No dia 11 de maio, num campeonato de fisioculturismo na Florida, nos Estados Unidos, Andrew Bostinto subiu ao palco e foi avaliado como qualquer outro atleta. Participou, foi classificado — e saiu de lá com um título oficial: é agora o bodybuilder mais velho de sempre em competição ativa, com o reconhecimento do Guinness World Records. Tem 100 anos, treina todos os dias e não parece ter planos para parar.
Antes dele, o título pertencia a Jim Arrington, que o conquistou com 90 anos. Bostinto bateu esse registo com uma década inteira de diferença.
Mas este atleta não apareceu de repente. A sua vida é uma sucessão de capítulos improváveis. Cresceu em Manhattan, Nova Iorque, onde começou a treinar com 12 anos em parques públicos. Lutou na Segunda Guerra Mundial e, depois disso, manteve-se fiel a um estilo de vida que escolheu cedo: levantamento de pesos, treino disciplinado e nada de atalhos.
Foi isso que o levou a fundar, em 1979, a National Gym Association (NGA), organização dedicada ao culturismo natural — livre de substâncias dopantes, como sempre defendeu.
Competiu durante décadas, ganhou títulos como Senior Mr. America, em 1977 (num Madison Square Garden esgotado), abriu o seu próprio ginásio em Queens, ensinou na universidade e treinou celebridades, como Al Pacino. É também conhecido por ter sido mentor e amigo de Arnold Schwarzenegger, quando o ator chegou aos Estados Unidos sem falar inglês e sem carreira.
Francine Bostinto, mulher e presidente da NGA, acompanha-o há mais de 40 anos e continua a ser uma das maiores defensoras da rotina do marido.
Segundo ela, Bastinto treina todos os dias: acorda, caminha numa passadeira, faz exercícios de resistência e volta a repetir no dia seguinte. Não há planos mirabolantes nem superalimentos raros. A alimentação é simples e o foco é constante.
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Na competição onde bateu o recorde, Bastinto subiu ao palco para participar oficialmente — não como convidado nem para receber uma homenagem, mas como atleta. Inscreveu-se na categoria “men’s physique”, onde os critérios incluem simetria, definição muscular e presença.
O Guinness exige que, para validar o título, o atleta participe numa competição oficial, com avaliação técnica. Bostinto cumpriu todos os requisitos. O recorde foi homologado no próprio dia, com a confirmação oficial feita pela organização dias depois.
Quem o viu ao vivo destacou mais do que a idade: a postura, a energia e a forma física. O contraste com os outros competidores não foi tão gritante quanto se imaginava. Bostinto não se apresentou como um veterano a mostrar vitalidade, mas como um bodybuilder a competir.
Apesar da visibilidade recente, continua com a mesma rotina. Treina cinco vezes por semana, vai ao ginásio sozinho, conversa com colegas e dá conselhos a atletas mais novos. Continua também a gerir a NGA com a mulher, a participar em eventos, e a manter o estilo de vida que construiu ao longo de muitas décadas de prática.
Com este título, Andrew Bostinto continuou a fazer o que já fazia: treinar, competir e manter-se presente. Desta vez, a idade veio com um certificado.
