As redes sociais vieram acrescentar um sem número de tendências novas. Algumas vêm e vão rapidamente. Outras começam a ganhar alguma atenção especial. É o caso das hashtag #75Hard, que já se começou a popularizar.
Em que consiste? Numa abordagem física e mental, em que o tal 75 é uma linha temporal: são 75 dias consecutivos de consistência. Em termos de dieta, não há orientação alguma em especial. A pessoa pode seguir o regime que mais lhe convier, desde que o escolha com o intuito de melhorar fisicamente.
Já a nível de exercício, há a obrigatoriedade de pelo menos dois treinos intensos de 45 minutos por semana, um deles outdoor. Aqui também há margem de escolha: pode ser corrida, no ginásio, Pilates, o que for. Mas é necessário manter a tal consistência. Outra coisa importante é beber quatro litros de água por dia.
Dito assim, até pode parecer relativamente fácil, mas o critério é este: se ao 74.º dia, houver uma semana em que não cumpriu um dos treinos mínimos, ou tiver havido uma refeição batoteira que fosse (e basta comer um chocolate calórico após uma refeição para estragar as contas), é preciso voltar atrás. Para começar tudo de novo, desde o dia 1.
Como dá conta a australiana “Men’s Health”, esta tendência tem atraído uma atenção quase de culto, com seguidores a darem conta online dos seus dias. Curiosamente, não é um negócio. Não há fidelização nenhuma, nem inscrições nem nada que tenha de comprar para se juntar. É só cumprir e ir partilhando.
O mentor da ideia é Andy Frisella, empresário de 35 anos, fanático do fitness e há já alguns anos autor de um podcast que junta as duas áreas, o Real AF. Há também uma app para iPhone e Android para quem quiser seguir sugestões mais à risca. O objetivo é que as pessoas tomem o “controlo total das suas vidas.”
Quem o explica é o próprio Frisella. Oriundo de uma família pobre do estado rural do Missouri, Frisella. O próprio costuma contar que na escola estava longe de ser um bom aluno, exceto quando o assunto lhe interessava. “Os meus colegas e até os meus professores achavam que era burro”. O desporto foi uma paixão que teve desde cedo, tentou ser profissional de futebol americano mas acabou por ser como empresário que se destacou.
Começou com um negócio de suplementos com um amigo. Mais de 15 anos depois, é um caso especial de sucesso a partir das redes sociais. Em 2017, a “Forbes” revelava como a partir das redes sociais montara o seu império, atingindo vendas anuais de cem milhões de dólares.
“A verdade é que nem toda a gente está pronta para o 75Hard”, admite o próprio. “Posso mostrar-vos os pesos mas terão de ser vocês a levantá-los. Posso mostrar-vos a montanha mas terão de ser vocês a subi-la. Estou aqui para guiar-vos mas terão de ser vocês a consegui-lo.”
No Instagram, onde tem perto de dois milhões de seguidores, Frisella costuma revelar um pouco do seu lado mais extravagante, mas também um pouco de quem era há poucos anos e como se moldou fisicamente. Está lá a história de como ele próprio cumpriu o 75Hard. Os seus textos são sempre no espírito de que o sucesso começa na forma como se trabalha em casa. Os 75 dias são essa referência.
A ideia é que quem os cumpra não precisará de, ao 76.º dia, voltar a cometer os excessos e descuidos que cometia três meses antes. Já terá passado a tal barreira de fortalecimento mental e físico.
No que a moda diz respeito, é natural que entre os seguidores surjam certezas sobre a eficácia do programa. Os especialistas, no entanto, têm destacado que o programa de Frisella carece de um lado mais individual. As redes sociais, aliás, têm sido pródigas em modas que nem sempre têm suporte científico, como notava o nutricionista Pedro Carvalho numa recente conversa com a NiT.
Afinal de contas, pode haver linhas gerais orientadoras mas a eficácia de uma dieta ou programa de treino depende também da forma como a pessoa se adapta a ele e vice-versa.
Além do mais, o tal regime rígido de, à primeira falha, uma pessoa ter de começar tudo de início, é uma forma perfecionista de abordar algo tão pessoal. Seja como for, a filosofia 75 Hard está aí. E tal como Frisella, parece ter vindo para ficar.