Vinho de amora. É provavelmente a primeira vez que ouve falar de tal coisa e, se assim for, ninguém o vai censurar. A verdade é que ele existe e é produzido, por exemplo, na Guarda, onde um professor e agricultour aproveita o potencial dos frutos silvestres para criar algo inusitado. Original talvez em Portugal, porque os primeiro registos de vinho feito com este fruto data do século XVII.
Podemos, contudo, recuar ainda mais na história. A amora não tem propriamente uma origem definida. Os gregos e romanos usavam-na pelos seus poderes medicinais. Os nativo-americanos também. E, em boa verdade, o seu palpite estava certo.
É que além de deliciosas, as amoras são altamente nutritivas e oferecem uma série de benefícios. Mas comecemos pelo básico, a sua composição. Uma dose de 100 gramas de amoras contém, em média, 43 calorias, além de 35 por cento da dose diária recomendada de vitamina C, 32 de magnésio e 25 por cento de vitamina K1. Nem tudo se limita à tabela nutricional.
As amoras estão igualmente recheadas de antioxidantes como a antocianina, ácido elágico ou resveratrol, que ajudam a controlar os radicais livres que provocam o stress oxidativo — ligado a doenças como a arte ateroesclerose, Parkinson e Alzheimer. E no grupo dos frutos mais consumidos, só a romã se aproxima dos valores da amora.
“Os frutos vermelhos [e as amoras] têm vindo a ganhar cada vez mais importância numa dieta equilibrada, e o seu poder antioxidante já é reconhecido pela maioria das pessoas”, explicou à NiT a nutricionista Bruna Silva.
Os vários estudo feitos ao poder da amora revelam que o seu consumo pode ajudar a proteger as células dos níveis elevados de açúcar e aumentar a sensibilidade à insulina. É esse facto que sublinha também a nutricionista Daniel Duarte, que revela que são frutas ricas em fibras e por isso têm “um papel muito importante para quem quer perder peso e, a longo prazo, gordura”. A fibra que nas amoras e nos frutos vermelhos em geral “mantêm a sensação de saciedade por períodos longos de tempo, o que evita picos de insulina”.
No grupo dos frutos vermelhos e no que toca à quantidade de fibra por 100 gramas, por exemplo, as amoras perdem apenas para as framboesas, mas destacam-se distintamente dos morangos e dos mirtilos.
Outro dos efeitos estudados das amoras é o anti-inflamatório, que ajuda o nosso sistema a tratar infeções e a curar as lesões, sobretudo provocadas pelo stress e pela má alimentação — e que promovem problemas como diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade.
É uma lista interminável, mas caso sofra de colesterol elevado, pode e deve acrescentar amoras à sua alimentação diária. Um estudo de 2010 demonstrou que consumir uma bebida com amoras durante oito semanas provocou uma queda de 11 por cento no colesterol mau.
Lembra-se do ácido elágico de que falámos anteriormente? Pois bem, o seu poder antioxidante traz também benefícios à pele, nomeadamente com as suas propriedades de anti-envelhecimento. É um argumento que sai reforçado de um estudo que concluiu que ele é capaz de bloquear a produção de enzimas que destroem o colagénio em pele danificada pelo sol. E quanto mais colagénio mantiver intacto, mais elástica e jovem será a sua pele.
Caso não tenha ainda razões suficientes para ir a correr comprar um balde cheio de amoras, basta dizer-lhe que são amigas de qualquer dieta, seja uma low carb, cetogénica ou simplesmente apta a perder peso. Podem ser comidas em sobremesas, como snack, em compota, como bem entender. E são sempre deliciosas.
E quanto ao vinho? Bem, esse talvez não tenha tantas propriedades benéficas, mas pode sempre optar pelo chá de amora que, como a NiT já revelou, tem tem um efeito antisséptico, laxante, digestivo e calmante.
“A fruta é rica em vitaminas A, B e C, contém potássio, cálcio em grandes quantidades, magnésio, zinco, fibras e ferro. É ainda muito usada para combater problemas de garganta e prisão de ventre, excesso de ácido no corpo e melhora o funcionamento dos rins e do fígado.”, diz à NiT a nutricionista Sónia Marcelo, autora do blogue “Dicas de Uma Dietista” e do livro “Guerra ao Açúcar“.