Os ginásios, health clubs, estúdios de personal training e outros espaços do género estiveram fechados durante mais de três meses. O governo apenas permitiu a reabertura no primeiro dia da terceira fase de desconfinamento. Com as devidas adaptações, começaram a receber os sócios, mas já nada é como antes.
“Apesar da autorização para reabertura a 1 de junho, resolvemos aguardar mais um dia para os últimos pormenores. No entanto, a partir do meio de maio, começamos a pensar no que seria este regresso – mesmo não sabendo quando ele aconteceria, queríamos estar preparados para o que aí vinha”, começa por contar à NiT Jéssica Oliveira, uma das fundadoras do FITTEJO, o ginásio da Moita com um ano de existência.
Iniciaram a projeção de tudo o que seria necessário, incluindo a alteração do mapa de aulas e das possíveis medidas das autoridades de saúde, ao mesmo tempo que estavam com um olhar atento naquilo que se passava no setor nos outros países. No dia 2 de junho, colocaram marcações no chão e vedação nos balneários e nos cacifos.
Ponto a ponto, foram riscando cada etapa, garantido ter tudo o que era necessário para aquilo que seria uma reabertura feliz e segura — mas diferente, muito diferente. Mas com plena noção de que a dinâmica seria totalmente diferente. O ginásio da Margem Sul partilhou com a NiT imagens de um dia de treino de há um ano e desta semana, ou seja, antes e depois da pandemia chegar ao País. Veja as imagens.
A sala de musculação não parece a mesma
“O FITTEJO foi inaugurado a 18 de maio de 2019. A definição de casa cheia alterou-se completamente no espaço de um ano. Antes tínhamos todas as passadeiras e máquinas juntas, permitindo que se“viajasse pelo ginásio livremente”, explica à NiT Jéssica, 26 anos.
Neste momento, as passadeiras e todas as máquinas de cardio estão afastadas a três metros — e uma delas foi retirada para o estúdio de personal training). Foram também criados vários corredores para que a circulação dentro do ginásio fosse controlada. “A lotação ser controlada por uma aplicação e pelo professor de sala responsável permite garantir que tudo decorre em segurança.”


Além disso, existem novas marcas no chão que permitem indicar por onde os sócios se devem deslocar, criando corredores consoante a zona de musculação/cardio ou o estúdio que querem entrar. Na pista de sprint, por exemplo, apenas um dos lados está a ser usado — a outra tem um “X” em vermelho com a indicação de “proibido”.
O estúdio 1 foi adaptado passou a ser para treinos individuais
Tanto este ginásio, como vários outros, deixaram de utilizar todas as salas ou adaptaram-nas para outros propósitos. O estúdio 1 do clube da Moita, por exemplo, foi desenhado para receber aulas de ioga, chikung ou Pilates, além das sessões para os miúdos.
“Agora, face à pandemia, passou a ser usado para treinos individuais com Airbike, passadeira, bicicleta, banco para exercícios múltiplos e outros materiais (como pesos, barras, sacos e colchões) que permitem que o treino individual seja num espaço extra”, explica. Lá, existe também um novo corredor, que foi criado para dar acesso a um estúdio que foi inaugurado já depois da reabertura.


A diferença no estúdio 2 é arrebatadora
“Na inauguração do ginásio, há pouco mais de um ano, o nosso maior estúdio era o 2. Com uma capacidade superior, permitia que grande parte das aulas de grupo acontecessem ali, entre as 7 e as 22 horas”, recorda a fundadora.
Agora, foi adaptado com marcas no chão (aquelas que garantem que os sócios mantêm três metros de distância entre eles), de forma a que o aluno saiba onde se deve posicionar em cada aula, garantindo que pode treinar em segurança. A diferença do número de pessoas nas imagens do antes e depois são visíveis.


O estúdio de cycling tem menos de metade das bicicletas
Este estúdio, diz Jéssica, era um dos mais adorados dos sócios, e perdeu parte das máquinas — são nove bicicletas em vez de 26 —, mas nunca a essência e espírito daquelas aulas.
“Aquelas bicicletas todas da fotografia da esquerda (antes da pandemia) estavam sempre ocupadas. Independentemente da hora do dia, o cycling movia — e continua a mover — muitas pessoas até ao FITTEJO para pedalar durante 45 minutos”, conta.
Neste espaço, o ginásio reestruturou toda a sala, como pinturas e acabamentos em madeira novos). Além disso, incluiu um novo serviço que permite acompanhar a aula de uma forma mais digital e saber os detalhes da mesma.


O renascer: o estúdio 4, que foi criado após a reabertura
Um ano depois, mesmo fechados, os proprietários do clube da Moita decidiram fazer o investimento que estava pensado para o primeiro aniversário: um novo estúdio — o maior de todos até agora.
“O estúdio 4 tem agora grande parte das nossas aulas de grupo. Foi pensado como o nosso presente de aniversário para a família FITTEJO, mas com o início da pandemia esteve quase para não acontecer. No entanto, achamos que esta altura seria a melhor para concluir obras e inaugurar, depois de uma fase menos feliz, algo novo, cheio de cor e com espaço para treinarmos juntos.”
A inesperada procura pelos serviços do ginásio
Segundo Jéssica Oliveira, a pandemia veio mudar completamente a forma como se vivia o dia a dia num ginásio. Contudo, durante os quase três meses fechados, continuaram a manter o contacto diário com os sócios, suspenderam as mensalidades mas criaram uma alternativa online e mantiveram-se ativos, assim como todos os sócios.
E quando menos esperavam: “Fomos surpreendidos com uma emergente procura de novos sócios – uns que viram a nossa presença e dinamismo online e juntaram-se à família; outros que começaram na quarentena a praticar exercício e agora querem dar continuidade. Além disso, não podemos deixar de reparar no aumento da procura de personal training.”
O ginásio alcançou também o selo de qualidade “Healthy&Safe” da AGAP, uma forma que a associação do setor arranjou para nomear os ginásios que cumprem as normas obrigatórias e ainda mais algumas que são opcionais.
“Não sentimos que esta nova realidade signifique tristeza. É claro que ver um ginásio que tinha determinado volume de entradas e pessoas em aula estar assim não nos deixa radiantes mas, sinceramente não nos deixa tristes. A situação em si já é tão infeliz — o confinamento, as vítimas, entre outros —, que neste momento queremos apenas projetar saúde. E é nisso que nos focamos, em voltarmos todos ao ativo, em sentir-nos bem connosco, mais ativos e saudáveis. Ver a nossa casa cheia, mesmo que de outra forma, enche-nos de orgulho. É bom ver que tantas pessoas vêm treinar e, ainda mais importante, ver que todos respeitam o que é pedido. Agora resta-nos continuar a fazer o possível para que tudo corra bem e dentro da nova normalidade. E, claro, manter a esperança de que a cura para este vírus vai chegar.”