Ginásios e outdoor

Alpinista nepalês bate recorde mundial ao subir o Everest pela 30.ª vez

Kami Rita tem mais de 30 anos de experiência. Tornou-se na pessoa que mais vezes chegou ao cume da montanha mais alta do planeta.
O alpinista tem 54 anos.

A 22 de maio, quando o relógio marcava 7h49, o alpinista nepalês Kami Rita quebrou mais um recorde mundial. O “Homem do Everest”, como também é conhecido, subiu ao cume da montanha mais alta do mundo pela 30.ª vez. Rita percorreu a tradicional rota da cordilheira sudeste e ultrapassou um marco histórico que já lhe pertencia — o maior número de subidas realizadas pela mesma pessoa.

O guia de 54 anos não só superou este feito, como o fez apenas dez dias após ter subido ao topo do Everest, segundo o relato de Khim Lal Gautam, um funcionário que estava no acampamento base na passada quarta-feira, 22 de maio. Rita conseguiu algo pouco comum, uma vez que é muito raro que alguém o faça várias vezes consecutivas, ainda para mais num espaço de tempo tão curto.

“Esta jornada tem sido uma prova do poder do trabalho em equipa e da minha dedicação e paixão. Estou ansioso para partilhar mais aventuras com todos vocês.  Estão a caminho mais vislumbres épicos da minha jornada até o topo”, escreveu na sua página de Instagram para assinalar este marco.

As subidas não são novidade para Rita. Em 2019, conseguiu chegar ao cume duas vezes em apenas seis dias e, em 2023, escalou o Everest mais duas vezes. Entre as escaladas, Pasang Dawa Sherpa, também outro guia de montanha, igualou o seu feito. Kami Rita olhou para a conquista de Sherpa com naturalidade, afirmando que “não faz nada além de trabalhar” e que o seu objetivo não é estabelecer novas marcas mundiais.

“Estou feliz com este recorde, mas os recordes acabam por ser quebrados. O facto de as minhas escaladas estarem a ajudar o Nepal [que alberga oito das dez montanhas mais altas do planeta] a ser reconhecido no mundo deixa-me ainda mais feliz”, disse após chegar ao cume do Everest pela 29.ª vez, a 12 de maio.

O guia de montanha já tem mais de 30 anos de experiência, tendo subido pela primeira vez ao famoso cume em 1994. Daí em diante, escalou-o quase todos os anos, levando clientes nas várias expedições que faz para a empresa Seven Summit Treks, de Katmandu, a capital nepalesa.

Kami Rita nasceu em 1970, em Thame, uma cidade dos Himalaias conhecida pelos seus alpinistas experientes. É da etnia sherpa, um dos grupos nativos das regiões mais montanhosas do Nepal e do Tibete, e cresceu a ver o pai e, mais tarde, o irmão, a serem guias de montanha.

Quis seguir as suas pisadas e desde então que já escalou vários outros cumes com mais de oito mil metros de altitude, como o caso o K2, no Paquistão (a segunda montanha mais alta do mundo, com 8614 metros) a Lhotse, Manaslu e Cho Oyu. Também já liderou várias expedições da equipa que conserta as cordas que levam ao cume do Everest, uma prática anual antes do início da temporada de escalada e que torna a subida mais segura.

Nos últimos anos, tem feito várias observações sobre o impacto das alterações climáticas nos padrões climáticos das montanhas. “Agora vemos rochas expostas em áreas onde antes havia neve. Não apenas no Everest, outras montanhas também estão a perder neve e gelo. É preocupante”, disse em declarações à agência France-Presse, em 2022.

Também tem defendido regularmente a importância dos guias de montanha nepaleses e tem realçado a necessidade de reconhecimento das suas contribuições para o sucesso nas expedições. Os sherpas são cruciais à indústria lucrativa do montanhismo do Nepal, que rende milhões aos Himalaias todos os anos.

Com a sua capacidade única de trabalhar a alta altitude e com baixo teor de oxigénio, são a espinha dorsal das expedições de escalada, ao ajudarem clientes e transportarem os seus equipamentos até aos picos. “Muitos estrangeiros não conseguiram escalar montanhas sem a nossa ajuda e o risco que corremos”, disse em 2021.

Em 2023, mais de 600 alpinistas atingiram o cume do Evereste, tendo sido registado um recorde de 18 mortes. Este ano, o Nepal emitiu 419 licenças para escalar até ao cume, durante a temporada da primavera, que vai de abril ao início de junho.

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