Nas últimas semanas, o ananás tem sido alvo de muito destaque (e procura). A mais recente tendência de engate — MercaTinder — propõe uma abordagem inusitada para os solteiros que procuram o amor. Basta ir a um supermercado Mercadona, entre as 19h e as 20h, colocar um ananás ao contrário dentro do carro e chocar com alguém que atraia o seu interesse.
Apesar do recente pico de popularidade, não se trata de fruto desconhecido, pelo contrário. Uma das questões que frequentemente vem à tona quando é tema de discussão, é a diferença entre o ananás e o abacaxi. A principal distinção reside na origem: o ananás é cultivado no sul do Brasil e no Paraguai, enquanto o abacaxi é originário da Costa Rica. Além disso, as diferentes técnicas de cultivo e produção contribuem para as variações de sabor, sendo que, geralmente, o abacaxi é mais doce. No que toca ao preço, este último costuma ser mais acessível, uma vez que o seu ciclo de produção é menos prolongado.
Considerado o “rei dos frutos” devido à sua forma que lembra uma coroa, o ananás é cultivado em mais de 90 países, com a Ásia e a América do Sul a liderarem a produção. Em Portugal, é produzido sobretudo nos Açores, onde apresenta uma forma ligeiramente distinta, sem a habitual coroa e com uma coloração mais alaranjada. A sua produção, que é orgânica e natural, especialmente em São Miguel, confere-lhe um aroma mais intenso, além de teores elevados de açúcar e proteínas.
A tradição de cultivo deste fruto tropical no arquipélago açoriano remonta a mais de 150 anos e recebeu a Denominação de Origem Protegida. Aproveite para ler o nosso artigo sobre uma herdade em Ponta Delgada onde poderá fazer uma massagem e relaxar num jacuzzi — no meio de uma plantação de ananás.
“Este fruto é rico em nutrientes e antioxidantes, que o tornam atrativo devido aos benefícios destas substâncias para a saúde. Contém 81,2 a 86,2 por cento de líquidos e uma percentagem entre 13 e 19 de sólidos totais (principalmente sacarose, glicose e frutose). Quando está fresco, possui minerais como cálcio, cloro, fósforo e sódio”, explica a nutricionista Diana Picas Carvalho, do Grupo Trofa Saúde, à NiT.
O ananás também apresenta um elevado teor de vitamina C (ácido ascórbico), potássio e magnésio, elementos importantes para uma boa absorção de ferro.
No entanto, este fruto também tem defeitos, existindo algumas desvantagens associadas ao seu consumo. Para pessoas que sofrem de úlceras gástricas ou outros problemas estomacais, comer ananás com frequência não é aconselhável, devido ao seu teor de ácido ascórbico, que pode ser prejudicial.
Além disso, a erosão do esmalte dental também é uma preocupação a considerar para quem o inclui regularmente na dieta. Contudo, a consequência mais temida e desagradável de comer uma bela e sumarenta fatia de ananás é o surgimento de aftas.
Estas pequenas lesões bucais podem aparecer espontaneamente ou estar relacionadas com a ingestão de determinados alimentos, sendo que a acidez típica deste fruto é um dos fatores que mais contribui para o seu aparecimento.
A responsável é a bromelaína presente no ananás. “É uma enzima digestiva proteolítica. Esta pode reagir com a mucosa oral, fazendo com que fique mais sensível e, por conseguinte, é mais afetada pela presença do ácido cítrico. Existem outras frutas igualmente ácidas que não causam a mesma reação”, sublinha a especialista em nutrição.
Referindo-se às aftas, detalha que estas “podem surgir isoladas ou em grupos e apresentam diferentes formatos” — rasas, redondas ou ovais, com cores variando entre o branco, vermelho e amarelo. O ananás dos Açores, sendo mais adocicado, poderá ser menos arriscado para quem tem mais propensão a desenvolver estas pequenas feridas.
“Vários fatores como alterações hormonais, stress, ansiedade e reações a certos medicamentos também podem influenciar a sua aparição súbita”, acrescenta Diana Picas Carvalho.
Além da acidez, a ingestão de alimentos rijos e salgados pode exacerbar a tendência para desenvolver estas lesões bucais.
Carregue na galeria para descobrir quais deverá evitar para minimizar o risco de surgimento de aftas.