucas do reality show mais duro do mundo

"Survivor" está de volta aos EUA, depois de correr o mundo. E até já teve uma versão portuguesa.
É uma experiência árdua.

Uma simples cesta de frutas e sumos foi suficiente para emocionar os desesperados e esfomeados concorrentes de “Survivor Portugal”. O reality show, apresentado por Paulo Salvador e Teresa Guilherme, teve apenas uma temporada, transmitida na TVI entre 6 de outubro e 30 de dezembro de 2001.

O spin-off português é apenas uma das muitas versões de um programa que conquistou o mundo. No total, “Survivor” já teve mais de 230 temporadas, divididas pelas diferentes versões nacionais, desde a sua estreia na Suécia, em 1997. No entanto, a versão mais icónica continua a ser a norte-americana, que arrancou a 31 de maio de 2000 no canal “CBS”. A 48.ª temporada estreia esta quarta-feira, 26 de fevereiro.

O conceito manteve-se inalterado ao longo dos anos: um grupo de concorrentes é deixado num local remoto, geralmente uma ilha, onde tem de encontrar comida, construir abrigo e competir em desafios físicos e mentais para garantir a sua sobrevivência. “O jogo evolui, mas a essência permanece: um grupo de estranhos a lutar por um sonho, dispostos a fazer tudo para se tornarem no único sobrevivente”, afirmou Jeff Probst, apresentador da versão norte-americana desde a estreia, em declarações à “CBS”.

Depois de vários dias de competição, os participantes enfrentam o Conselho Tribal, onde votam para eliminar um dos colegas. O último sobrevivente recebe o título de Sole Survivor e um prémio monetário, que na versão norte-americana é de 950 mil euros.

Ao longo das décadas, Survivor proporcionou momentos inesquecíveis. Um dos mais marcantes aconteceu logo na primeira temporada, quando Richard Hatch revolucionou o jogo ao formar a primeira aliança estratégica – algo que hoje é essencial para qualquer concorrente. A frase “não estou aqui para fazer amigos, estou aqui para ganhar um milhão de dólares” tornou-se numa das mais icónicas da história do programa.

Em 2003, na temporada “Survivor: Pearl Islands”, Jonny Fairplay criou uma das maiores mentiras do jogo. Inventou que a sua avó tinha morrido para ganhar a simpatia dos outros concorrentes e ganhar vantagem. Só mais tarde se descobriu que era tudo mentira. Probst, que agora tem 63 anos, classificou a jogada como “um dos truques mais maquiavélicos que já vimos em Survivor”.

Os dramas também fazem parte da essência do reality show. Um dos momentos mais polémicos aconteceu em “Survivor: Game Changers”, em 2017, quando Jeff Varner, em desespero para se manter no jogo, revelou que Zeke Smith era transgénero durante um Conselho Tribal, acusando-o de mentir “a todos os americanos”. A atitude foi fortemente condenada e os concorrentes decidiram eliminá-lo de forma unânime.

A vertente estratégica do jogo também gera momentos inesperados. Em 2008, Erik Reichenbach tomou uma das decisões mais absurdas da história do programa, ao ceder a sua imunidade às mulheres da aliança Black Widow, que lhe tinham prometido que não votariam nele. Sentia-se seguro e orgulhoso da sua decisão, mas no Conselho Tribal que se seguiu, foi eliminado. “Foi uma das jogadas mais desastrosas que já vimos”, comentou Jeff Probst. Para salvar três colegas — com as quais não era muito próximo — Reichenbach acabou por perder o seu lugar na competição.

As condições extremas do jogo também colocaram a vida dos concorrentes em risco. Em 2016, durante um desafio realizado sob temperaturas elevadas, três participantes sofreram uma grave desidratação e tiveram de ser evacuados de helicóptero para o hospital. “Foi o desafio fisicamente mais extenuante que já realizámos”, disse o apresentador à CBS.

Antes de se candidatarem, os participantes já sabem que esta é uma possibilidade e, curiosamente, nunca levaram a produção para o tribunal. Na verdade, mostram-se gratos pela experiência mesmo após o desfecho negativo. “Se me derem uma oportunidade, voltarei com toda a minha força”, disse Caleb Reynolds, um dos lesados, à “Entertainment Weekly” em 2016 após a exibição do episódio.

Os momentos cómicos também fazem parte do sucesso do programa. Em “Survivor: South Pacific (2011)”, Sophie Clarke protagonizou um dos confessionários mais virais ao falar sobre a rivalidade entre Brandon, um concorrente profundamente religioso, e Mikayla. “Há muita tensão entre o Brandon e a Mikayla. Nos termos bíblicos dele, é provável que lhe vá chamar de Vadia de Babylon”, disse Sophie, numa frase que continua a ser amplamente partilhada nas redes sociais.

Em 2005, “Survivor: Palau” foi palco de um dos desafios de resistência mais icónicos, quando Ian e Tom competiram durante mais de 11 horas. No final, Ian desistiu voluntariamente para manter a amizade com Tom, que acabou por vencer a temporada. Para Jeff Probst, foi “o maior sacrifício já feito por um concorrente”.

Mas Survivor também tem momentos de grande emoção. Em 2020, numa edição que reuniu antigos vencedores, a despedida de Ethan Zohn comoveu os espectadores. Sobrevivente de cancro, lutou com todas as suas forças para continuar no jogo, mas acabou eliminado.

A nova temporada foi gravada nas Ilhas Mamanuca, em Fiji, e contará com 18 concorrentes, entre os quais professores, advogados, bombeiros, engenheiros informáticos, executivos da indústria musical e cirurgiões.

Carregue na galeria e conheça algumas das séries e temporadas que estreiam em fevereiro nas plataformas de streaming e canais de televisão.

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