Alimentação Saudável

Afinal, a partir de que idade é que os miúdos podem beber Coca-Cola?

Os refrigerantes são a segunda bebida mais consumida em Portugal a seguir à água, mas os efeitos na saúde são desastrosos.
São muito consumidos.

Ao escolher uma bebida para acompanhar uma refeição, a primeira opção dos miúdos são os refrigerantes, como a Coca-Cola. Estas bebidas açucaradas são as favoritas dos mais novos devido à variedade de sabores e cores que apresentam, sendo uma alternativa muito mais atrativa do que a água.

É comum ver pais a recusarem este tipo de bebidas aos filhos, principalmente devido à elevada quantidade de açúcar que contêm. Muitas vezes, este é mesmo o principal ingrediente, o que explica o seu sabor sedutor e o potencial viciante que rapidamente desenvolvem.

“Estamos a falar de uma bebida que pode provocar desadequação alimentar tanto nos adultos, como nos miúdos. Em Portugal, o consumo de refrigerantes é extremamente significativo, e falamos de bebidas que contêm entre 10 a 15 por cento de açúcar. Além disso, estas bebidas alimentam a preferência pelo doce, o que pode levar à formação de um vício, especialmente em idades mais jovens”, explica à NiT a nutricionista e professora catedrática da Nova Medical School, Conceição Calhau.

A especialista acrescenta que as versões zero açúcares nem sempre são mais benéficas do que as originais, pois são frequentemente substituídos por adoçantes, que podem ter efeitos semelhantes na alimentação. 

“Não é por acaso que o sabor doce mudou drasticamente desde os anos 70. Naquela época, um iogurte de morango continha, por exemplo, cinco por cento de açúcar. Hoje, o mesmo produto pode manter essa percentagem, mas é complementado com uma quantidade similar de adoçantes”, detalha.

Os problemas relacionados com o consumo excessivo de bebidas açucaradas são bem conhecidos, mas nos miúdos esses riscos são ainda mais graves. Entre os problemas mais prevalentes estão as cáries dentárias, a obesidade e a diabetes. “Além destes, pode haver uma ligação com a manifestação de caracteres sexuais secundários, ou seja, com a parte hormonal. Além disso, existem outros componentes que aumentam o risco de cancro. E quanto mais cedo uma pessoa é exposta a esses produtos, mais tempo irá consumi-los”, explica.

A especialista enfatiza que a água é a bebida central na roda dos alimentos, e deve ser essa a principal escolha a fazer na nossa dieta. Contudo, o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, relativo a 2015/2016, já referia que “os refrigerantes apresentam o consumo médio mais elevado a seguir à água (88 gramas por dia)”. E, ao que tudo indica, aumentou nos últimos anos.

A acrescentar a isto, “a prevalência de consumo diário de um ou mais refrigerantes, ou néctares na população portuguesa é de 18 por cento”, destacando que os adolescentes são o grupo etário onde a prevalência é maior

Embora o consumo de refrigerantes deva ser evitado em qualquer idade, “dar estas bebidas a miúdos com menos de dois anos é impensável, pois ainda estão em fase de programação metabólica”, sublinha a especialista em nutrição. 

Apesar do açúcar ser o ingrediente mais problemático, não é o único a considerar. “Há aditivos alimentares com propósitos biotecnológicos que não são benéficos. O benzoato de sódio, por exemplo, é um estabilizante que preserva a bebida do crescimento de fungos. Porém, quando entra em contacto com certos meios químicos de pH, há um risco de dissociação que pode levar à produção de benzeno. Esta substância é considerada carcinogénica e já foi associada ao aparecimento de leucemia em miúdos”, alerta.

Além dos sumos convencionais, é importante notar que as bebidas vegetais [como o leite de soja ou amêndoas] também são classificadas legalmente como refrigerantes, tal como as águas aromatizadas. “Nestes casos, é fundamental optar por opções sem açúcar nem adoçantes e, de preferência, que sejam suplementadas com cálcio.

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