Às vezes, os maiores tesouros estão escondidos à vista de todos. Pelo menos, foi o que os antigos egípcios devem ter pensado quando perceberam que a pasta que usavam como adesivo no processo de mumificação poderia ser mais útil aos vivos. A tal “cola” ou goma era feita com sementes de alfarroba, que são também transformadas em farinha.
Atualmente, é muito utilizada como espessante na indústria alimentar, mas também pode ser usada para fazer crepes, bolos, pão e até gelados. E, embora este tipo de ingredientes sejam vistos como inimigos de quem quer manter uma dieta saudável, não precisa de evitar esta farinha.
Ao contrário da versão refinada obtida a partir do trigo, deixa-nos saciados durante mais tempo, traz qualidade à dieta e facilita a digestão. De uma forma geral, é uma ótima aliada para controlar o peso.
A farinha de alfarroba é obtida pela trituração e posterior torrefação da polpa da vagem. É uma ótima fonte de hidratos de carbono, com “destaque para o teor de fibra” e, por cada 100 gramas, soma 368 calorias. “É rica em potássio, contendo também fósforo, magnésio, sódio, ferro e zinco, o que a torna uma importante fonte de cálcio”, explica à NiT a nutricionista Ana Bravo.
Quem não gosta de leite retira outra mais-valia do consumo desta farinha: “É uma das maiores fontes de cálcio, tendo mais teor deste nutriente do que o famoso leite de vaca”, acrescenta a especialista em nutrição.
É ainda uma ótima opção para incluir na alimentação de quem precisa de regular o trânsito intestinal. “Tem uma alta percentagem de fibras (solúveis e insolúveis) que contribuem para a redução do total de glicose absorvida pelo intestino, além de ajudarem ao equilíbrio gástrico e da flora intestinal.”
Os benefícios não se ficam por aqui. “É rica em compostos antioxidantes, como os polifenóis. Isto significa que este fruto defende o corpo da ação nefasta dos radicais livres nas nossas células”, que contribuem para o envelhecimento precoce e problemas cardiovasculares.
Outra das mais-valias da alfarroba é mesmo o sabor adocicado. Aliás, esse era o motivo pelo qual os romanos mastigavam as vagens secas. “A confeção de alimentos com esta farinha pode dispensar o uso de açúcar e, visualmente, é também uma alternativa ao chocolate (devido ao tom semelhante), não contendo substâncias estimulantes como a teobromina”, refere Ana Bravo.
“O valor nutricional e compostos bioativos, a par da versatilidade na culinária, permitem satisfazer um conjunto de necessidades de saúde, dietéticas e também novas tendências alimentares”, acrescenta a especialista em nutrição. A par da culinária é ainda muito utilizada na cosmética, integrando a lista de ingredientes de vários séruns, máscaras faciais e outros cremes, uma vez que tem um efeito regenerativo e reafirmante da pele.
De modo a manter uma dieta nutritiva e equilibrada, esta farinha é apenas uma das muitas opções que devem ser incluídas, regularmente, na alimentação. A batata, por exemplo, é útil para quem pretende eliminar o açúcar do sangue de forma natural e saudável. Já o alho-francês pode ser um importante aliado para os que desejam preservar uma aparência mais jovem e cuidada.
Caso o problema sejam as digestões difíceis, aposte nas ervilhas. Se for o sono que lhe causa dores de cabeça, os kiwis e as cerejas talvez ajudem. O pêssego, por seu lado, é um importante cúmplice na luta contra a prisão de ventre.
Se faz parte do grupo de pessoas que ainda acredita que a farinha é inimiga da dieta, carregue na galeria para conhecer as 15 variedades analisadas pela nutricionista Mafalda Rodrigues, organizadas da menos para a mais calórica e com a respetiva listagem de macronutrientes.