É uma sensação bastante comum embora seja difícil de explicar o que a origina. A azia (ou refluxo gástrico) afeta muitas pessoas e pode estar relacionada não só com a alimentação, mas também com o estilo de vida. Provoca uma ardência desconfortável no esófago e nem sempre é fácil identificar o que a espoleta.
Como é que a azia acontece? À entrada do estômago encontra-se uma válvula chamada esfíncter esofágico inferior (LES). Normalmente, o LES fecha-se assim que os alimentos passam por ele. Porém, se não fechar completamente ou se abrir demasiadas vezes, o ácido produzido pelo seu estômago pode subir para o esófago. É a presença dos sucos gástricos nesse órgão de passagem que causa esse desconforto torácico ardente — a azia.
A nutricionista Cátia Gomes explica à NiT que esta sensação está associada a inúmeros fatores, como a alimentação, o excesso de peso, o tabagismo, a gravidez e o sedentarismo. Ou seja, não é provocado exclusivamente por certos alimentos, mas também está relacionado com os hábitos diários e até pelas características de cada organismo.
As bebidas “mais associadas à azia são as alcoólicas e as que têm cafeína, como o café, a Coca-Cola, o chá preto, verde e mate. Alimentos como o chocolate ou com alto teor de gordura também poderão provocar esta sensação desconfortável”, aponta a especialista em nutrição. Comer demasiado também pode desencadear a azia — quando o estômago está sobrecarregado a contração e fecho do esfíncter tornam-se mais difíceis e probabilidade de o refluxo acontecer é maior.
Segundo a nutricionista, os alimentos mais picantes são outros dos responsáveis pela sensação de ter “estômago a arder. Se costuma fazer uma alimentação rica em condimentos desse tipo (como a pimenta, a paprika ou molhos preparados com malagueta) é provável que tenha mais refluxo que o normal. Determinadas frutas como a laranja, a tangerina, o limão, o ananás e o quivi alteram a acidez do estômago e podem causar essa sensação de ardência.
Este desconforto também está muito associado a um estilo de vida mais sedentário e à falta de exercício físico. “Tanto o excesso de peso como a gravidez, podem provocar o aumento do refluxo gástrico porque ambos implicam a compressão de vários órgãos do abdómen”, explica.
As alterações hormonais durante a gestação também podem fazer com que os músculos do esófago relaxem com mais frequência e o feto em crescimento também coloca pressão sobre o estômago — dois motivos que justificam a prevalência da azia durante a gravidez.
A prevalência deste desconforto torácico ardente também é mais elevada entre os fumadores e até aumenta o risco de desenvolver doença crónica. Os movimentos musculares necessários à inalação do fumo reduzem a compressão natural do esfíncter o que facilita a subida dos sucos gástricos para o esógafo. Fumar também reduz a quantidade de bicarbonato — um composto que neutraliza o ácido — naturalmente presente na saliva.
Até mesmo aquilo que faz após as refeições pode influenciar o aparecimento, ou não, do refluxo gástrico. Quando se deita imediatamente a seguir ao jantar ou ao almoço a posição que adota pode dificultar o fecho do esfíncter e impedir a digestão de acontecer da forma correta.