Apesar de nunca ter tido uma má relação com a comida, Rosália Costa, de 32 anos, não tem vergonha em assumir que foi sempre “muito gulosa”. Até ao dia em que começou a perceber a ligação entre a comida e a saúde mental, altura em que tomou a decisão de mudar os seus hábitos alimentares.
A alteração aconteceu em 2018, em Londres, para onde se tinha mudado para fazer um mestrado em marketing digital. “Apesar de já seguir um regime saudável e de treinar com frequência, tinha picos de ansiedade, pois passava por uma fase mais desafiante.”
Quando a fome emocional falava mais alto, “se fosse preciso, comia um pacote inteiro de bolachas de uma só vez. Foi aí que comecei a redescobrir a alimentação e como o facto de comer de forma saudável tem a capacidade de fornecer energia ao longo do dia e de nos deixar mais estáveis, sem estes picos de glicémia”.
“É possível comer muito bem sem estar a pensar num conceito de dieta ou de restrição”, defende Rosália. “É menos sobre as calorias e mais sobre a energia que a comida nos pode dar. Tenho descoberto esse equilíbrio ao longo do tempo”, confessa à NiT.
O regresso a Portugal, durante a pandemia e numa altura em que já não conseguiu voltar a Londres, ficou marcado por uma decisão chave na sua vida: fundou uma marca de chocolates saudáveis vegan, a Zesty.
Dos chocolates à alimentação plant-based
“Sempre gostei muito de doces e mesmo em Londres, onde existe tanta variedade e oferta, não conseguia encontrar um chocolate que fosse saudável e realmente delicioso”, recorda. Começou a testar algumas sobremesas em casa e foi nessa altura que surgiu a ideia de criar o próprio negócio. Em 2021, começou a produzir chocolates repletos de sabor e energia, mas ainda assim saudáveis.
“O meu propósito, tanto na Zesty, como no lançamento do novo guia sobre alimentação plant-based, é menos sobre retirar e restringir e mais sobre procurar os alimentos certos. Acredito que o equilíbrio, a moderação e a variedade são os elementos-chave para conseguir manter um regime saudável e para sermos mais felizes.”
Rosália deixou de comer carne e peixe quando ainda morava em Londres, passando a apostar nas frutas, legumes, leguminosas e cereais. Contudo, é a primeira a assumir que fez tudo de forma errada. “Não procurei uma nutricionista, substituía a carne por alternativas processadas e não equilibrava o meu prato nutricionalmente.”
Um erro que a levou a procurar ajuda para aprender a diversificar o que comia, a incluir feijão e lentilhas “para criar receitas deliciosas e equilibradas”, consoante as suas necessidades nutricionais.
E foi para ajudar outras pessoas a não cometer os mesmos erros que surgiu a ideia de lançar um guia para uma alimentação plant-based. “Chegar a casa e não ter imaginação, não saber o que cozinhar é algo que nos acontece a todos. Ainda para mais quando se está mudar o regime alimentar, e ainda existe a formatação para orientar a refeição para carne, arroz e legumes. Pode tornar-se desafiante repensar tudo”, assume.
Além dos menus semanais, o guia inclui o próprio método de Rosália: “Quando já temos as bases criadas, as ideias do que queremos fazer e as leguminosas preparadas, chegamos a casa e é fácil criar um prato. Deixa de existir a desculpa da falta de tempo”.
O guia, que já está disponível online, tem um custo de 24€. As mais de 100 páginas estão divididas entre uma parte teórica, onde se explica o que é uma alimentação plant-based, como preparar os cereais ou a ler os rótulos, e outra mais prática. É aqui que podem ser encontradas mais de 30 receitas para três semanas, bem como uma lista de compras, o “método de organização non-stop” que segue em casa e três menus semanais.
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