Nos últimos dias, uma dos palavras que mais tem dado que falar Internet é Peloton. Talvez não soubesse do que se tratava, mas após a estreia de “And Just Like That…”, no dia 9 de dezembro na HBO Portugal todos ficámos a conhecer esta bicicleta ergométrica. Esteve envolvida no momento mais chocante do reboot de “O Sexo e a Cidade”, que envolveu Mr. Big, o companheiro de Carrie Bradshaw, a personagem principal. A série acompanhou a vida de muitos jovens adultos no final dos anos 90 e início dos 2000 é uma das mais conhecidas do mundo. O quarteto feminino de protagonistas mais famoso de Nova Iorque ainda não caiu no esquecimento — e ninguém quer que isso aconteça.
Os dois primeiros episódios já disponíveis desta nova série foram suficientes para surpreender os fãs. Mr. Big, a icónica personagem interpretada por Chris Noth, sofreu um ataque cardíaco e morreu. Um incidente cujo impacto saltou do mundo da ficção para a vida real.
Além do descontentamento dos fãs, quem também não achou piada à morte no ecrã foi a empresa norte-americana Peloton, que viu a sua cotação em bolsa sofrer uma quebra nos dias seguintes à emissão do primeiro episódio da minissérie. Logo na quinta-feira, 9 de dezembro, as ações desvalorizaram um total de 11,3 por cento, o que representa o pior valor registado nos últimos 19 meses.
As bicicletas da Peloton — criada em 2012 através de crowdfunding — assemelham-se a bicicletas de spinning, com a particularidade de estarem ligadas à Internet e virem acompanhadas de um ecrã. Este visor permite participar em aulas online, através de um programa de subscrição que fez com que a empresa se tornasse conhecida como a “Netflix do fitness”.
A empresa é um caso de sucesso estrondoso nos Estados Unidos apesar do preço elevado das bicicletas, cujos preços começam nos 1.400€. Já o acesso à aplicação e às aulas online custa quase 35€ por mês. Se optar por não participar no serviço de streaming, só tem acesso a três aulas.
As bicicletas ergométricas
Peloton (ou pelotão, em português) é o grupo de ciclistas que se mantêm próximos uns dos outros durante uma corrida de bicicleta. Muito do entusiasmo desta empresa multimilionária deve-se aos 12 instrutores de ciclismo que dão as aulas através da plataforma — e sem os quais haveria pouca motivação para pedalar. Este é, em última análise, o ingrediente secreto da empresa, e pode ser difícil para os seus concorrentes o replicarem.
As Peloton vêm com um grande ecrã ligado ao guiador para que os utilizadores possam ter aulas de ciclismo em direto e que são transmitidas a partir do estúdio de ciclismo da marca em Nova Iorque, ou escolher entre milhares de outras aulas disponíveis no arquivo. Uma vez ligados os auscultadores e encaixados os pés nos pedais, parece mesmo que está a pedalar numa bicicleta normal.
Conseguem recriar a energia, a ligação e a competitividade de uma aula de cycling ao vivo. Em casa, na bicicleta, o ecrã é grande, e o instrutor está à frente e ao centro, muitas vezes a olhar diretamente para a câmara e chamando pelo nome dos ciclistas que atingem determinadas etapas, como a sua centésima aula.
Além disso, é possível ver as silhuetas dos ciclistas no estúdio, nos espelhos atrás do instrutor. Métricas como velocidade, calorias, produção e quilometragem, tudo se desloca continuamente no ecrã e a tabela das classificações que aparece num dos lados mostra-lhe como se está a sair em comparação com todos os outros. Uma das vantagens desta bicicleta é que altera automaticamente a cadência e a resistência ao ritmo ditado pelo instrutor — ou seja, não tem de os alterar manualmente.
A Peloton tem sempre aulas variadas: 12 instrutores gravam aulas cerca de oito a 12 vezes por semana, em frente a um grupo de ciclistas num estúdio de Nova Iorque. É também por esta razão que as aulas a que se assiste em casa conseguem recriar o ambiente do ginásio e fá-lo sentir como se estivesse lá.
Tanto novas startups como antigas empresas do fitness têm observado de perto o sucesso da Peloton e querem fazer parte deste mercado de entusiastas do exercício físico. Embora a marca se tenha chamado a si próprio a “Netflix do fitness”, as novas startups que pretendem replicar este modelo intitulam-se agora de “Peloton do [inserir tipo de exercício aqui]”. Já existem equipamentos para praticar remo, boxe ou até cardio.
A modalidade já conquistou vários famosos, como Joe Jonas, Pitbull, Roger Federer e até Michael Phelps, e até é possível fazer uma aula com eles. O mais recente anúncio da marca é precisamente com o Mr. Big e pretende combater a quebra nas ações por causa do episódio da série que estreou na passada quinta-feira, 9 de dezembro. Leia também a crónica da NiT sobre a estreia de “And Just Like That…”.