A corrida entrou na vida de Armindo Santos na infância e nunca mais o abandonou. Com a ambição de completar 40 maratonas, atingiu essa meta em 2010, momento a partir do qual começou a dedicar-se à fotografia de diversas competições desportivas. “Quando era pequeno, o meu irmão fazia parte de um grupo que praticava desporto e convidou-me a juntar-me a eles. Até aos 12 anos, pratiquei várias modalidades, como salto em comprimento, futebol e basquetebol”, recorda o ex-agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) à NiT.
Após entrar na Casa Pia, no quinto ano, Armindo teve de suspender a prática desportiva e só a retomou muitos anos depois. Um dia, aos 23 anos, encontrava-se no Convento da Arrábida e viu na televisão as conquistas de Carlos Lopes. “Invejou” a sua determinação, e passou a acompanhar atentamente o trabalho do atleta.
Inspirado pelo maratonista, regressou ao atletismo com redobrada dedicação e estabeleceu um plano de treinos rigoroso: correr 12 quilómetros de manhã e outros tantos à tarde, atingindo por vezes 600 quilómetros mensais. Até à data, já participou em cinco edições da maratona de Sevilha e três da de Badajoz, além de inúmeras corridas por todo o País.
Em 1989 concorreu à PSP e destacou-se nas provas físicas, sendo o melhor classificado da Escola Prática de Polícia. Iniciou a carreira na esquadra do Campo Grande, em Lisboa, e um ano depois, decidiu concorrer ao corpo de intervenção, atraído pela secção de atletismo. Nos cinco anos seguintes, participou em treinos bi-diários, o que lhe permitiu aperfeiçoar as suas técnicas de corrida.
“No verão, a situação tornava-se complicada, pois tínhamos muitas diligências. Naquela época, éramos responsáveis pela patrulha de todas as praias do país, o que limitava o meu tempo e condições para treinar”, afirma o atleta de 63 anos. Por sugestão dos colegas, optou por deixar o corpo de intervenção e ingressar na Polícia Municipal de Lisboa, onde se sentia mais confortável, permanecendo até se reformar há três anos.
O interesse pela fotografia surgiu com o desejo de registar o crescimento dos filhos. “O meu filho mais velho nasceu em 1996 e queria guardar recordações dele, então comecei a captar momentos especiais. Com o tempo, decidi também fotografar as corridas. Eu corria e os meus filhos fotografavam ou vice-versa.”
Amigos e conhecidos notaram o empenho de Armindo na captura dos melhores momentos e começaram a pedir-lhe para fotografar eventos. Acabou por criar uma página para partilhar o seu trabalho, que foi sendo cada vez mais reconhecido. “Sempre fiz isto por prazer e amor à modalidade. Nunca cobrei nada, pois não era esse o meu objetivo.”
“Sempre fiz isto por inspiração, prazer e amor à modalidade. Nunca cobrei nada porque não é esse o meu intuito.” A formação na área nunca fez parte dos seus planos porque Armindo não tinha intenção de transformar o seu hobby numa profissão.
O lisboeta admite não saber quantas provas fotografou na última década, mas já ultrapassou as 100 apenas este ano. “Não tinha noção de quantas corridas fazia, mas recentemente fiz um levantamento para ter uma ideia.” Além do atletismo, já se dedicou a fotografar karting, natação em águas abertas, triatlo e provas de obstáculos em vários distritos. A meia maratona da Nazaré ocupa um lugar especial no seu portefólio, pois foi a primeira competição em que participou como atleta, e tem fotografado nos últimos cinco anos.
Entre os atletas que teve a oportunidade de registar estão Rosa Mota, Carlos Lopes, António Pinto e os irmãos Domingos e Dionisio Castro. “Dou 200 por cento de mim para conseguir uma reportagem completa, capturando todos os ângulos possíveis.” Segundo a sua própria contagem, entre 6 de janeiro e 3 de novembro, Armindo completou “93 reportagens e fez 209.118 disparos”. As últimas fotografias foram captadas na São Silvestre do Seixal e nos treinos para a corrida de Lisboa.
Apesar de já possuir um extenso currículo fotográfico, Armindo ainda sonha em levar a sua câmara para algumas provas no estrangeiro. “Quero fotografar até não ter mais forças. Enquanto sentir que tenho valor e que faço a diferença para as pessoas, vou continuar.”
Carregue na galeria para ver alguns registos captados por Armindo ao longo de mais de uma década.