Ele é o número 10, finta com os dois pés. É melhor que o Pelé, é o Deco allez allez. Passaram duas décadas desde que o craque brasileiro ouvia este mesmo cântico entoado nas bancadas do Dragão. De lá para cá, o brasileiro correu o mundo: brilhou no Barcelona, na Seleção Nacional e regressou à Catalunha em 2023 onde ainda se mantém como diretor desportivo do maior clube da cidade.
Portugal parece ter ficado para trás. Essa sensação está prestes a terminar. Desde que deixou definitivamente os relvados, em 2013, que se tem dedicado a outros negócios. Está presente no ramo da construção, dos media digitais e mais recentemente também na indústria alimentar. Anderson Luís de Souza (o seu nome verdadeiro) é o novo investidor da Boali Healty Food, uma empresa 100 por cento brasileira que está prestes a chegar ao nosso País pela primeira vez.
“Conheci a marca através do meu filho Pedro, que tem 22 anos e vive no Brasil. No meio da correria do dia a dia e na pressa do trabalho, ele consome muito estes produtos graças ao estilo de vida que tem e, portanto, foi ele que me apresentou este conceito”, começa por contar Deco à NiT.
Coincidentemente, na mesma altura, o ex-jogador estava à procura de uma nova empresa de alimentação que pudesse implementar no seu projeto Arena DecoBeach, um dos mais modernos complexos de desportos de areia do Brasil, situado em Indaiatuba, em São Paulo. Apesar de já ter lá um restaurante, queria ter algo que fosse mais ao encontro do estilo de vida saudável que promove e, portanto, achou que era uma feliz coincidência.
“Todo o processo foi muito rápido depois da ideia inicial. O Rodrigo [o CEO da empresa] e eu tínhamos um amigo em comum e ele acabou por nos apresentar. Depressa percebi que tínhamos os mesmos valores e objetivos. Quando soube que ele queria entrar em Portugal disse logo ‘Portugal? Claro que sim, eu ajudo-te com isso, vamos fazer acontecer’. E foi assim que toda a história começou.”
O processo de internacionalização já tinha começado em 2022, era aliás um desejo antigo, mas foi graças à ajuda de Deco como investidor que o processo acelerou. Tudo está alinhado para que seja em outubro de 2024 que a primeira loja física da Boali abra portas, embora ainda não queiram divulgar a sua localização. E o objetivo da marca passa por investir mais três milhões de euros nos próximos dois anos e com isso chegar aos 150 postos.
A empresa de alimentação saudável foi fundada em 2015 com o propósito de “universalizar o acesso à alimentação saudável, transformar hábitos e fazer o bem por meio da comida”.Nessa altura, Rodrigo Barros entrou apenas como investidor. “Só em 2019 é que comecei de facto a estar mais dentro da companhia e trouxe todo o meu ADN de inovação e de desenvolvimento contínuo. Estamos sempre em busca de novos produtos e ideias. Temos muito espaço para crescer”, diz à NiT o CEO.
Lançaram-se com apenas um produto, as saladas, que se revelaram mais sazonais. Juntaram-se lhes depois os wraps e os crepes — e as vendas aumentaram 35 por cento. “Percebemos que com mais oferta podemos mudar mais hábitos de vida e chegar até mais pessoas, que é o nosso principal objetivo.”
A expansão não parou e apesar de em 2020 ter aparecido uma pandemia mundial a marca viu os seus 30 postos no Brasil crescerem para mais de 80. Atualmente tem ofertas que podem ser consumidas quentes ou frias, incluindo os bowls, sandubas (sandes), burritos, sobremesas e sucos (sumos) e bebidas saudáveis. Há ainda várias propostas que são inteiramente vegetarianas e outras veganas. Só usam produtos frescos na confeção.
Um dos produtos mais famosos continua a ser as saladas, com destaque para a “Hoje em Começo”, que contém alface americana, frango desfiado, ricota temperada, cebola-roxa, cenoura, ovos de codorniz, maçã crocante e molho mil ilhas. O produto pioneiro é também o preferido de Deco. “Conquistaram-me logo e infelizmente não posso consumir tantas vezes quanto gostaria porque estou longe. Desde 2023 que moro em Barcelona, [é o atual diretor-desportivo do grande clube da cidade] e, portanto, só posso consigo comê-las quando vou ao Brasil. Mas pode ser que agora que vamos ficar disponíveis em Portugal, onde as pessoas também vão poder encomendar as propostas através do serviço de delivery, consiga pedir uma entrega aqui para o país vizinho”, diz em tom de brincadeira.
