Há um mundo de elite e outro de desigualdades como pano de fundo, há um casamento perfeito e os segredos que se vão desvendando, destruindo aparências. Há, ainda, morte e mistério num thriller pontuado com drama que é uma das apostas do ano da HBO.
“The Undoing” chegou esta segunda-feira, 26 de outubro, à HBO Portugal, e traz uma dupla de renome no ecrã, mas também uma equipa consistente atrás das câmaras. Na história, Nicole Kidman interpreta Grace Sachs, uma terapeuta de sucesso que tem tudo aquilo que sempre sonhou na Nova Iorque do luxo.
O filho anda numa conceituada escola privada, enquanto o marido, interpretado por Hugh Grant, parece um exemplo de dedicação e perfeição. Mas, como seria de esperar, as aparências têm sempre o tempo contado. E uma morte precipita o seu fim.
Kidman é a protagonista e volta aqui à televisão depois de “Big Little Lies”, outro sucesso da HBO onde trabalhou com o mesmo David E. Kelley, o criador de “The Undoing”. Kelley é um veterano nestas andanças, contando já com 11 Emmys no currículo, criador de sucessos como “Causa Justa”, “Ally McBeal” e “Boston Legal”.
A repetição da parceria Kidman/Kelley já prometia mas um dos grandes destaques vai naturalmente para Hugh Grant, o homem do sotaque e charme britânicos que arrancou suspiros ao longo de anos, em inúmeras comédias românticas de Hollywood. Em declarações aos jornalistas numa sessão promovida pela HBO, o ator falava com um certo humor deste que será o seu primeiro papel de grande relevo na televisão.
“Fiquei velho e feio, já não sou apropriado para comédias românticas, o que é uma benção”, brincava o ator, explicando que o facto de ter sido pai o ajudou a ser melhor ator. “Há emoções que estão mais acessíveis” e isso nota-se no ecrã.
O ator contava que até agradeceu a oportunidade de estar longe dos miúdos quando ia gravar a série. Já tem uma certa idade (60 anos) e os filhos “são novos e barulhentos”. Além de serem cinco.
Ainda assim, contava Grant que sempre que partia para Nova Iorque para as filmagens sentia “tristeza”. Era até fácil chorar. “Eu pedia um café numa cena e chorava. A Suzanne é que me dizia que não era apropriado chorar naquela cena”, afirma naquele seu tom que despista um pouco, de quem faz rir com cara séria. Suzanne é Suzanne Bier, a realizadora do recente “Às Cegas” e vencedora de um Emmy por “O Gerente de Noite”, que realizou os seis episódios da minissérie.
Esta produção foi anunciada ainda em 2018 e poderia já ter estreado antes do verão, não fosse a suspeita da praxe (a pandemia, claro está). Além de Kidman e Grant, conta no elenco com nomes como Donald Sutherland, Edgar Ramírez e Lily Rabe, entre outros.
A série tem em Manhattan a sua base. É lá que mora esta família perfeita, que tem o filho Henry (Noah Jupe) a estudar numa escola de prestígio. É de lá também a clientela da personagem de Kidman — gente rica, muito rica, o que a vai colocar bem perto dos holofotes quando se descobre a morte de Elena (Matilda de Angelis), uma mãe do bairro de Harlem. São dois mundos bem distintos de Nova Iorque que se cruzam porque o filho de Elena tinha conseguido uma bolsa para estudar entre a elite. E, claro, porque há uma morte a juntar esses dois mundos.
Entre a investigação e o circo mediático que se monta, as aparências vão começar a ruir mas o mistério promete prolongar-se. Depois da estreia do primeiro episódio nesta segunda-feira, na HBO Portugal, podemos esperar um total de seis capítulos, à dose de um por semana, até ao final de novembro.