Ginásios e outdoor

Maria Conceição chegou ao topo do K2, a segunda montanha mais alta do mundo

Tornou-se a primeira mulher portuguesa a escalar o Everest. Apesar do mau tempo, a alpinista cumpriu mais uma missão.
Mais uma conquista.

Em maio de 2013, Maria da Conceição tornou-se a primeira mulher portuguesa a subir ao Monte Evereste. Situada entre o Nepal e a China, é considerada a maior montanha do mundo. Na altura, fê-lo para angariar dinheiro para a sua fundação e chamar à atenção para a pobreza no Bangladesh.

Agora, mais de 10 anos desde a expedição, a portuguesa, radicada nos Emirados Árabes Unidos, que tem dez recordes registados no Guinness World Record, voltou ao topo do mundo. A alpininista de 47 anos chegou ao cimo do K2, no Paquistão, a segunda montanha mais alta do mundo, com 8614 metros. A atleta anunciou o feito este domingo, 28 de julho, afirmando que alcançou o cume às 10 horas locais (6 horas em Lisboa).

A equipa de apoio a Maria Conceição reagiu ao feito após ter recebido notícias da recordista. “Tudo está bem depois de uma longa escalada a partir do acampamento 3”, pode ler-se no Facebook. “Agora vai concentrar-se numa descida firme, é claro, com todos os nossos melhores desejos e apoio durante todo o caminho. Que mulher tão forte.”

A atleta chegou ao destino em meados de junho, porém, o frio, a neve e o gelo vertical dificultaram a missão. Foram várias semanas de mau tempo, com uma avalanche a atingir um dos acampamentos há cerca de 15 dias, segundo as atualizações que fez nas redes sociais.

No sábado, 27 de julho, a alpinista já tinha alcançado a base três da K2, que fica a cerca de 7300 metros de altitude. Porém, foi necessária uma “janela muito curta” com bom tempo para subir até ao topo, contou num telefonema com a agência “Lusa”, citada pelo “Público”.

Uma avalanche complicou a missão.

Nascida em Angola, Maria cresceu em Vila Franca de Xira, onde viveu até 2003, ano em que se mudou para o Dubai para ser assistente de bordo. A filantropa tem trabalhado para a educação e emancipação de crianças carentes desde 2005, através da Fundação Maria Cristina. Além do apoio aos mais novos, através da construção de escola primária, secundária e faculdade, tem vindo a conseguir introduzir com sucesso a gestão de resíduos, construção de estradas, abastecimento de água potável e saúde para os bairros de lata de Daca.

Maria organizou e liderou várias iniciativas de angariação de fundos ao longo dos anos para os seus projetos humanitários e, até hoje, os seus esforços ajudaram centenas de famílias carentes. Ao mesmo tempo, bateu vários recordes mundiais enquanto completou numerosas maratonas, ultramaratonas e triatlos. Alcançou o Polo Norte em 2011 e chegou ao Polo Sul em 2018, um feito inédito na altura para uma mulher portuguesa. 

Ao longo dos últimos anos, tem realizado várias palestras e sessões de motivação, com o mesmo objetivo de sempre: angariar donativos para as suas ações filantrópicas. Já há algum tempo que andava a planear a subida ao K2, mas uma lesão no joelho, uma pandemia pelo meio e os sintomas da menopausa adiaram os planos.

Um dos objetivos desta missão foi angariar fundos para um lar de idosos em Torres Vedras. Para isso, lançou um apelo à doação para o Lar Nossa Senhora da Luz, na freguesia de A dos Cunhados, onde a mãe residiu durante 17 anos.

“A minha mãe teve uma vida muito difícil, por isso sinto-me aliviada por ela ter passado os últimos anos da sua vida a ser cuidada. Sempre que a visitei, ela parecia estar em casa, tão feliz quanto possível”, explicou. 

Após ter alcançado o topo do Evereste e do K2, Maria ainda tem como objetivo escalar o Broadk Peak, com 8047 quilómetros de altura, situado precisamente a caminho do K2.

Está ainda disponível uma campanha de âmbito internacional, onde pretende vender 8.611 livros sobre as suas atividades — um por cada metro de altura do K2. A iniciativa foi a solução encontrada para contornar as restrições dos Emirados Árabes Unidos a donativos de origem estrangeira a organizações não lucrativas.

Antes de Maria Conceição, João Garcia foi o primeiro alpinista português a conquistar o K2, em 2007.

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