Estávamos em 2017 quando, com apenas 14 anos, Beatriz percebeu que tinha excesso de peso. Foi na passagem para o 9.º ano, no momento de experimentar a farda do colégio, que a adolescente de Lisboa ficou em choque: tinha engordado durante o verão sem se aperceber. O processo até perder 23 quilos foi longo e desafiou a sua força de vontade — afinal, não são só os adultos que passam por cenários destes.
“Sempre comi de tudo e era magrinha. Por volta dos meus 10 ou 11 anos é que, devido ao desenvolvimento do corpo, comia muito e acabei por engordar. A minha alimentação era à base de hidratos de carbono e proteína. Também ingeria algumas guloseimas. Por outro lado, não ia muito a cadeias de fast food”, conta à NiT Beatriz Ramos, agora com 16 anos.
O problema não estava propriamente nos alimentos que escolhia mas, como acontece com muita gente, nas quantidades que decidia ingerir. “Se os meus amigos iam à cantina da escola, eu também ia. Mas, enquanto eles comiam quantidades normais, eu acabava por consumir muito mais.”
Atualmente, o desporto é um vício saudável na sua vida, mas nem sempre foi assim. Embora tenha praticado natação e participado em atividades extracurriculares da escola, revela à NiT que gostava de fazê-lo pelo convívio pelos amigos. Nunca viu o exercício físico de outra perspetiva.
Naquele dia em que foi experimentar a farda, apesar de ter ficado em choque, não teve noção de que precisava de perder 23 quilos.
“No fundo, o meu pensamento era que tinha de perder peso, cerca de um ou dois quilos, mas não muito mais. Agora que olho para as fotografias dessa altura é que tenho a noção de que seria muito mais. Nessa altura, tinha 14 anos e 77 quilos — o meu peso ideal era de 54 quilos.”
Porém, garante que o facto de ser extrovertida ajudou bastante e evitou potenciais momentos de bullying.
“A questão do excesso de peso era uma relação entre mim e mim, ou seja, nunca afetou a minha relação com os outros. As outras pessoas não percebiam que eu não gostava do meu corpo ou que me sentia mal — isto talvez por ser extrovertida. Acho que a minha personalidade impediu que sofresse de bullying ou que me tratassem mal. Só eu é que me criticava, embora não achasse que tivesse de perder assim tantos quilos”, diz.
Beatriz começou a sentir-se mais cansada nas atividades físicas e encontrar um número que lhe servisse nas lojas era um desafio cada vez maior, já que “é muito mais fácil encontrar um S do que um XL”.
Recorda-se também de alguns comentários de amigos da família. “Diziam-me: ‘se calhar devias fazer uma dieta, estás um bocado gordinha’. Eu, claro, retraía-me, mas nada que influenciasse a minha relação com os outros. O problema foi sempre comigo mesma.”
Ao contrário do que costuma acontecer muitas vezes nestes casos, a adolescente, que está no 11.º ano a estudar na área de Línguas e Humanidades, nunca deixou de tirar fotografias ou recusou convites de idas à praia com os amigos. Mais uma vez, garante que foi a personalidade que não permitiu que isso acontecesse. O peso máximo que atingiu foi de 77 quilos, ou seja, 23 a mais do que devia ter.
O problema com as nutricionistas e o PT que ajudou a mudar a vida de Beatriz
Os pais levaram-na a várias nutricionistas, mas nunca corria bem. “Os planos não eram de todo aquilo a que estava habituada: eram restritos, incluíam alimentos com os quais não estava familiarizada e as profissionais nunca falavam para mim. Ou seja, a conversa era sempre dirigida a quem me acompanhava, neste caso os meus pais. Diziam: ‘Ela não pode comer isto, ela não pode comer aquilo’ — e eu estava mesmo ali ao lado, mas era como se não estivesse lá”, recorda à NiT.
Contudo, acabava por levar os planos alimentares para casa e colocá-los em prática. O problema é que passadas duas semanas desistia.
Quando a confrontámos com a possível pressão criada pelas redes sociais, Beatriz Ramos não pensou duas vezes na resposta: “Olhava para fotografias de algumas pessoas e pensava: ‘Uau, aquele corpo é mesmo bonito. Gostava de ter aquele corpo’. Mas nunca fiquei pressionada para tê-lo — aquele era o dela e o meu era o meu.”
Portanto, as redes sociais nunca causaram revolta e ainda a ajudaram a encontrar uma solução. Enquanto fazia scroll, deparou-se com uma miúda que treinava com o Tiago Reis Silva — a NiT já lhe falou sobre o PT que ajuda os seus alunos a perderem dezenas de quilos através do treino físico e da mudança de mindset —, e começou a seguir o profissional no Instagram. Como gostou do método e da dinâmica que mostrava através do seu perfil, Beatriz pediu aos pais para começar a treinar com ele. E assim foi.
O mais curioso é que esta vontade estava relacionada com o objetivo de começar a praticar um desporto e nunca de emagrecer. Afinal, a adolescente pensava que tinha de perder apenas um ou dois quilos.
“O Tiago nunca me pesou no início. Se ele o fizesse, muito provavelmente, a máquina que ele utiliza ia dar um gráfico vermelho. Aí, sim, ia sentir-me mesmo mal. Por isso, ele só me pesou passado uns meses, quando também me revelou porque decidiu não fazê-lo numa primeira fase.”
Em setembro de 2018, começou a treinar seis dias por semana (descansava ao domingo) — uma vez presencialmente, com a companhia do personal trainer luso-brasileiro, e as restantes em casa sozinha. O plano incluía muitos agachamentos, abdominais e lunges, sendo um treino intensivo e mais focado no cardio, de forma a ter resultados mais rapidamente.
O objetivo era alcançar uma perda de peso gradual, perdendo um valor específico todas as semanas. De repente, apercebeu-se de que estava a ficar cada vez mais magra. “Nunca pensei que a solução fosse o desporto”, relembra.
Numa linha cronológica, Beatriz iniciou o programa de treino com o PT Tiago Reis Silva em setembro de 2018, quando tinha 77 quilos (23 a mais do que era suposto). Em novembro, já tinha perdido dez quilos; em março 15 quilos; e no início de maio mais dois. Contudo, o dia 26 desse mês teve um marco especial: a balança apontava menos 20 quilos. A 14 de junho já tinha perdido 21 e no dia 25 do mesmo mês chegou ao grande objetivo: 23 quilos a menos. Todo o processo foi partilhado na redes sociais do profissional, servindo de inspiração para muitas outras pessoas.
O testemunho do PT e a mensagem final de Beatriz
“A Beatriz contactou-me em setembro de 2018. Tinha 15 anos. Ela chegou até mim através da minha conta de Instagram [@pt_tiago_reis_silva], na qual faço posts e stories regularmente sobre resultados dos meus alunos, motivação e desafios. Nesta altura, a Beatriz pesava 77 quilos e tinha excesso de peso. Era uma miúda cheia de energia positiva mas que no seu ‘eu’ não se sentia bem”, conta à NiT o personal trainer.
Na sua primeira conversa com a adolescente percebeu logo que, apesar de Beatriz querer muito perder peso, não tinha a real noção do seu sobrepeso. Por isso, começou a trabalhar com ela sem a levar logo a uma balança para medir a composição corporal e mostrar todos os dados negativos, uma vez que isso só a iria deixar triste.
“Só passado um mês, já com bons resultados, é que fizemos a primeira avaliação. O plano de ação com a Beatriz foi mostrar-lhe que ela era capaz e que, independentemente de ter tentado várias vezes e não ter conseguido perder peso com dietas, ela desta vez ia conseguir. E — muito importante — que não estava sozinha.”
Isto foi conseguido através do método FAT BURN PROGRAM, criado pelo especialista, em que o aluno aprende a ganhar a auto-confiança, a treinar e a alimentar-se bem.Tudo com acompanhamento diário, para que não haja abertura para desistências. No caso da Beatriz, o objetivo foi alcançado: perdeu 23 quilos.
“Neste momento, ela não precisa perder mais peso. Estamos no trabalho de tonificação muscular”, garante.
Quanto a Beatriz, começou a notar diferenças em educação física, já que tinha mais resistência; e a roupa foi deixando de servir.
“Lembro-me de ir com as minhas amigas comprar o meu primeiro 36 e que foi uma festa. Senti-me super bem. Antes tive de ir comprando outras coisas, caso contrário não tinha nada para vestir. Portanto, sabia que estava a emagrecer, mas ir comprar um 36 é diferente de ir à loja buscar um 40. Inicialmente, vestia o 44”, recorda à NiT.
No que diz respeito à alimentação, continuou a comer de tudo, controlando melhor as quantidades.
“A teoria já sabia toda, já que tinha sido acompanhada por mais de quatro nutricionistas. Mas reduzir as quantidades foi mesmo o meu método. Contudo, sei que, se comer muito num dia, posso compensar no treino do dia seguinte. Encontrei o meu equilíbrio. Agora não quero parar de fazer desporto — é um vício bom.”
Algumas das dicas do PT também tiveram bastante impacto, como beber mais água e reduzir nos hidratos de carbono.
Na altura, a adolescente de 16 anos estava especialmente preocupada com o excesso de peso pela questão estética, mas rapidamente percebeu que era algo que também ia afetar a sua saúde. Por isso mesmo, Beatriz deixou uma mensagem para todos aqueles que não se sentem bem com o seu corpo e querem mudar.
“Nunca se vão arrepender do dia em que decidirem mudar porque vai ser o início de uma etapa muito mais feliz. Encontrem um profissional com o qual se identifiquem para que tudo corra melhor. No meu caso, por muito boas que fossem as nutricionistas que me acompanharam, não me identificava com o método delas.”