O açúcar não consiste apenas na versão mais ou menos granulada, entre o branco e o castanho, em pacotes pequenos e maiores, que normalmente compramos no supermercado ou que acompanha as várias bicas do dia. A verdade é que o açúcar é omnipresente e, infelizmente, está em todo o lado, mesmo que se mascare de xarope e caldo, para disfarçar. Quando lê a palavra frutose ou sacarose no rótulo das bolachas favoritas ou da compota de tomate que tanto aprecia e se convence que pode consumir à vontade porque não tem açúcar, está a enganar-se.
“Este nutriente enquadra-se no grupo nutricional dos hidratos de carbono ou glícidos — um dos três macronutrientes da nossa dieta”, começa por explicar Sónia Marcelo, nutricionista e autora do blogue “Dicas de uma dietista”.
Os hidratos são constituídos por açúcares (ou moléculas de glicose, se preferir) que podem ser classificados de acordo com o número de unidades de açúcar combinados entre si. Existem três grupos.
Segundo a nutricionista, quando só existe uma molécula de açúcar chamam-se monossacarídeos; duas moléculas ou mais, dissacarídeos; e quando são centenas de moléculas de açúcar tratam-se de polissacarídeos.
Também há um fator bastante importante e de que as pessoas devem estar conscientes, de acordo com Sónia. “O facto de o açúcar aparecer na posição final da lista de ingredientes não significa que o produto tenha pouco açúcar adicionado”.
Além disso, existem vários ingredientes usados durante a confeção que são nutricionalmente equivalentes ao açúcar, no entanto são apenas designados por nomes diferentes.
O melhor é mesmo tomar nota da (longa) lista de açúcares
No grupo dos açúcares puros inclui-se o açúcar amarelo, o açúcar de coco, de beterraba, de palma, de tâmara, o açúcar invertido, o açúcar mascavado, o açúcar turbinado (e não, não foi inventado pela Ana Malhoa) e o caramelo.
Mas também há outras formas de açúcar: mel, melaço, melaço de cana, melaço negro, malte de cevada, rapadura, adoçante à base de milho, caldo de cana desidratado, cana-de-açúcar, maltodextrina, sumo de fruta concentrado, sumo de fruta desidratado e goma-arábica.
Depois, ainda há os xaropes. Os xaropes de milho, de ácer, de alfarroba, de malte, de milho rico em frutose, de milho rico em glicose, de aveia, de arroz, de sorgo, e de xarope ou geleia de agave fazem parte deste grupo.
No grupo dos “ose’s”, inclui-se o dextrose, a frutose, a sacarose, a maltose, a galactose, a lactose e a glucose.
E nos açúcares álcool, isto é, os “itol’s”, há o xilitol, o eritol, o manitol e o sorbitol.
E os adoçantes naturais?
“O açúcar é a nova droga do século XXI”, diz a nutricionista. Esta substância fornece calorias vazias, de absorção rápida, causa problemas metabólicos e pode criar dependência.
Apesar dos nomes anteriores representarem açúcar, também há vários que são conhecidos como adoçantes naturais. No fundo, “são substitutos naturais ou artificiais do açúcar que dão mais sabor doce com um menor número de calorias por grama”.
Estes distinguem-se pelo valor calórico mais reduzido e por terem uma metabolização e absorção mais gradual. E isto acontece por serem mais ricos em vitaminas e minerais, bem como por terem um menor indíce glicémico. Isto é, “a absorção é mais lenta e por isso não cria picos de glicémia”.
No caso dos adoçantes naturais, a nutricionista destaca como melhores o açúcar de coco, que é extraído das flores da palma do rico e é bastante rico em potássio, magnésio, zinco e ferro e é uma fonte natural de vitamina B, e a stevia que é rica em sais minerais como o magnésio, o manganês e a vitamina B3 e é praticamente isenta em calorias.
Nesta lista, ainda se inclui o xarope de agave (que possui um baixo índice glicémico), o xarope de ácer (rico em minerais e antioxidantes), o xarope de arroz integral (rico em minerais), o xilitol (que possui menos 40 por cento de calorias do que o açúcar normal) e o entiriol (que também contém apenas 0,24 calorias por grama).
E no meio disto tudo, quais são os açúcares mais aconselháveis?
Se quiser mesmo optar pelo açúcar comum, “deve-se escolher o que é menos refinado, uma vez que vamos preservar as suas vitaminas e minerais”.
A escolha deve ser feita pela cor e pelo tamanho do grão. Ou seja, quanto mais escuro e maior for o grão de açúcar, menos processado está. E com base nesta descrição, o açúcar mascavado é o melhor e o refinado o pior.
“No entanto, não deixam de ser açúcar, de possuir o mesmo calor calórico (quatro calorias por grama) e de trazer os mesmos prejuízos à nossa saúde”, alerta a nutricionista Sónia Marcelo.
Por isso, o melhor é optar pelo açúcar mascavado, integral ou de cana que contém vitaminas (A, B1 e B2) e minerais (cálcio, magnésio, potássio e fósforo).
Porém, é preciso ter algum cuidado: “Algumas marcas vendem açúcar branco com uma leve cor torrada e isso não deixa de ser açúcar branco”.
A outra opção ideal é o mel, que é composto por frutose e glicose (açúcar não convencional). Este açúcar é rico em vitaminas B e C, minerais (cálcio, ferro, cobre, magnésio, fósforo e potássio), tem uma ação antisséptica, anti-inflamatória, antioxidante e antimicrobiana. “No entanto, deve ser usado com moderação”.