Basta recordar Camilla Läckberg, Stieg Larsson ou Lars Kepler para chegar à conclusão de que os suecos são mestres a contar histórias policiais e de mistério, com um realismo bizarro, suspense e algum romance à mistura. Isolados pela hostilidade da neve, inspiram-se na escuridão do inverno e na atmosfera sombria e envolvente das regiões nórdicas para criar crimes cujo desfecho é quase impossível de desvendar.
Foi esse cenário que inspirou a sueca Viveca Sten a escrever a saga “The Åre Murders”, cujo o primeiro de cinco livros, “Hidden in the Snow”, foi lançado em dezembro de 2022. Agora, a história que tem como pano de fundo a estância de esqui de Åre, onde a detetive de Estocolmo, Hanna Ahlandar, vai passar férias, deu origem à nova série da Netflix.
A série criminal “Os Homicídios de Åre” chegou à plataforma de streaming a 6 de fevereiro e já se tornou numa das mais vistas em Portugal. E tudo porque a escritora de 65 anos decidiu passar umas férias na pequena localidade sueca de Åre em fevereiro de 2020, quando o mundo começou a fechar devido à pandemia.
“Sentíamos que o mundo estava num estado de espírito apocalíptico e, ao mesmo tempo, a paisagem do lado de fora da janela era deslumbrante”, recordou a autora no seu site. Foi naquele momento que surgiu a ideia de escrever um romance policial ambientado na “capital alpina da Suécia”.
A história que se tornaria num best seller começou a ser escrita numa certa manhã em que Viveca e o marido chegaram a um dos teleféricos da estância demasiado cedo. Ainda estava fechado, pelo que tiveram de observar uma cabine a andar atrás da outra enquanto esperavam.
“De repente, uma imagem surgiu na minha cabeça. Vi um corpo morto numa das cadeiras do teleférico, com a pele pálida como cera, cristais de neve nas sobrancelhas e lábios enrugados por causa do frio”, conta. Assim que chegou a casa, começou a escrever o “Hidden in The Snow”, o primeiro livro da dramática série, ambientada nos Alpes suecos.
Tudo começa quando um cadáver é encontrado num dos teleféricos precisamente na altura em que começa a temporada de esqui no local. O corpo estava tal como Viveca o tinha imaginado: congelado e com os lábios afinados pelo frio.
O cenário apontava para um assassinato, um mistério que levou o detetive Daniel Lindsok, do departamento de polícia de Åre, e a detetive Hanna Ahlander, vinda de Estocolmo, a trabalharem juntos. Ahlander fugiu para a localidade após ter sido forçado a deixar o seu emprego na polícia na capital da Suécia, no mesmo em que o seu namorado de longa data a abandonou.
Juntos, os detetives vão estar profundamente envolvidos na investigação para descobrir quem deixou a vítima congelada — e descobrir se estão mais vidas em perigo. “Foi muito emocionante criar novas personagens usando Åre como pano de fundo. Entreguei-me realmente às descrições do local e das montanhas suecas. Não há dúvidas de que as pessoas que conhecem Åre o reconheçam, é um ambiente fantástico para um romance policial”, sublinhou.
Durante o processo de escrita, os moradores da localidade foram também uma grande ajuda. “Conheci proprietários de terras, polícias e fiz um safari numa mota de neve para procurar lugares ideais para esconder cadáveres. Todos se alinharam de uma forma fantástica”, revela.
Daí seguiram-se outros quatro livros (“Hidden in Shadows”, “Hidden in Memories”, “Hidden in Lies” e “Hidden in Mercy”), até que a história chegou à Netflix, com algumas mudanças.
Na série sueca, o corpo não foi encontrado congelado no teleférico, mas está desaparecido. Uma jovem desapareceu numa noite marcada por grandes nevões e todos começam à sua procura. Devido à situação familiar difícil — tem um bebé recém-nascido e uma namorada ansiosa em casa — e a uma unidade policial com falta de pessoas, Daniel (interpretada por Kardo Kazzazi) vê-se obrigado a aceitar a ajudar de uma detetive que veio de Estocolmo para passar férias na casa da irmã.
Interpretada por Carla Sehn, a detetive envolve-se no misterioso desaparecimento e coloca o seu descanso para segundo plano. O elenco incliu ainda Charlie Gustafsson, Francisco Sobrado, Amalia Holm, Agnes Kittelsen, Robin Stegman, Frida Argento, Olle Sarri, Moa Gammes e Samuel Astor.
Joakin Eliasson e Alain Darborg foram os responsáveis pela produção, enquanto o argumento ficou a cargo de Karin Gidfors e Jimmy Lindgren. Tal como é habitual nos policiais nórdicos, a narrativa desenrola-se a um ritmo mais lento, apesar da primeira temporada só ter cinco episódios.
O thriller “Os Homícídios de Åre”, com cinco episódios, é uma mistura de investigação criminal enquanto aborda a complexidade das relações interpessoais, tudo isto com um cenário de neve que aumenta ainda mais a tensão e o isolamento das personagens.
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