“Talvez em maio tenha a oportunidade de voltar a treinar, até lá, vou vendo barcos para comprar porque este verão não há praia nesta condição física” — esta frase pertence a Francisco Macau e surpreendeu muitos daqueles que se depararam com a publicação onde revelava ter perdido 11 quilos desde 5 de fevereiro. É que a acompanhar o texto está uma fotografia na qual surge visivelmente em forma.
À NiT, explica que treinar é uma terapia e que tem sido a sua vida nos últimos 12 anos, pelo que sente que em menos de um mês perdeu o trabalho de muitos anos de esforço para alcançar o corpo que tem hoje.
“Quando estávamos no mundo como o conhecemos, treinava de segunda-feira a sábado ou domingo. Todos os dias fazia um treino em ginásio e algum cardiovascular. Como moro na serra, fazia na natureza. Treinos diários de 45 minutos”, conta.
Sendo o exercício físico a sua vida — além de ser formado em Personal Trainer, tem o projeto Team Macau, que já ajudou em mais de 14 mil transformações corporais —, manter a rotina com os ginásios fechados tem sido um enorme desafio.
“Uma coisa é treinar em casa e outra no ginásio. Em casa dá para fazer alguns ajustes, mas eu gosto mesmo é de musculação e não consigo de todo manter o nível de treinos. Mesmo a nível de exercícios as coisas mudam um pouco. Treinar em casa será mais para manutenção e nunca para progressão”, continua.
Para Francisco, ambos os confinamentos estão a ser difíceis, embora não estivesse à espera que voltássemos todos a ficar em casa. “A minha vida é treinar e o meu negócio está à volta disso”, diz, revelando à NiT que em breve até vai abrir um ginásio que vai mudar o paradigma do setor em Portugal.
Embora treinar se torne mais difícil, tenta equilibrar isso com a alimentação. É que com o ritmo de treino em ginásio, acaba por comer mais outras coisas fora da sua rotina alimentar, ainda que, ocasionalmente, coma um hambúrguer, pizza ou sushi. Agora, fechado em casa, tenta ser muito mais equilibrado e regrado.
“Os meus nutricionistas, que fazem parte do Team Macau, passam-me os planos e tento fazer esse esforço. Muitas caminhadas, duas a três vezes por dia, exercícios mais funcionais, mantenho todos os suplementos, multivitamínicos, probióticos, porque não estou totalmente parado.”
Neste momento, faz quase sempre as mesmas refeições. “Os meus nutricionistas prescrevem planos exequíveis, eu gosto mesmo daquilo que eu como, não faço fretes nem me privo. Conjugamos o gostar com a alimentação em si”, diz à NiT.
Normalmente, começa a manhã com panquecas proteicas (adiciona fruta ou um batido proteico com iogurte, fruta e proteína) e a meio da manhã ingere um batido com bolachas com presunto ou manteiga de amendoim. O almoço é sempre carne ou peixe, sendo que o acompanhamento pode ser uma massa, mas nunca a tradicional. Pode ser de caril, trufa ou aveia, juntamente com vegetais.
“A meio da tarde como torradas de pão Pachamama com ovos e presunto, umas cinco ou seis torradas. Depois, faço o jantar, que é sempre peixe ou carne. Sou muito esquisito, até porque me formei em Produção Alimentar e Restauração na ESHTE. Gosto de tudo biológico, ir ao talho onde conheço as pessoas, o peixe é sempre fresco, inclusive tenho alguém que traz da praça e me entrega em casa. Ao deitar são papas de aveia com proteína Whey.”
Apesar de todo o cuidado com a alimentação, dos treinos em casa e das caminhadas diárias, Francisco Macau acabou por perder os tais 11 quilos, peso que levou muitos anos a conquistar.
“Estão no vosso direito de considerar este meu discurso fútil e superficial, mas não, eu lutei muito para chegar onde cheguei a todos os níveis”, escreveu na tal publicação no Instagram, rede social onde é seguido por mais de 203 mil pessoas. Lá, desabafou também que, embora saiba que há quem continue a treinar em ginásios e que por vezes também lhe apeteça ser irresponsável nesse sentido, sabe que estar em casa é o mais certo. E é isso que tem feito.
Ainda assim, não deixa de se mostrar revoltado: “Muitos ginásios continuam a funcionar como se nada estivesse a acontecer. Sei que as medidas do governo são difíceis e muita gente vai perder o negócio. Mas fazer isto a 50 por cento não vai resolver nada. Há muitos ginásios que estão a funcionar na ilegalidade. Não sei quem está certo ou errado, mas eu sinto-me na obrigação de ficar em casa. Cada um sabe de si.”
Sobre os 11 quilos perdidos, explica que quanto mais ritmo de treino se tem, mais se potencia o metabolismo. Em casa, é realmente complicado manter isso. “Tento abstrair-me e focar-me no meu trabalho. É duro. Até porque sou conhecido por isso. As pessoas associam-me a ter esse cuidado e esse corpo.”
Contudo, garante à NiT: “Não é ser obcecado porque não sou. Mas é o resultado de muitos anos de trabalho que é perdido. Afeta-me bastante. Estou calmo. Aceito os factos, e quando tiver oportunidade de fazer diferente, farei.”
Além dos treinos, Francisco revela que tem lido bastante e que também tem passado mais tempo com a família e os seus animais, que muitas vezes participam nos treinos em casa. “Até já andei à procura de uma PS5. Só tive uma na vida, a primeira, cinzenta, ficava viciado naquilo e fugi. Mas agora ando com vontade”, acrescenta.
O que também lhe tem ocupado muito tempo é o trabalho. É que o Team Macau teve um crescimento de 40 por cento desde o primeiro confinamento. “Estamos com milhares de clientes, tanto que tive de reestruturar a minha equipa, e sei que quando passar para o presencial, vai correr bem.”
Quando houver desconfinamento em Portugal a primeira coisa que quer fazer é jantar fora com os amigos. “Tenho saudades”, confessa. Voltar ao ginásio é também um dos seus desejos.