Na hora de treinar, o tempo pode ser uma grande condicionante. E é natural que quem tenha pouco tempo disponível o queira fazer render ao máximo. Mas qual será a melhor estratégia. Mas há mais fatores a ter em conta.
A NiT contou com a ajuda de Adriana Alves, PT da FITTEJO e licenciada em desporto e educação física, para tentar perceber o que pode funcionar. Eis os dois cenários: tenho 40 minutos disponíveis. Escolhendo exercícios semelhantes, é preferível dedicar-me a um treino de 40 minutos seguidos logo pela manhã, ou dividir isto em duas parcelas, de 20 minutos de manhã e outros 20 minutos ao final do dia?
“Quando se fala em perder massa gorda, existem pessoas que acreditam que, ao realizar treinos bidiários, terão mais benefícios na perda da mesma”, reconhece a PT. “A pergunta ‘terei melhor resultados se dividir o treino em duas sessões diárias?’ é mesmo uma das que mais ouço no ginásio”, acrescenta.
“Depende do objetivo de cada pessoa”, ajuda a responder. “Este é um dos aspetos mais importantes para conseguir estruturar o treino da melhor forma e maximizar os resultados. Perder massa gorda é um dos objetivos com que muita gente se depara. Com isto não estamos a falar em baixar o número da balança, mas sim baixar uma percentagem de gordura má”, acrescenta Adriana Alves.
“O ganho de massa muscular e a perda de massa gorda”, por exemplo, “são objetivos diferentes e têm de ter uma estrutura diferente. Podemos usar o treino de força para potenciar a perda de massa gorda. Ao usar este treino de força, vamos fazer com que haja um aumento da taxa metabólica basal e, consequentemente, aumente o gasto energético”. Tudo isto “nunca esquecendo da parte nutricional.”
“Existem cada vez mais estudos que comprovam que realizar treinos de curta duração e de alta intensidade traz mais benefícios na perca de massa gorda. Com certeza já ouviram falar do treino intervalado ou HIIT, sendo esse um dos muitos exemplos de treinos intensos. Com isto, realizar algo curto como 20, 30 ou 40 minutos contínuos de treino será o indicado”, sugere.
Em certos aspetos, o melhor mesmo é não ser rígido. “No que toca ao ganho de massa muscular, se a pessoa não conseguir realizar o treino completo e tiver de dividir o treino em duas partes, então é preferível que faça o treino cardiovascular pela manhã e, ao final do dia, faça o treino de força”, acrescenta.
Além do objetivo, será importante perceber o tipo de tempo disponível. Dessa maneira pode-se orientar logo de início o que se quer trabalhar melhor. Mas há outras nuances a ter em conta, daquelas com que os PT muitas vezes se confrontam.
“Um dos pontos importantes e que, muitas vezes é pouco valorizado, é o estado psicológico da pessoa. Como sabemos, muitas pessoas que nos aparecem no ginásio pela primeira vez são sedentárias. E para elas começar a realizar algum tipo de exercício é algo desafiante e até assustador”, realça.
“Realizar 40 minutos de treino, pode ser algo simples e básico para algumas pessoas, mas para muitas outras não. Na visão delas, poderá ser um tempo de treino impossível de alcançar e, com este sentimento, vem a desmotivação e a desistência de um objetivo”. Este é um daqueles casos em que dividir o treino por parcelas poderá ajudar.
Na perspetiva da PT, no limite até podia haver casos que podia ser viável outras parcelas, como quatro blocos diferentes de dez minutos. “Ouvir o cliente e perceber as necessidades é algo fundamental”. O importante são os objetivos a médio longo prazo, que vão permitir, mais do que atingir um determinado peso, ajudar “a criar uma rotina saudável em alguém que nunca o teve”. E isso faz-se “step by step”, finaliza a PT.