É desafiante identificar diferenças entre Nuno e Bruno Dias. Com 35 anos, os irmãos são quase idênticos e estão habituados a fazer quase tudo a dois. Estudaram juntos, moram em Setúbal e têm a mesma profissão, na área da programação.
As longas horas passadas em frente ao computador serviram de motivação para adotar hábitos mais saudáveis, como percorrer trilhos da Serra da Arrábida. “Na faculdade já era comum fazermos caminhadas aos fins de semana, mas quando começámos a trabalhar, decidimos que deveríamos fazer alguma atividade para compensar o tempo que passamos sentados. Queríamos ter uma vida mais ativa e saudável”, confessam.
Em 2016, passaram a correr com regularidade e foi nessa altura que se juntaram a um grupo de corrida local. Acabaram por desenvolver um “vício saudável”: começaram com treinos de corrida duas vezes por semana, à noite e, um ano depois, participaram na primeira prova.
“Fizemos uma prova de 10 quilómetros”, recordam. Porém, a motivação de alguns colegas, que já corriam distâncias superiores, levou-os a inscreverem-se na meia maratona da Ponte 25 de Abril. “Foi uma maneira de testar os nossos limites e enfrentar o desafio de percorrer distâncias maiores.”
Apoio mútuo
O facto de treinarem juntos permite-lhes manter um ritmo semelhante, o que resulta na conclusão das provas lado a lado, sem qualquer rivalidade pelo meio. “Nunca entramos em competição um com o outro”, garantem, enquanto recordam a única vez em que cortaram a meta separados.
“Só uma vez é que não terminámos lado a lado, na Maratona de Sevilha, em 2023, porque tive de parar ao quilómetro 37, quando faltavam cinco quilómetros para a meta”, conta Nuno. “Tive uma cãibra, mas disse ao meu irmão para continuar porque senti que já não conseguia mais.”
“Aquele momento foi dececionante, mas são coisas que acontecem”, confessa Bruno. “Uma maratona é imprevisível, até para uma pessoa que está muito bem preparada”, acrescenta. Nuno completou a prova a andar, mas esta não foi a estreia da dupla nas maratonas; participaram pela primeira vez na prova rainha do atletismo em 2019, um ano antes da pandemia.
Para partilhar os resultados alcançados com familiares e amigos, os maratonistas nos tempos livres criaram uma página nas redes sociais, a Corridas ao Desafio, onde publicam fotografias e vídeos das várias provas, bem como os tempos conseguidos.
Próximos objetivos
Já em fevereiro de 2025, os irmãos querem regressar à Maratona de Sevilha, para “deixar o passado para trás” e, desta vez, cortar a meta juntos. “Esta prova tem um bom percurso para bater recordes e temos em mente fazer um bom tempo”, afirmam. “O nosso melhor resultado é 03h37min, conseguido na Maratona da Europa, em 2022. Estamos a trabalhar para superar esse tempo, mas se conseguíssemos baixar das 3h30 seria um resultado excelente.”
Embora não tenham um plano de treino rigoroso, Nuno e Bruno seguem os seus treinos habituais e, um mês antes das provas, “aumentam gradualmente as distâncias.” O que realmente os motiva é a superação de novos obstáculos. “Se mantivermos o foco, seremos capazes de enfrentar este e outros desafios na vida.”
Carregue na galeria para ver alguns momentos dos gémeos em ação.