O mundo dos suplementos continua a crescer e é natural que cause alguma confusão. Há casos em que são promovidos online para mais benefícios do que aqueles que a ciência consegue provar. Noutros acontece o contrário: há mais desconfiança do que se calhar é necessário.
A creatina é dos suplementos alimentares que existe há mais tempo e tem visto a sua fama ir mudando aos poucos. Já foi associado exclusivamente a quem queria ganhar músculo ou competir. Mas também já foi associado a problemas, nomeadamente renais e de calvície. Será assim?
Antes de mais importa explicar de que falamos. A creatina não é algo que tenha surgido do nada. É algo que encontramos principalmente quando comemos peixes ou carnes.
A creatina é uma molécula produzida no nosso organismo a partir de aminoácidos. O seu principal papel é na produção de energia e é verdade que no nosso organismo é principalmente nos músculos que a encontramos, embora possa haver uma parte muito menor nos rins ou até no cérebro.
Não é acaso ter sido como ajuda à prática desportiva que começou a ser destacada. Não estamos a falar de nenhuma “poção mágica” ao estilo das histórias de “Astérix e Obélix” — aliás,até pode ser tomada após o treino. Mas a creatina pode dar de facto um pouco de “combustível extra, permitindo o exercício por mais tempo e com mais intensidade”, como já notara o “Healthline”.
O nutricionista Pedro Carvalho tem sido uma das vozes que em Portugal tem procurado desmistificar alguma da desconfiança em torno deste suplemento. “É importante perder o medo dela até porque a comemos todos os dias nos produtos de origem animal e a produzimos endogenamente”, podemos ler no livro que lançou este ano, “Os Novos Mitos que Comemos”.
Debruçando-se sobre os diversos estudos que têm surgido ao longo dos anos, o nutricionista desvaloriza a ideia de que tem impacto nas funções renais e na potencial perda de cabelo.
Na verdade, é entre os benefícios que nos últimos anos se tem vindo a descobrir mais. O lado da performance desportiva era já ponto assente o que não quer dizer que a creatina seja só para atletas ou quem queria reforçar um treino muscular já habitualmente exigente.
Uma análise levada a cabo em 2018, que se debruçava sobre diferentes estudos, sugeria que a creatina “pode melhorar a memória de curto prazo e o raciocínio” em pessoas saudáveis. Admitia-se também potenciais benefícios para pessoas mais idosos ou em fases de maior stress.
Mesmo no que o estudo não abordava, ou onde não encontrara novidades, os mesmos investigadores realçavam indicadores positivos: “visto que a creatina é segura, estudos futuros devem incluir amostras maiores. É imperativo que a creatina seja testada em pacientes com demências ou deficiência cognitiva”, escreveram. Numa outra análise, de 2016, realçavam-se benefícios para a população idosa em termos de massa e força muscular e admitia-se até que poderia ter impacto positivo na saúde óssea.
Os benefícios existem mas claro que o excesso traz problemas. Neste aspeto, o que tem sido destacado é a retenção de líquidos. No mesmo livro, Pedro Carvalho explica que isto não é problemático: os benefícios podem ser conseguidos com quantidades pequenas (por exemplo 3 a 5 gramas no espaço de um mês).
Com o verão a aproximar-se do fim, há quem esteja a preparar o regresso aos treinos e ginásios. Sara Corona, PT da FITTEJO, explicou à NiT quais são os erros mais comuns que cometemos a seguir ao treino. Há sete que destaca. Carregue na galeria para os descobrir.