Em 1789, em França, houve uma revolução que fez literalmente rolar cabeças. Muitas cabeças (2794, segundo as estimativas). Um povo esfomeado, cansado e revoltado perdeu de vez a paciência com as elites ignorantes da vida real — e a França e o mundo nunca mais foram os mesmos.
É com uma citação de Napoleão Bonaparte que somos lançados na nova série da Netflix, uma grande produção francesa focada na revolução: “A história é um conjunto de mentiras sobre as quais concordamos”.
Há um look estilizado e ambicioso de entrada, diferente de outras produções de época em que o realismo quase certinho é marca distintiva. Aqui entramos logo numa cidade já com marcas bem sangrentas por todo o lado, com o vermelho vivo a notar-se no branco da neve.
Vemos um homem em fuga, um aparente nobre, e surge em grande plano um imponente cavalo sujo de sangue. Ouve-se um tiro, o nobre cai sobre os joelhos, e o cavaleiro salta do cavalo, de lâmina em punho, e decepa a cabeça do moribundo. O cavaleiro é, na verdade, uma jovem miúda.
“A Revolução” faz questão de partir para uma visão deste acontecimento histórico não só numa perspetiva feminina, mas com uma jovem voz que nos quer narrar sobre algo tempo bem violento em que “as trevas deram lugar ao iluminismo”.
Quem está à espera de uma organizada lição de história deve saber de antemão que aqui não estamos em modo documentário, bem pelo contrário. “A Revolução” aposta em ambientes sombrios, sequências de ação ambiciosas e em certos momentos quase que namora com a ideia de sobrenatural.
A sinopse aponta mesmo para uma doença misteriosa que assola a França do séc. XVIII, levando a um confronto brutal entre os rebeldes e a aristocracia. Essa doença que traz um apetite particularmente violento de aristocratas contra membros do povo vai sendo revelada por aquele que será o futuro inventor da guilhotina, a eficaz e implacável invenção francesa.
A mensagem, no entanto, é bem real: enquanto os poderosos vão fazendo a sua vida desafogada, sem empatia pela miséria, há entre os miseráveis quem se prepare para mudar as coisas. Quando estes se revoltarem, as coisas correm o risco de ficar bem sangrentas.
Historicamente, a Revolução Francesa começou em 1789 e prolongou-se nos anos seguintes, com a criação de uma república secular que definiria o futuro. Em França, a maioria da aristocracia, tida como inimiga da revolução, foi sendo eliminada, com destaque para o rei Luis XVI, executado em 1792. As antigas tradições e hierarquias da monarquia absolutista, com um forte peso do clero, foram substituídas pelos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade.
Doudou Masta, Julien Sarazin, Geoffrey Carlassare são alguns dos nomes que compõem o elenco de “A Revolução”. Os oito episódios da primeira temporada desta produção original da Netflix foram lançados em simultâneo esta sexta-feira, 16 de outubro. Fique com o trailer.