Alimentação Saudável

Sim, beber chá de matcha pode ser perigoso para a saúde

O chá melhora o humor, é anti-inflamatório e deixa a pele mais bonita, mas pode dar origem a um problema grave.

A matcha está na moda. Isso é um facto. Apesar de ser uma bebida milenar, tem sido um enorme sucesso sobretudo nos últimos anos entre os portugueses que querem boosts de energia sem terem de recorrer ao café tradicional. Mas a verdade é que, apesar das vantagens nutritivas, esta bebida tem uma particularidade menos falada: dificulta a absorção do ferro.

Esta bebida é produzida a partir das folhas mais jovens da Camellia sinensis, e cultivada à sombra, o que aumenta a produção de clorofila, responsável pela sua cor verde intensa. O método de produção torna-a poderosa nutricionalmente, devido à presença de catequinas, que têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

Graças à presença de teína, um composto semelhante à cafeína, este preparado aumenta a energia e a resistência. Acelera também o metabolismo, devido às catequinas (fitonutrientes antioxidantes), contribui para a regulação dos níveis de açúcar no sangue e promove a perda de peso no contexto de uma alimentação equilibrada, explicou à NiT Gonçalo Botelho, especialista em medicina preventiva e funcional.

A matcha ajuda ainda na prevenção de cancro e envelhecimento precoce, reforçando o sistema imunitário, protegendo o fígado e o sistema cardiovascular e melhorando a saúde da pele. Além de tudo isso, a presença de L-teanina, um aminoácido que influencia o humor, contribui para reduzir a ansiedade e a insónia, promovendo o relaxamento e melhorando a saúde mental e a capacidade cognitiva.

Porém, existe um lado negro da bebida e que tem passado despercebido à maioria dos seus consumidores.

A nutricionista Lia Faria explica à NiT que o chá “pode interferir na absorção de ferro, devido à presença de catequinas e taninos”. Estas substâncias são antioxidantes naturais das plantas, que ao entrarem no corpo ligam-se às moléculas do ferro “não-heme”, ou seja, proveniente de fontes vegetais, e dificultam a sua absorção pelo organismo.

Esta inibição “pode contribuir para o desenvolvimento de anemia por deficiência do ferro”, alerta a profissional. A condição acontece quando “o número de glóbulos vermelhos ou a concentração de hemoglobina no sangue é inferior ao normal”.

A hemoglobina é essencial para o transporte de oxigénio aos tecidos do corpo, pelo que a sua falta pode provocar fadiga, fraqueza, tonturas e falta de ar. A profissional salienta que este risco é agravado em pessoas vegetarianas ou veganas, em que as principais fontes de ferro na alimentação é não-heme. Nestes casos, “é importante espaçar o consumo da comida da ingestão da matcha”, aconselha.

Apesar deste facto, não é necessário eliminar o chá da dieta. É, no entanto, “aconselhável moderar a sua ingestão e evitar consumi-lo simultaneamente com refeições ricas em ferro”, recomendando-se esperar “pelo menos uma hora após comer para minimizar a interferência”.