À media que a fileira de adeptos de um estilo de vida saudável vai engrossando, multiplicam-se os debates sobre o vegetarianismo. Será que é assim tão saudável? A dieta vegetariana inclui todos os nutrientes necessários ao organismo? Os vegetarianos passam fome? E quando os preceitos deste regime alimentar se juntam aos cuidados a ter como a alimentação que quem sofre de diabetes deve ter, os argumentos contra e a favor acabam por gerar ainda mais controvérsia.
A NiT foi à procura de respostas junto da nutricionista Rafaela Teixeira que nos explicou que a dieta vegetariana, quando é seguida de forma completa e equilibrada, parece apresentar vários benefícios para a saúde. Incluindo para quem sofre de patologias correlacionadas com a alimentação de cada um.
Os diabetes tipo 2 representam 90 por centos dos casos da doença em todo o mundo (quase 400 milhões de adultos). É uma condição adquirida que resulta do estilo de vida aliado a causas genéticas. Alterando os hábitos pode-se prevenir ou retardar o seu desenvolvimento e as complicações que vão aparecendo na sequência do diagnóstico.
Segundo Rafaela Teixeira, a dieta vegetariana pode ajudar neste contexto, já que, por norma, “tem um menor teor de gordura saturada, baixa densidade energética e carga glicémica e inclui elevados teores de fibra, antioxidantes e nutrientes que auxiliam a equilibrar a sensibilidade à insulina e no controlo da glicemia”. Além disso, ajuda também a manter um peso saudável.
Durante muito tempo foram recomendados planos alimentares baixos em hidratos de carbono como tratamento da diabetes. Não obstante, os regimes vegetarianos e plant-based, que podem ter maior teor de hidratos de carbono, têm-se mostrado cada vez mais eficazes no controlo e remissão da doença. “Na minha opinião, dietas demasiado restritivas com ausência de alimentos ricos em hidratos de carbono (sem cereais integrais, sem leguminosas, sem determinados legumes e até mesmo sem grande parte das frutas) não são benéficas”, frisa a especialista em nutrição.
Não basta, contudo, deixar de comer carne e peixe de um dia para o outro. A conjugação de alimentos é crucial. Isto é, não se pode simplesmente deixar de ingerir proteínas de origem animal. Estas devem ser substituídas na dieta, de modo que continue a existir uma ingestão equilibrada dos vários nutrientes. Quando o objetivo é controlar a diabetes tipo 2, as refeições devem incluir ingredientes com baixa carga glicémica, bom teor de fibra e com gorduras insaturadas. “Ao privilegiarmos estes alimentos estamos a diminuir o consumo de gordura saturada e açúcar que pioram o quadro da diabetes tipo 2”, explica a nutricionista.
Para quem está ou tenciona iniciar a transição para uma alimentação vegetariana, uma das fontes primordiais de proteína devem ser as leguminosas. Grão-de-bico, feijão, tremoço, fava, lentilhas e ervilhas são bons substitutos da carne e do peixe. Se, porém, optar por continuar a comer alimentos ultraprocessados, ainda que vegetarianos, como hambúrgueres ou almôndegas plant-based, ou a petiscar bolachas cheias de açúcar, “os benefícios da alimentação vegetariana são perdidos”, destaca Rafaela Teixeira.
Portanto, podemos concluir que sim, a dieta vegetariana melhora a diabetes, mas apenas se evitar as propostas industrializadas ricas em gorduras trans, sal e açúcar e optar por consumir alimentos de elevado valor nutricional.
Não significa isto que uma pessoa com diabetes tipo 2 tenha de eliminar por completo as proteínas de origem animal da dieta. Pode, por exemplo, diminuir o seu consumo, sem que tenha que introduzir alterações drásticas ao seu regime alimentar. Independentemente de adotar uma alimentação ser vegetariana ou flexitariana, a prevenção, controlo e tratamento da diabetes tipo 2, requer a prática habitual de atividade física, acrescenta a nutricionista.
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