Há vários anos, a melhor amiga de Irene Maiorino ofereceu-lhe um livro que lhe mudaria a vida para sempre: “A Amiga Genial”, de Elena Ferrante. Agora, a atriz interpreta Lila na última temporada da adaptação televisiva deste fenómeno da literatura. O primeiro episódio estreou esta terça-feira, 10 de setembro, na Max.
O novo volume, intitulado “História da Menina Perdida”, explora a vida adulta de Elena (ou Lenù) e Lila. Ambas encontram-se enredadas na turbulência de Itália no final da década de 1980, aproximando-se do fim de décadas de violência política e agitação social. As protagonistas voltam a residir no mesmo bairro, tal como quando eram miúdas. No entanto, têm novos obstáculos: a carreira, exigências da maternidade, traições, ameaças, desaparecimentos e desastres naturais.
Irene Maiorino, de 39 anos, confessa que interpretar Lila ajudou-a a redescobrir-se. “Ela é mais corajosa do que eu e luta contra o privilégio. Dá-me força para ser a mulher que ambiciono ser”, contou em entrevista à “NPR”.
No exterior, esta personagem aparenta ser uma mulher de negócios poderosa. No entanto, a sua vida pessoal está numa fase muito frágil devido à sua relação com Enzo, que é um homem “bom e completamente diferente daqueles com quem Lila se envolvia no passado”. Muitos deles eram traidores, mentirosos e abusivos.
A autora Elena Ferrante, cuja identidade continua a ser um mistério até hoje — tal como a NiT já lhe contou — foi uma grande ajuda ao longo da produção, mas nunca esteve presencialmente no estúdio. Ajudava, sim, através do e-mail.
“O último livro dela era como uma Bíblia para nós. Quando havia dúvidas sobre o que deveríamos fazer, bastava ler que já sabíamos o caminho certo”, diz Alba Rohrwacher, que encarna Lenù. “A Elena dava-nos sempre uma resposta quando mais precisávamos, quase como se fosse Deus.”
Interpretar Lenù pela primeira vez foi um momento muito emocionante para a atriz de 45 anos, visto que é a narradora da série desde que começou, em 2018. “Chegar a este ponto em que a minha voz e o meu rosto finalmente se encontram, foi como chegar a terra firme após ter feito uma viagem por um oceano cheio de emoções, medos, obstáculos e descobertas inesperadas. Senti-me muito poderosa no final”, confessa.
A personagem é muitas vezes movida pela força da amiga e a atriz olha para ela como “um fantasma que lhe deu força para se emancipar da realidade em que nasceu”. Tal alteração só foi possível através dos estudos e da escrita.
Alba Rohrwacher e Irene Maiorino estão cientes do peso que acarretam ao interpretarem estas duas mulheres, visto que são importantes para milhões de leitoras que se identificam com as suas histórias. “Através delas, muitas pessoas conseguiram encontrar o seu lugar num mundo dominado pelos homens”, comentou Rohrwacher. E acrescenta: “Queríamos que o público sentisse a grandiosidade delas em cada episódio.”
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