Março marca o mês da sensibilização para uma patologia que afeta milhares de mulheres portuguesas. Para tentar chamar a atenção desta condição que leva, em média, 10 anos a ser diagnosticada, a MulherEndo – Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose – convocou uma marcha que irá acontecer já no próximo sábado, 25 de março, no Parque das Nações.
Pouco estudada, pouco conhecida e subdiagnosticada, a endometriose, afeta profundamente a vida de uma em cada 10 mulheres e acompanha-as durante toda a vida fértil. A patologia, que se caracteriza pela migração das células que revestem a parede do útero para outros locais do corpo, causa dores horríveis e desesperantes durante a menstruação — e não só. Está associada também a problemas de fertilidade.
Existem cerca de 350 mil mulheres que sofrem de endometriose em Portugal e conseguir um diagnostico definitivo para a patologia pode ser uma jornada longa. Filipa Osório, ginecologista-obstetra, especialista nesta patologia e membro da direção da Secção de Endoscopia da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, confirma que, de acordo com um inquérito realizado em Portugal, “mais de 40 por cento das mulheres com a doença demoram mais de 10 anos a serem diagnosticadas”.
O subdiagnóstico da endometriose faz com que existam casos cada vez mais graves, que se traduzem, segundo a especialista numa “evolução da doença”, com consequências para a mulher — tanto em relação aos sintomas, como aos problemas de infertilidade”, acrescenta a médica.
Susana Fonseca, presidente da direção da MulherEndo, Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose, explica que parte do desafio do diagnóstico se prende com a desvalorização do impacto físico da doença. “Falamos aqui de questões geracionais, porque desde sempre fomos habituadas a ouvir que é normal sofrer, o que faz com que as próprias mulheres não procurem logo ajuda quando têm sintomas.” A isto junta-se o facto de “tudo o que seja associado ao ciclo menstrual ainda ser um tabu, um tema que ainda é muito visto como para ser mantido na intimidade”.
À semelhança dos anos anteriores, o evento tem o objetivo de representar Portugal numa iniciativa que acontece, simultaneamente, em vários países do mundo, com o intuito de reforçar a mensagem para a importância de haver uma maior consciencialização sobre a Endometriose.
A partida será às 14 horas, junto ao Pavilhão de Portugal. A inscrição na caminhada é gratuita, mas caso queira a T-shirt desta edição da marcha, terá de pagar 2,50€. A organização desafia as mulheres a convidarem os amigos, os maridos, filhos e até as entidades patronais a participarem na EndoMarcha, de forma a “fazerem-se ouvir pela causa”.