Leite, ovos, massa folhada, açúcar e canela — a sobremesa favorita dos turistas que visitam Portugal não foi criada para ser amiga da dieta e também não se enquadra, como a maioria dos doces tradicionais portugueses, em quem segue um regime alimentar vegan. No entanto, isso não quer dizer que não possa ser reinventada para que todos possam ceder à gula sem culpa, ou sem fugir aos seus princípios.
Este mês, vai poder aprender a fazer pastéis de nata vegan, num workshop em Lisboa. Será a 26 de abril, sábado, das 10h30 às 13h30, no Pop-Up Workshops, no Chiado.
O evento é promovido pelo projeto Greens and Nuts, ligado à culinária saudável e vegan. O workshop será guiado pela fundadora Bárbara Gomes, chef privada que se dedica à área do catering plant-based.
Ali irá aprender, passo a passo, como fazer algumas substituições para recriar este clássico da doçaria nacional numa versão completamente vegetal, mantendo o sabor e a textura semelhantes.
A iniciativa pretende dar resposta à procura cada vez maior por este tipo de opções. “Sabemos que cada vez mais pessoas procuram opções vegan e sustentáveis, e este workshop responde exatamente a essa tendência, mostrando que é possível saborear um pastel de nata incrível sem ingredientes de origem animal”, revela Bárbara, de 26 anos.
Todo o processo será feito de raiz, e, no final, vem a melhor parte: comer o pastel quentinho, acompanhado de chá ou café. Além disso, todos os participantes poderão levar para casa um livro feito pela anfitriã do dia, que descreve o passo a passo da receita.
As inscrições podem ser feitas online, com um limite de 10 vagas. O preço é de 65€ por pessoa, mas, até dia 12 de abril, há um desconto, que fica a 52€. Esta é a primeira data, mas estão já previstas mais duas: no dia 6 de junho, das 15 às 18 horas, e no dia 7 de junho, das 10h30 às 13h30.
O projeto Greens & Nuts
Foi criada em 2021, pela paixão de por Bárbara Gomes, então com 22 anos, pela comida. “Gosto de cozinhar desde que me lembro, mas com os meus 13 anos comecei a pesquisar mais. Até porque sempre adorei comer”, contou à NiT.
Licenciada em Design pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa, com 14 anos decidiu começar a adotar uma dieta vegetariana e passou a ter de fazer as suas próprias refeições. Foi a partir daí que adquiriu realmente o gosto por explorar os ingredientes e as receitas.
Durante muitos anos, foi incentivada a seguir este tipo de alimentação, uma vez que andava no Conservatório de Dança e lhe era sugerido o menor consumo de carne possível. Porém, foi apenas quando abandonou esta instituição que decidiu apostar mais em refeições vegetais.
“Foi nessa altura que começaram a sair muitos documentários e a falar do impacto ambiental do consumo de carne de vaca. Como sempre fui muito ligada à vertente da sustentabilidade e da alimentação saudável, estudei muito o assunto e percebi que não tinha necessidade de comer carne. Também não era muito consumidora de carne, sobretudo de vaca, mas decidi parar de comer. Foi super gradual. Sentia-me super bem”, revelou à NiT, acrescentando que essa fase durou até aos 18 anos.
Quatro anos depois, o corpo de Bárbara Gomes começou a dar sinais de que algo não estava bem. “Nunca tive acompanhamento médico, nem tomava qualquer tipo de suplementação, e foi aí que me deu o clique e gradualmente comecei a comer carne de frango. Tive anemia, sentia-me mesmo fraca, cansada e percebi que de facto conseguimos ter uma alimentação saudável e sustentável comendo de tudo, mas de forma moderada e equilibrada.”
Este episódio aconteceu em 2019. No ano seguinte, voltou a consumir carne, sendo a ingestão da de vaca mais pontual, pelo menos uma vez por semana. “Ajudou-me a recuperar os níveis de ferro. Mas adoro comida vegetariana, pelo que continuo com esse regime e como pontualmente carne. Peixe sempre comi”, continua.
No meio disto, surge um vírus e um confinamento. Nesse período, Bárbara decidiu mudar de vida. Despediu-se em agosto de 2020 e surgiu a ideia de explorar as receitas que até ali tinha desenvolvido e o que podia fazer com elas.
“Passo os dias a explorar contas de alimentação saudável no Instagram e pensei: ‘Já que gosto tanto, também posso fazer o mesmo e tentar inovar de alguma forma.’ Mais tarde, comecei a fotografar para depois lançar a página nesta rede social”, conta.
Assim, lançou o projeto Greens & Nuts — legumes e frutos secos são ingredientes que estão quase sempre nas suas receitas — e junta as três áreas que mais adora: design, alimentação saudável e sustentabilidade, sendo que se encontra atualmente a fazer formações sobre esta última.
Aqui, pode encontrar sobretudo receitas amigas da saúde mas com sabor. “Aposto em fotografias de pratos que acho que aparentemente não tem aquele ar aborrecido de que as pessoas estão à espera nos pratos saudáveis. Quero partilhar receitas saudáveis, com sabor e que se assemelham aos pratos normais. Mostrar que comer saudável não é comer pratos aborrecidos e sem sabor.”
Dos pequenos-almoços aos lanches, passando pelas refeições principais e, claro, sobremesas — Bárbara confessa que é uma eterna gulosa —, há propostas para todos os gostos e alturas do dia.
Porém, há outras coisas que poderá ficar a conhecer com a Greens & Nuts, como dicas de sustentabilidade, formas de comprar produtos e ir às compras com uma menor pegada ecológica, entre outros conteúdos.
