Se é apaixonado pela natureza, não vai querer perder a oportunidade de descobrir as maravilhas do património natural da Serra da Arrábida através de caminhadas. São cerca de 1450 espécies de plantas identificadas no Parque Natural da Arrábida e pode ficar a conhecer muitas delas ao longo dos percursos na segunda edição do Arrábida Walking Festival, que vai acontecer nos dias 25 a 27 de março.
A apresentação oficial do festival de caminhadas decorreu na passada quinta-feira, 10 de fevereiro, na Quinta de Alcube, onde ficámos a conhecer os percursos do programa deste ano. O conteúdo principal da segunda edição do festival é a descoberta da riqueza singular da flora da Arrábida acompanhada por especialistas, com destaque para a colaboração da Sociedade Portuguesa de Botânica.
Segundo José Cunha, da Biotrails, “o festival tem mais do que a intenção de caminhar pela natureza mas partilhar conhecimento. Há tanto para aprender, que não podemos deixar de enaltecer esses valores e de proporcionar essa aprendizagem”.
O objetivo desta edição é identificar diferentes plantas em cada trilho e proporcionar uma visão global das especificidades da flora desta área protegida, composta por cerca de 1450 espécies, o que corresponde a aproximadamente 40 por cento da diversidade natural que existe no País. Ao longo dos vários percursos, vai encontrar uma grande variedade de plantas, com destaque para as orquídeas, o Tomilho-de-Creta, a Corriola-do-Espichel e a Arabis sadina.
O festival conta com a colaboração de diferentes especialistas em flora, responsáveis por muitos dos conhecimentos a partilhar com os participantes durante os passeios, como são os casos da Sociedade Portuguesa de Botânica, representada na apresentação do evento por Susana Tápia, de Francisco Rasteiro, do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul, e do especialista em orquídeas silvestres da Arrábida, Armando Frazão.
A Arrábida distingue-se pela sua paisagem incrível, rica em património geológico, ecológico e cultural. É, segundo Pedro Pina, vereador da cultura, desporto, direitos sociais e juventude da Câmara Municipal de Setúbal, “um território único”. “Este projeto não será único. Há outros. Mas este dá a mostrar a importância desta serra”, acrescentou o autarca.
Nesta segunda edição mantém-se “A Grande Rota Arqueológica”, a par de outros percursos complementares. Durante os três dias de caminhadas, vai poder participar em workshops gastronómicos e de fotografia, visitas guiadas e uma caminhada acessível a pessoas com deficiência visual num percurso pedestre sensorial. Tome nota de alguns dos percursos mais giros que vai encontrar neste festival.
Percurso entre castelos
Neste passeio pode encontrar uma grande variedade de plantas, como as orquídeas e o Tomilho-de-Creta. É um dos poucos trilhos onde esta espécie pode ser observada. O percurso passa pela estrada romana do Grelhal, Serra de São Luís e Serra dos Gaiteiros. O percurso está previsto para o dia 25 de março, sexta-feira, com início às 18h30. São 10,5 quilómetros de distância, com dificuldade média e quatro horas de duração.
Percurso Serra de São Luís
Neste percurso circular em torno da Serra de São Luís, os participantes vão passar pelo segundo ponto mais alto de todo o Parque Natural e aproveitar a paisagem fantástica sobre o estuário do Sado e o mar. A flora mediterrânica é o grande destaque deste trilho. Ao longo desta caminhada, passa-se também pela Ermida de São Luís e pelo Pedrão, um dos antigos povoados da Idade do Cobre. O percurso está previsto para o dia 26 de março, sábado, às 9h15. São 10 quilómetros de distância, com dificuldade média e três horas e meia de duração.
Percurso de identificação de orquídeas
Neste percurso vai ter a companhia de Armando Frazão, autor do livro “Orquídeas Silvestres da Arrábida”. A Arrábida é a zona do País com maior diversidade de orquídeas, com mais de 30 espécies e subespécies ao longo da época de floração, que vai de janeiro a junho. É neste trilho pela Serra do Gaiteiro que pode ficar a conhecer algumas delas. Esta caminhada com guia está marcada para o dia 27 de março, domingo, com início às 9h30 e três horas de duração.
Percurso Serra da Arrábida
Com início junto ao Palácio da Bacalhôa, parte-se em direção ao Formosinho, o ponto mais alto da Península de Setúbal. Ao longo do percurso, vai ser possível observar duas espécies muito particulares da flora da Arrábida: a Acer monspessulanum e a Arabis sadina. A caminhada está prevista para o dia 27 de março, domingo, às 10 horas. São 11,3 quilómetros de distância, com dificuldade alta e cinco horas de duração.
Além dos percursos pedestres, o programa da segunda edição do festival inclui visitas guiadas, workshops, aulas de botânica e até mesmo degustações de gins da Arrábida. Há visitas guiadas à queijaria de Sabino Rodrigues, aos conventos de Alferrara, ao Palácio da Bacalhôa, ao convento da Arrábida e aos centros históricos de Setúbal e Palmela. Também há a opção de participar em visitas guiadas em algumas das adegas da Península de Setúbal, mediante pagamento adicional.
Se quiser conhecer a beleza natural da Arrábida, assim como a sua flora, já se pode inscrever e comprar os bilhetes online. O passe para o festival, que dá acesso a várias caminhadas custa 24€, até 28 de fevereiro, e de 28€, a partir de 1 de março. A modalidade de bilhete simples, que permite apenas um passeio, custa 13€ até ao último dia de fevereiro. O valor sobe para 15€ a partir dessa data.
O evento é co-organizado pela Biotrails, juntamente com os municípios de Palmela, Setúbal e Sesimbra, com o patrocínio da Associação Baía de Setúbal. A Biotrails — Trilhos de Biodiversidade é uma empresa com sede em Palmela que oferece várias experiências ao ar livre, como tours pela serra, caminhadas e atividades de birdwatching.