A sabedoria popular dita que “por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher”. Os LaLanne são a prova disso. O marido era considerado o pai do fitness e Elaine sempre o acompanhou. Tornou-se, explica, “na primeira dama” da área.
Juntos, lideraram o movimento moderno do fitness nos EUA e construíram um império. Criaram um programa de televisão, equipamento desportivo, suplementos e uma cadeia com mais de uma centena de ginásios. Aos 97, Elaine, continua a treinar e mostra como é possível continuar em forma a caminho dos 100.
LaLanne, nascida e criada Elaine Doyle em Minneapolis, começou o percurso em 1945, quando foi convidada para uma agência de modelos, em São Francisco. “Isso mudou toda a minha vida”, desabafou. Demasiado baixa para ser modelo de passerele, foi enviada para uma estação de televisão. “Tudo era uma novidade, a caixinha mágica, como ficou conhecida, ainda dava os primeiro passos. E, na altura, estavam à procura de alguém para fazer um anúncio.”
Acabou por ser contratada e, logo a seguir, foi convidada para criar um programa. Lalanne ficou perplexa. “Não tinha a menor ideia de como poderia fazer isso.” Mas experimentou e começou a ocupar 90 minutos da grelha nacional norte-americana com uma orquestra de 12 elementos e vários convidados. Um deles foi Jack LaLanne, anunciado como “um tipo que conseguia fazer flexões durante todo o espetáculo”.
Ficou deslumbrada com a filosofia do atleta. Depois desse programa, deixou de lado os donuts e os cigarros. “Decidi que ia fazer exercício com o Jack e concentrar-me na minha saúde”, contou ao “The New York Times”.
Anos mais tarde, “dançámos numa festa da empresa e, desde então, numa mais paramos de dançar”. Casaram e continuaram a trabalhar na indústria com vídeos, ginásios, livros e workshops. “Rimo-nos ao longo da vida”, afirmou. Aos 96 anos, em 2011, Jack morreu, mas Elaine não deixou de dançar ou de treinar.
A rotina aos 97 e a fórmula mágica
A vida de Elaine LaLanne está ligada ao fitness há quase seis décadas, graças ao seu papel de mulher e parceira de negócios de Jack. Enquanto o marido era um carismático “homem do espetáculo”, Elaine trabalhava diligentemente nos bastidores, apoiando-o e gerindo o império em expansão. Mas nunca ficou de fora do mundo do bem-estar. Ao longo dos anos lançou vários livros ligados à área que foram um sucesso de vendas em todo o mundo. O último chama-se “If you want to live — move” e foi publicado em 2019.
“Jack era conhecido como o padrinho do fitness, o que faz de mim a primeira-dama, acho eu”, assume. “Depois da morte de Jack, quis continuar a inspirar e a motivar as pessoas de todas as idades. Tenho 96 anos, quase 97, e continuo a fazer exercício todos os dias.”
Os dias de Elaine começam sempre com movimento. “Faço exercício logo pela manhã, abdominais e flexões. Vinte minutos por dia ajudam a manter-me saudável e em forma”, disse ao “The New York Times” numa entrevista publicada esta segunda-feira, 4 de setembro.
Começa a sua rotina de exercícios matinais ainda na cama, com uma dúzia de abdominais em canivete: uma variação de baixo impacto que visa os abdominais inferiores. Em seguida, faz algumas flexões inclinadas, que visam os músculos superiores do peito, no lavatório da casa de banho. Para fazer uma flexão inclinada, eleva os braços colocando as mãos numa superfície, como um banco ou uma escada.
A seguir, LaLanne veste-se e maquilha-se antes de ir para o ginásio de casa, onde caminha numa passadeira durante alguns minutos. O treino só termina quando alonga. É um hábito que repete religiosamente todos os dias.
Embora tenha abrandado um pouco nos últimos cinco anos, as muitas décadas no ginásio mantiveram-na forte e ajudaram-na a recuperar de várias quedas, explicou à publicação. No entanto, o exercício não o único segredo da sua longevidade.
Elaine tem ainda uma fórmula que, garante a mantém saudável e em forma. Chama-se ARCH. “A de atitude. Com atitude positiva as coisas fazem-se. Com uma atitude negativa, não se faz nada; R para resistência, que abrange tudo, incluindo a força para resistir os alimentos menos bons para a minha saúde, mas que adoro; C para consistência, que me leva a treinar todos os dias, e o H, que significa viver em harmonia. Portanto, se tivermos estas coisas, estaremos em harmonia”, diz.
A positividade é um caminho que escolheu há muito tempo. “Quando a milha filha morreu, aos 21 anos, podia fazer uma ‘festa de piedade’ ou podia seguir com a minha vida, porque tinha muito para viver”, explicou. “Decidi que tinha de fazer o que tinha de fazer. Esse foi o caminho que tomei, uma estrada positiva”.
E quanto aos objetivos para o futuro? “Quero continuar a andar e ter sempre um projeto. Sempre tive. Agora, é divulgar o ‘Pride & Discipline’ porque as geraçõs mais novas, não sabem quem é Jack LaLanne”, afirma.