Ginásios e outdoor

Ana Rita tornou-se na melhor massagista da Península Ibérica por causa de um iPhone

Estudou Ciências do Desporto e pensava fazer carreira como personal trainer. Hoje, adora o que faz, mas “nunca foi um sonho.”
Ana Rita tem 31 anos e trabalha no ramo há cerca de 10.

Tudo começou quando Ana Rita Carvalho tinha apenas 16 anos. Na altura, estava longe de imaginar que o pedido que havia feito aos pais ia definir o rumo da sua vida profissional. “Queria um telemóvel topo de gama”, começa por contar à NiT. “Pedi um iPhone os meus pais, mas a resposta que me deram não era a que esperava. Basicamente, disseram-me que havia uma vaga em part-time no hotel onde trabalhavam, o Vidago Palace.”

Pouco depois, a jovem agora com 31 anos, começou como rececionista no spa da unidade hoteleira. “Fui ganhar dinheiro para as minhas coisas, nomeadamente o iPhone que tanto queria e, sem saber, acabei por entrar no mundo que só mais tarde percebi que era o meu.” Acabou por se tornar massagista e, hoje, não pensa fazer outra coisa. Aliás, venceu o Campeonato Ibérico de Massagem 2023, realizado em Marbella, Espanha, entre os dias 6 e 8 de outubro. Um título que lhe garante a oportunidade de representar o País no Campeonato Europeu 2024, que se realizará em Roma, Itália.

Se não tivesse desejado o tal smarphone, a carreira de Ana Rita poderia ter tomado um rumo diferente. Decidida a estudar e a sair da vila no distrito de Chaves, foi para a Universidade de Trás-os-Montes, em Vila Real. “Quando concluí a licenciatura em Ciências do Desporto, achei que iria ser personal trainer. Fiz uma pós-graduação em Fisiologia e quando terminei os estudos, voltei para um local que já conhecia bem, o hotel Vidago Palace, onde os meus pais trabalham há 30 anos.”

Tornou-se PT, mas passados oito meses recebeu uma proposta inesperada. “A diretora da unidade hoteleira perguntou-me se não estaria interessada em fazer algumas formações de massagem”. Como estava familiarizada com o ambiente e acabava por ter bases académicas para tal, decidiu tentar, numa perspetiva de “agregar valor ao curriculum”.

Uma das massagens que pode fazer.

Inesperadamente, ficou cada vez mais curiosa pela área. “Havia algo que me atraía”, confessa. Pensou que talvez valesse a pena tentar, e assim foi. Mas antes precisava de mais alguma coisa: fugir do interior e mudar-se para uma cidade mais movimentada, onde “houvesse mais investimento”.

“Não me dava bem com a tranquilidade, porque já era algo que tinha demasiado no meu mundo. Queria agitação e ver coisas a acontecer.” Encontrou o que procurava no Porto, onde foi inaugurar o spa do Monumental Palace e, mais tarde, o do Hilton, onde as suas mãos continuavam a fazer a magia de sempre. Depois mudou-se para o Vinha Boutique Hotel, quando abriu em Vila Nova de Gaia. Mas, assim que a oportunidade surgiu, voltou para uma das zonas que mais lhe poderia lembrar casa, as serras do Douro.

“O Six Senses têm uma visão diferente do spa, com um foco maior na área do wellnesse e do bem-estar no geral. O investimento e a exigência são maiores, o que me faz ter vontade de evoluir todos os dias”, comenta. E é aqui que agora podemos encontrar as mãos da melhor massagista ibérica, que está sempre pronta para fazer com que os outros relaxem. No entanto, como diz, há várias formas de o fazer.

“Adoro fazer massagens mais duras, para tirar pressões”, explica. “Porém, aquilo que faço, é criar o meu próprio estilo, consoante as necessidades do cliente que tenho à frente. Normalmente começo o ritual sempre com uns movimentos de shiatsu, inspirados na medicina tradicional chinesa e que usam muito os polegares para trabalhar os meridianos do corpo, e depois adapto os passos seguintes aos objetivos.”

“Agir com naturalidade” — o segredo da campeã

“Fui para o concurso muito na desportiva e concentrei-me em fazer o que faço todos os dias, sem inventar. Mas, há medida que via o quão bons eram os meus colegas, ficava nervosa. O truque foi pensar que estava no meu gabinete, com um cliente normal e deixar-me ir”, conta à NiT.

Esta naturalidade com que enfrentou o concurso é a mesma que leva no seu dia a dia e que se nota pela postura. “Os júris elogiaram a minha postura e forma fluída como fazia as massagens. Salientaram que parecia que o meu corpo dançava à medida que acompanhava os movimentos.” No entanto, Ana Rita não sabe o que os clientes pensaram: “os voluntários foram escolhidos pelo júri, não os conhecíamos, o que tornava a experiência ainda mais desafiante”.

Acabou por seguir os concelhos dos pais e não pensar no prémio. “Embora reconheça o meu trabalho, achava que não ia ganhar, então estava apenas determinada em tirar o melhor partido da experiência”, recorda.

Além de ter distinguida como a melhor massagista ibérica, a portuguesa ganhou ainda o prémio da melhor massagem desportiva — uma área que Ana Rita domina desde os tempos em que era futebolista. “Pratiquei natação e futsal federada, por isso já conhecia os benefícios deste tipo de terapia. No entanto, há uma grande diferença entre as técnicas feitas no pré-exercício e no pós.”

Antes de qualquer treino, os músculos precisam de aquecer, para evitar lesões, por isso os movimentos querem-se “rápidos” e “precisos”. A do pós-jogo, ou treino, é mais ligada ao “relaxamento” e “libertação dos músculos”.

A massagem que fazemos no pré-treino, acaba por ser mais exigente, pelo menos, no aspeto cardiovascular. “E muita gente, sobretudo atletas, esquecem-se da importância desta terapia”, refere. Essa foi uma das razões que a fez escolher esta abordagem para levar a concurso. “Acabou por correr muito bem e trouxe ainda esse prémio.”

Ana Rita é massagista no Six Senses Douro Valley, o empreendimento, que já foi distinguido com o prémio de Melhor Hotel Resort da Europa. Situado em Samodães, Viseu, há quem diga que foi um judeu quem mandou construir esta casa senhorial do século XIX — o que justifica o nome da quinta, Vale Abraão. Salientamos este pormenor porque foi ele que inspirou nome da obra de Agustina Bessa-Luís, publicada em 1991, e mais tarde a adaptação ao cinema por Manoel de Oliveira. O filme foi gravado precisamente na propriedade onde poderá cuidar do seu bem-estar. Aliás, a técnica de massagens afirma que todo o conceito foi desenvolvido à volta da saúde e do wellness: “o Six Senses Douro Valley é um spa, com um hotel, e não ao contrário”.

A seguir, carregue galeria e fique a conhecer melhor o Six Senses Douro Valley, onde poderá reservar uma massagem com a Ana Rita Carvalho.

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