Elisabete Nicolau sempre foi magra e muito ativa. Por isso, quando se viu com 88,90 quilos e uma barriga flácida, tornou-se difícil encarar o espelho. Com o tempo e algumas dietas restritas, começou a encontrar-se, mas, ainda assim, estava ainda longe do objetivo. Quase oito anos depois de ter sido mãe a formadora “sente-se melhor do que aos 20” e até participa em concursos de culturismo.
A viver no Porto desde os tempos da faculdade, Elisabete sempre foi aluna de aulas de grupo no ginásio, porém, nunca se tinha atrevido a experimentar a musculação, nem muito menos treinar na sala de máquinas. Uma das suas amigas era, ao contrário da formadora, fã confessa deste tipo de treino.
“Costumávamos ir sempre as duas ao ginásio à hora de almoço, mas enquanto eu ia a alguma das aulas de grupo, ela ia sempre fazer o seu treino de musculação. Tentou durante anos que a acompanhasse, mas sem sucesso. Eu dizia-lhe que não percebia como é que ela se entendia com aquelas máquinas e pesos”, conta à NiT a responsável de formação que trabalha na Sonae.
Na altura apenas pensava em fazer cardio para “perder gordura” e na altura do verão gostava de “cortar em alguns hidratos e outros alimentos” para ficar em forma. “No inverno pesava cerca de 60 quilos e no verão fazia então um esforço para perder algum peso e chegar aos 58.”
Gravidez, retenção de líquidos e 30 quilos a mais
Estes hábitos foram suficientes para se sentir bem durante toda a vida. Mas quando foi mãe tudo mudou. Com a ajuda da enorme retenção de líquidos de que sofreu, a formadora natural de Castelo Branco engordou cerca de 30 quilos.
Depois do filho Tomás nascer conseguiu perder os primeiro 15 quilos facilmente, mas os restantes ficaram. “Ainda pensei que quando começasse a trabalhar ia conseguir retomar a minha vida e voltar a cuidar de mim. Mas isso não aconteceu”, conta à NiT. Só passados quase dois anos desde que se tinha tornado mãe é que voltou ao ginásio e às aulas. Mas os resultados não chegavam.
“Seis meses depois de voltar com alguma consistência a fazer exercício reparei que não estava bem. Perdi peso, mas continuava flácida e presa a um corpo que não reconhecia.”
Infeliz, decidiu seguir os conselhos da amiga e começou a trocar as sessões de bodypump e bodycombat por musculação. E aí começou a ver os resultados tão desejados. “Fiquei tonificada e muito mais confiante com o meu corpo”, revela. As diferenças que sentiu motivaram-na a ser mais saudável e a começar verdadeiramente a sua jornada fitness.
O primeiro passo que tomou foi procurar um profissional para a ajudar com a parte da alimentação e com os treinos, para que fossem mais orientados para os seus objetivos. E encontrou o que procurava junto do personal trainer Bruno da Cunha. Na altura, depois de um plano mais restrito durante os meses de pandemia, pesava novamente 58 quilos, “mas não tinha muita massa muscular”, por isso, o objetivo inicial foi construí-la.
Para ganhar massa muscular teve de voltar a comer hidratos e a focar-se numa alimentação saudável e adequada ao seu corpo. A isso juntou o treino acompanhado, uma vez por semana, com o profissional. “Cumpri tudo à regra e os resultados não tardaram e isso levou-nos a pensar em algo que nunca me tinha passado pela cabeça: a competição de culturismo”, diz à NiT a formadora.
Decidiu tentar, sem compromisso, e em 2021 subiu a palco pela primeira vez. Elisabete Nicolau concorreu na categoria indicada para a sua altura e depois numa outra dedicada a mulheres maiores de 35 anos. Foi sem expetativas e ganhou ambas. Em 2022 voltou a competir e este ano, já com 40, pretende voltar aos palcos.
A dieta e rotina de treinos
“Eu gosto de seguir um plano alimentar e um de treino, mesmo quando não estou a preparar-me para competir. Vivo bem com isso e sinto-me melhor”. Com esse objetivo treina cinco dias por semana e um deles acompanhada pelo PT. Cada sessão é dedicada a um grupo muscular e depois são complementadas com treinos de cardio, ou na passadeira, ou no exterior quando o tempo permite.
Em relação à alimentação, Elisabete diz que é mais fácil do que muitos possam pensar. O dia começa com papas de aveia de frutos vermelhos e café, a isto junta os suplementos alimentares como o ómega 3, para melhorar as suas deficiências nutricionais. A meio da manhã come um iogurte grego light com proteína em pó e ao almoço come arroz, frango e abacaxi. À tarde volta a reforçar com papas de aveia enriquecidas com proteína, ou panquecas. Ao jantar opta por salmão ou pescada e legumes. Antes de dormir come sempre claras com um ovo.
Quando vai a prova come exatamente a mesma coisa, mas em menor quantidade. Porém, tudo depende de como o corpo responde. “Já tive de comer pescada de manhã, porque o meu organismo precisava”, dá como exemplo.
A junção dos treinos com a alimentação levaram Elisabete a chegar onde sempre quis. Mas confessa que “não adora ver-se tão magra como quando vai a prova”. No entanto gosta do processo de transformação e sente-se melhor do que quando tinha 20 anos. Por isso, resume assim a sua jornada: “a idade é apenas um número, acreditarmos em nós próprios é meio caminho andado para chegarmos onde queremos”.
Carregue na galeria para ver algumas fotografias da transformação de Elisabete Nicolau.