Alimentação saudável
Bebi dois litros de água por dia durante um mês (e agora estou sempre com sede)
Ao princípio parecia uma missão difícil, muito difícil.
A resposta à primeira questão é sim, claro que sim — vai aumentar a vontade de ir à casa de banho. E vai passar por aquela situação de quem tem miúdos: nunca sair de casa sem antes ir à casa de banho. Mas nada tema, é bom sinal: “Só prova que tem um bom funcionamento dos rins. Se bebesse muita água e não houvesse essa necessidade era porque algo se passava”, explica a nutricionista Mariana Chaves.
A sensação de barriga inchada que tinha frequentemente desapareceu ao longo dos dias. O trânsito intestinal ficou mesmo melhor. Isso é um daqueles pontos positivos que a nutricionista tinha referido e que de facto se comprova: meninos e meninas com um intestino mais preguiçoso, pode estar aqui a solução. E a sede? Aumenta mesmo. A boca fica seca à medida que as horas passam, os lábios também, como se de repente tivesse cieiro. Ao início não se nota, mas gradualmente, e ao fim de um mês a cumprir a meta, tenho sede constantemente (e vontade de ir à casa de banho como uma criança de cinco anos).
Mas vamos ao início. Em janeiro duas das minhas três resoluções de ano novo já estavam em execução: fazer exercício três a quatro vezes por semana e alimentação saudável. Só faltava uma coisa que tinha tentado muitas vezes e abandonado tantas outras, beber mais água. Podia ser alcalina, mineral, da nascente — sentia que não bebia o que precisava.
Em primeiro lugar, e para que o plano funcionasse, era essencial perceber, afinal, que quantidade de água é que teria de beber? Foi Mariana Chaves, nutricionista há mais de 10 anos, quem me ajudou a perceber tudo sobre estes dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio que conhecemos como água.
Uma mulher, “em idade adulta e saudável, deve beber um litro e meio no mínimo, mas dois litros seria o desejável”, refere a nutricionista. Para os “homens dois litros seria o mínimo”. Porém, quer para homens, como para mulheres, a Mariana tem um truque para ajudar a perceber qual a quantidade de água que cada um de nós deve beber: “Cada pessoa tem um volume corporal diferente, altura e peso por isso tem que existir uma meta diferente para cada pessoa”. Neste caso a nutricionista recomenda beber, no mínimo, a “altura em água”. Como? É fácil, uma pessoa que meça 1,70 deve beber um litro e 700 de água ou, para facilitar, arredondar para cima, até aos dois litros. Se preferir pode optar por chá, “desde que seja sem cafeína, já que esta acaba por desidratar”.
“Beber água em jejum deve fazer parte da higiene matinal. Ajuda a hidratar e a relaxar o tubo digestivo, facilitando a digestão”
Outra dica da nutricionista, para todos os que queiram mesmo apontar no caderno os resultados, é medir o perímetro da cintura já que este é um dos “pontos em que se nota mais diferença”, refere Mariana Chaves.
A nutricionista refere que é mesmo ao pequeno almoço que começa o dia: “Beber água morna em jejum deve fazer parte da higiene matinal, vai ajudar na hidratação e além disso vai ajudar a relaxar o tubo digestivo, facilitando a digestão”, uma vez que os alimentos passam a chegar mais rápido ao intestino. Já sobre beber água antes das refeições a nutricionista refere que “faz sentido pela questão da saciedade” e recomenda não ultrapassar “um copo de 250 mililitros durante a refeição.
A experiência na primeira pessoa
Como em tudo o início é o mais complicado. E este foi bem difícil. Comecei com uma garrafa de água de 33 centilitros. Pelas minhas contas, seis garrafas seria o meu objetivo diário, já que meço um metro e 63.
No primeiro dia só comecei depois do almoço (esqueci-me, confesso). Parei perto das 20 horas ligeiramente enjoada e de estômago demasiado cheio, já que beber dois litros de água nas poucas horas que separam o almoço do jantar, é muito difícil.
No segundo dia comecei logo de manhã, mas depois esquecia-me por completo da água. Entre o trânsito, o trabalho e os telefonemas, ela ficava dentro da garrafa. Por outro lado, ter de encher a garrafinha de 33 centilitros, até completar as seis, estava a arruinar-me os nervos e a paciência. Passava o tempo em pé, dava uns goles e tinha de me levantar de novo. Não estava a ser rentável. Não cumpri os dois litros, mas bebi mais de um litro e fiquei orgulhosa.
No terceiro dia tomei uma atitude e como qualquer jovem do século XXI que se preze, resolvi tudo com uma aplicação. Escolhi o Aqualert que me ajudou a não me esquecer e a não perder a conta às garrafas (fazer risquinhos no papel já não estava a resultar). Para me sentir ainda mais orgulhosa, ao fim de três dias comecei a beber o tal copo de água morna em jejum como recomendou a nutricionista.
Arranquei para o primeiro fim-de-semana a pensar que seria mais fácil em casa cumprir o plano. Não foi. Há ainda mais coisas para fazer e sítios para onde ir e não me pareceu prático andar com a garrafa sempre atrás. De manhã não bebi (até porque acordo mais tarde) e à tarde percebi que estava bem longe do objetivo. Para não ficar enjoada e demasiado cheia com água bebida à pressa e em poucas horas, preferi não cumprir o plano. Domingo comecei a história logo de manhã e percebi que o primeiro truque é mesmo esse: começar assim que se acorda, uma vez que quando se chega a meio do dia o objetivo já está quase cumprido.
Na semana seguinte foi mais fácil com a meta atingida a 100% (que orgulho). E o que é que ajudou mesmo? Dizer adeus à garrafinha pequena. Passei para uma bela garrafa de um litro e a minha vida mudou. Psicologicamente também ajuda, já que é muito melhor pensar em duas garrafas, mesmo que sejam maiores, do que em seis.
A partir da segunda semana e até ao final do mês, a água já fazia parte da minha vida diária. Quando não cumpria ao fim-de-semana reparei que o nível de sede aumentava bastante, como se tivesse estado ao sol durante umas horas.
Em relação à pele, ainda não senti alterações significativas, mas como é um desafio que quero manter pode ser daqui a uns anos nem precise de usar cremes. Entretanto, a aplicação já foi apagada porque não me esqueço de beber água porque fico (mesmo) com sede.
Para que não lhe falte nada, fizemos um resumo com as principais resultados desta experiência. Para ver, carregue na imagem.