“Não sejas morcona”, atira Felisberto Pereira num dos muitos vídeos que partilha nas redes sociais. “Morcão” pode ser tomado como adjetivo depreciativo que significa “quem é preguiçoso ou sem iniciativa” ou ainda “quem denota falta de inteligência”. Por outras palavras, um banana, mandrião, idiota ou imbecil, assim dita o dicionário. Para Felisberto Pereira, trata-se apenas de uma expressão que é hoje a sua imagem de marca — e que o ajudou a conquistar os 225 mil seguidores no Instagram.
Tem 28 anos, o personal trainer que tem vindo a desmascarar muitas das problemáticas que dominam o universo dos ginásios e que, com um toque minhoto e humorístico, mostra que “o exercício físico não tem de ser chato”. “As curls de bíceps são dos melhores exercícios, não só para treinares os teus bracinhos, mas, infelizmente, também esse teu ego pá”, comenta noutro vídeo de sucesso.
A viralidade demorou a chegar. “Fui crescendo aos poucos nos primeiros dois anos e em janeiro de 2023 é que a conta começou a rebentar completamente — só de novembro a janeiro ganhei cerca de 160 mil seguidores”.
A principal motivação — e sucesso — parte da vontade em tentar ajudar. Felisberto encontra muitas pessoas “completamente perdidas”, sem perceber como funciona esta ou aquela máquina e que postura adotar quando se faz um agachamento ou flexão. “A indústria dos ginásios foca-se muito em faturar ao máximo e esquece-se das pessoas. A maior parte não tem noção de como se fazem os exercícios e é aí que também tento atuar com as minhas partilhas”, conta.
Licenciado em Educação Física e Desporto e mestre em Atividade e Física e Saúde, o jovem começou um caminho digital que nunca sonhava alcançar. A ideia materializou-se “exatamente no dia 1 de janeiro de 2021, mas era uma ambição já há muito tempo”, revela. “Como estava a apanhar uma seca com a pandemia, decidi finalmente fazê-lo.”
Apesar de o tédio ter sido uma das forças motrizes, o PT explica que o principal objetivo passava mesmo por ajudar mais pessoas. “Naquela fase havia muita gente a treinar em casa, mas também havia muita desinformação. Então quis ajudar nesse sentido, sobretudo numa fase difícil.”
Felisberto tenta explicar os factos de forma simples, com um tom brincalhão. Isto porque o próprio sabe o que é começar no lado errado do fitness, com inseguranças e noções de “estar em forma” algo duvidosas.
“Eu cometi o erro do tudo ou nada. Tentei cortar ao máximo, comecei a treinar excessivamente e isso leva-nos a ficar obcecados com a nossa imagem”. Agora, com outra maturidade e conhecimento, consegue “transmitir conteúdos relacionados também com a saúde mental”, um assunto fundamental que não descura.
Não se revê no título de “influencer” e relega as parcerias com marcas. Como já mencionou várias vezes, ao longo do seu percurso, quer apenas “educar” e orgulha-se em dizer que todo o dinheiro que ganha é feito através dessa mesma missão.
Sobre os planos futuros, admite começar a desenvolver ainda mais conteúdo em várias plataformas. “Especialmente num momento em que quero depender apenas da ajuda que dou a nível presencial. Quero ajudar de uma forma mais escalada.”
Mas afinal, de onde vem a expressão que lhe dá a fama? Ao que parece, não foi por acaso. “A minha família é do Minho, então já era normal isto acontecer. Queria algo que chamasse a atenção, mas que também tivesse identidade — senti que era a escolha acertada. Acho que agora até o digo mais do que antes”, conclui.
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