LET'S ROCKDe mota, bicicleta ou numa roadtrip com amigos, a Rota Norte, que segue um percurso circular na zona norte de Portugal, é uma das aventuras que está na lista de quem gosta de viajar pelo País. Conecta duas grandes estradas nacionais, a Nacional 103 e a 222, e passa por quatro regiões: Minho, Trás-os-Montes, Douro e Porto, englobando 35 municípios.
André Pereira propõe-se a fazer o trajeto — mas a correr. “Vi nas redes sociais este trajeto, que era uma roadtrip e que acabava por ser uma rota de turismo. Então, depois de olhar duas outras vezes para o percurso, pensei: ‘porque é que não hei de fazer isto a correr?'”, contou à NiT o atleta de 44 anos.
A data já está decidida: entre os dias 5 e 11 de outubro, vai percorrer 777 quilómetros, durante sete dias consecutivos. O novo projeto do ultramaratonista foi anunciado a 4 de maio.
André explica também que a paixão pela corrida, apesar de já ter conquistado algumas provas, é algo recente. “Fui fumador durante 20 anos e, em 2015, decidi pôr termo ao vício. Entretanto, como consequência de ter deixado de fumar, comecei a ganhar alguns quilinhos a mais. Decidi inscrever-me num ginásio, a partir de 2019”. Foi lá que começou a correr. E, assim que fez a primeira prova de trail, adorou, tanto pelo contacto com a natureza, como pelo convívio entre atletas.
Ao fim de quatro meses, já estava a competir na sua primeira prova de 50 quilómetros. Ao fim de oito meses, foram 111 quilómetros e, ao final de um ano, fez uma prova de 281 quilómetros na Beira Baixa.
Em 2021, participou numa prova que cruzava Portugal de norte a sul, desde Chaves até Sagres. Acabou por vencer a competição, a fazer uma média de 75 quilómetros por dia, ao longo de 14 etapas.
Já em 2023, juntou uma equipa de apoio e patrocinadores para fazer a estrada Nacional 2 de Chaves até Faro, desta vez a solo. Conseguiu terminá-la em cinco dias, 16 horas e 27 minutos.
Projeto “777 Ultra Marathon” pela Rota do Norte
Foi logo depois da última maratona que André começou a idealizar este novo projeto. “Acho que ainda ninguém fez este trajeto, quis fazê-lo pelo próprio desafio em si, e pela beleza da zona norte. Já tive a oportunidade de fazer um trecho da Nacional 222, e é lindíssima”, comentou, a propósito das suas motivações para organizar esta ultramaratona.
De facto, o percurso passa por cinco localizações consideradas património mundial da UNESCO: o centro histórico do Porto, a arte rupestre do Vale do Côa, o Alto Douro vinhateiro, o Santuário do Bom Jesus do Monte e o centro histórico de Guimarães.
Sobre a preparação, André explica que só vai começar a treinar especificamente para esta ultramaratona a partir de junho. “Chegando mais perto da data, é necessário fazer um treino mais específico já que vou fazer o percurso todo em alcatrão e asfalto”.
De momento, o seu treino passa apenas por provas de backyard, ou seja, em circuito fechado, mas garante que “quando faltarem quatro meses para o desafio, irei preparar-me exclusivamente em asfalto, também para o corpo se adaptar tanto a nível da articulação como ao impacto da passada.”
Porém, considera que o seu maior desafio nesta corrida será o fator da altimetria. O percurso que escolheu começa em Viana e vai até Bragança, onde vai encontrar uma subida considerável. Contudo, André acredita que através de uma preparação disciplinada consegue ultrapassar esses desafios de forma mais fácil.
Há várias vertentes que o tornam apaixonado pela corrida. Mas, para o atleta de Ourém, há uma que consegue sempre dar-lhe uma força extra para alcançar qualquer desafio: aqueles que o apoiam ao longo do seu caminho.
“As pessoas vão tendo conhecimento dos meus desafios, ou mesmo quando estão a circular, e acabam por interagir comigo quando me cruzam”, conta, lembrando que, na última ultramaratona, em 2023, houve quem se juntasse a ele para correr alguns quilómetros.
Para aqueles que estiverem interessados em fazer completar uma parte do percurso na zona norte, André garante: “sempre bem-vindas as pessoas que se querem juntar”. E, nesta prova a solo, até agradece a companhia de quem a quiser dar.
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