Alimentação Saudável

Seitan: será o “bife de glúten” dos vegans e vegetarianos assim tão saudável?

É uma das alternativas mais populares à proteína animal, mas muitos não a conhecem. A nutricionista Mariana Abecasis esclarece.
Existem várias receitas com este substituto.

Não é só uma moda, é um estilo de vida. Os vegetarianos ou vegans seguem dietas específicas, mas baseadas nos mesmos princípios: o respeito pelos animais e pelo equilíbrio do planeta. E existem cada vez mais pessoas a fazê-lo. Mesmo aquelas que não gostam de ser rotuladas como sendo isto, ou aquilo, já começaram a alterar as suas opções alimentares.

Muitas pessoas têm optado por reduzir o consumo de carne e peixe, seja por motivos de saúde e bem-estar, questões éticas ou ambientais. Outros fazem-no simplesmente por gosto. A redução ou exclusão do consumo de produtos de origem animal aumentou, mas sejamos sinceros: não é fácil deixar de comer um bitoque, um tradicional cozido à portuguesa ou um peixe grelhado.

No entanto, “uma dieta vegetariana bem planeada pode satisfazer as necessidades nutricionais de qualquer pessoa”, explica Joana André, nutricionista do Holmes Places, à NiT. E, ao contrário do que muitos pensam, “pode ser adaptada às diferentes fases da vida — como a infância, a adolescência e a gravidez — e também a atletas e idosos”, realça.

“Segundo o investigador Marco Springmann, se o mundo se tornasse vegetariano até 2050, as emissões relacionadas com a produção alimentar decresceriam 60 por cento, sobretudo devido à eliminação de carne vermelha. Hipoteticamente, se todos fossemos vegan, as emissões reduziriam 70 por cento. Mais: seriam evitadas sete ou oito milhões de mortes por ano, respetivamente. Estas dietas poderiam ainda trazer uma redução dos custos globais de saúde em cerca de mil milhões por ano”, acrescenta a especialista em nutrição.

As dietas vegetariana e vegan têm imensas as vantagens, mas também suscitam imensas questões. Deixando de comer carne e peixe, como deve ser a nossa alimentação? Muitas vezes a resposta aponta para as leguminosas com maior teor de proteína, como o feijão, o grão-de-bico e as lentilhas. Outros optam por alternativas vegetais que se assemelham à carne, tais como o seitan.

Feito a partir de uma mistura de água e farinha branca, o seitan é um alimento processado que precisa de ficar de molho durante várias horas — o objetivo é deixar sair todo o amido e ficar apenas a parte rica em proteínas. No final, após um longo período de espera, é cozido em água, tamari (molho de soja), raiz de gengibre e alga kombu. Versátil, pode ser usado em diferentes receitas.

Os bifes de seitan.

A sua origem remonta à China antiga, começou a ser produzido por monges budistas no século VI. Consumido no Oriente desde então, os seus benefícios rapidamente chegaram aos ouvidos do Ocidente. Tornou-se um alimento base e essencial nas dietas vegetarianas e vegan, mas até que ponto será saudável?

“Assim como o tofu e o tempeh, o seitan apresenta-se como uma das principais alternativas à carne e ao peixe, especialmente em dietas vegetarianas e vegan. É até considerado a carne vegetal derivada do glúten“, começa por explicar à NiT a nutricionista Mariana Abecasis.

É um ingrediente conhecido por ser de difícil absorção pelo organismo. Tanto que uma das maiores dúvidas é se o consumo de seitan pode ser prejudicial ou não para a saúde. A resposta será sempre uma: não, desde que consumido com moderação”, garante.

Ainda assim, a especialista em nutrição acrescenta que, por ser constituído essencialmente por proteína de trigo — ou seja, o glúten — não deve ser consumido por doentes celíacos ou para pessoas com sensibilidade a esta substância. “Quem tem problemas intestinais, síndrome do intestino irritável, problemas como autismo e algumas doenças autoimunes deve igualmente limitar o consumo deste alimento”, frisa.

Contudo, isto não quer dizer que o chamado “bife de glúten” deva ser evitado por quem não sofre destas condições. Pelo contrário. “É rico em proteínas, vitaminas e minerais, possui um teor reduzido de gordura, não contém gorduras saturadas, nem colesterol.”

Por cada 100 gramas de seitan estará a ingerir 130 calorias, 1,5 gramas de gordura, duas a três de hidratos de carbono e, aproximadamente, 22 gramas de proteína. “É uma boa opção para incluir numa alimentação equilibrada e variada. Além de ser rico em proteína, também é uma boa fonte de ferro e zinco”, assegura Mariana Abecasis.

Reduzir o consumo de carne não significa que terá de deixar de comer comida de conforto, de experimentar novos sabores nem de fugir das refeições de fácil digestão.

Carregue na galeria e descubra algumas receitas sem proteína de origem animal que pode fazer.

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