Antes de treinar, a menos que goste de o fazer em jejum, é importante comer o chamado pré-treino. Este pode ser o pequeno-almoço ou um lanche a meio da manhã ou da tarde, dependendo da hora a que vai treinar. Porém, quando o objetivo seguinte é ir ao ginásio, na hora de escolher os ingredientes para esta refeição começam as dúvidas. Alguns especialistas asseguram que papas de aveia ou fruta são uma excelente opção, mas a última tendência são as gomas ácidas — sim, leu bem.
O TikTok tornou-se na rede social de eleição de quem procura dicas sobre tudo e mais alguma coisa: desde saúde a tendências de bem-estar, passando por truques para resolver problemas do dia a dia. E foi por lá que esta sugestão de snack pré-treino surgiu.
Alguns utilizadores filmaram-se a comer as gomas em forma de tiras coloridas cobertas de açúcar, afirmando que era o melhor snack que poderiam comer antes de fazerem exercício físico. COmo seria de esperar, muitos ficaram curiosos e questionaram os motivos de quem o faz. As repostas não tardaram: “além de deliciosas, são ricas em hidratos de carbono e açúcares que quando entram no nosso organismo são rapidamente transformadas em energia”, diz um criador de conteúdos.
As partilhas desta sugestão já contam com milhares de visualizações e existem até vídeos que mostram quantas pessoas comem esta guloseima no ginásio. E os resultados são surpreendentes — são mais do que poderia imaginar.
Gomas ácidas: um bom snack?
A NiT colocou esta questão a dois profissionais da área do exercício físico e as respostas não tardaram. Apesar de se mostrar surpreendido com a nova tendência, Hugo Pombo, fisiologista da clínica Fisiogaspar explicou o conceito: “ao consumirmos açúcares simples, os índices de glicémia no sangue sobem rapidamente, o que faz com que haja uma libertação de insulina no sangue. Esta descarga, aliada ao exercício físico, aceleram a absorção por parte dos músculos e sentimo-nos com mais energia”.
Hugo Pombo não nega os benefícios de alimentos ricos em açúcar como snacks pré-treino, porém, salienta que existem alimentos naturais, não processados, com efeitos energéticos semelhantes. “Existem muitas fontes de hidratos de carbono complexos que não têm consequências negativas para a saúde”, diz. “Pode-se escolher outra coisa, como uma peça de fruta ou, eventualmente, biscoitos sem açúcares adicionados”, acrescenta.
Uma opinião partilhada pela nutricionista Mariana Abecassis: “Há muitos alimentos mais interessantes do ponto de vista nutricional, que produzem o mesmo efeito e de uma forma mais saudável e equilibrada”, explica. Para a especialista em nutrição esta é só “mais uma moda”, com a qual não pode concordar. “Recomendar numa rede social gomas ácidas como snack pré-treino é contraproducente e até perigoso. A maioria das pessoas nem precisam de um reforço antes do treino,” garante. E acrescenta: “Atualmente, levamos uma vida muito sedentária. E se não gastarmos todo o açúcar que ingerimos este acaba por se acumular e ganhamos peso”.
Além dos malefícios que tem para a saúde ao longo do tempo, Hugo Pombo alerta que o consumo destas guloseimas em jejum, por exemplo, também podem levar a que açúcar chegue rapidamente às células, o que pode causar tonturas e sensação de fraqueza.
O que deve (realmente) comer antes de treinar
Antes de iniciar qualquer tipo de atividade física, entre as quatro horas e os 60 minutos anteriores, deverá optar por consumir alimentos ricos em hidratos de carbono de baixo índice glicémico, de forma a ter energia suficiente para a execução do treino. As frutas, por exemplo, têm hidratos de carbono simples. Já o pão têm hidratos de carbono complexos.
A ingestão de uma fonte de proteína como queijo ou fiambre também é recomendada. “Os lacticínios como leite ou iogurtes, estão proibidos pois a sua digestão é mais lenta e pode comprometer o sucesso do treino”, como já explicou a nutricionista Cátia Gomes à NiT.
É importante referir que se for praticar exercício físico após uma refeição tipicamente mais farta (como o almoço ou o jantar), deverá optar por comer quantidades reduzidas para evitar a má disposição (e até uma eventual paragem de digestão.)