Ginásios e outdoor

No ano passado, esta mulher correu 366 maratonas (uma por dia). Tem 55 anos

A belga Hilde Dosogne foi a primeira mulher a fazê-lo e ainda angariou 60 mil euros para a investigação sobre o cancro da mama.
Uma experiência desafiante.

Correr mais de 40 quilómetros diariamente, 366 dias consecutivos. Um feito que muitos consideram impossível foi alcançado por uma veterana da corrida, Hilde Dosogne, de 55 anos.

No decorrer de 2022 e 2023, a atleta belga percorreu quase 250 quilómetros em 36 horas na maratona Spartathlon, que liga Atenas a Esparta, na Grécia. Em 2024, decidiu elevar a fasquia e comprometeu-se a correr nos 366 dias do ano bissexto.

A sua paixão pela corrida levou-a a conquistar o título de campeã nos 100 quilómetros da Corrida Belga, em 2023, com um tempo de 8 horas e 54 minutos. Além disso, participou na Ultrabalaton, onde obteve o quarto lugar numa corrida de 10 quilómetros. Em 2021, completou uma impressionante corrida de 250 quilómetros no deserto de Marrocos em apenas sete dias.

Para se tornar a primeira mulher a correr maratonas todos os dias ao longo de um ano, Dosogne percorreu um total de 15.444 quilómetros, o que equivale a uma média de 42,5 quilómetros diários. Com isso, superou o recorde anterior de 150 maratonas anuais, estabelecido pela australiana Erchana Murray-Bartlett em janeiro de 2023.

O desafio de Dosogne culminou a 31 de dezembro de 2024, momento em que a belga revelou que o maior obstáculo foi psicológico. Na verdade, a parte mais difícil foi a mental, por ter de estar na linha de partida vezes sem conta”, partilhou no programa da rádio NPR, “All Things Considered”.

No que diz respeito aos desafios físicos, Dosogne enfrentou dificuldades, especialmente no início do ano, devido ao cansaço extremo. A belga explicou que o seu corpo teve de se adaptar a novas limitações e que precisou de aumentar o tempo de sono, incluindo sestas durante as horas de almoço. Ao longo do ano, independentemente das condições climáticas, partilhou imagens dos seus percursos diários, que geralmente consistiam em cerca de 40 quilómetros em quatro horas.

Quando cumpriu a 254.ª maratona de 2024.

A sua rotina foi meticulosamente planeada: acordava todos os dias às 6h15 para desempenhar as suas funções como bioengenheira numa empresa química. Após o trabalho, almoçava e descansava antes de correr, entre as 14 e as 18 horas. O dia terminava com um batido de recuperação, um banho e o jantar. As suas corridas diárias tinham lugar, na maioria das vezes, junto a um largo em Gante, na Bélgica — uma área ventosa que tornava o circuito mais desafiante, descreve a Euronews.

Além de ser uma maratonista dedicada, Dosogne é mãe de quatro filhos. Durante a última semana do desafio, quando se encontrava a 27 quilómetros da meta, teve de ser hospitalizada devido a um dedo deslocado. 

Apesar das dores, continuou a correr, motivada pelo desejo de inspirar outros atletas a ultrapassarem os seus limites. O seu conselho para os corredores é que tenham paciência e estabeleçam metas graduais, que considera a melhor forma de evitar a desistência.

Ao cruzar a linha de chegada no último dia do ano, a 31 de dezembro, a belga revelou-se cansada, mas extremamente feliz. O feito também lhe permitiu angariar 60 mil euros para a investigação sobre o cancro da mama. A causa solidária continuará a ser apoiada pelo The Breast International Group, que financia pesquisas inovadoras para melhorar os tratamentos e a qualidade de vida dos pacientes.

Com a recolha de dados do GPS, provas fotográficas e de vídeo, bem como relatos de testemunhas, Dosogne está prestes a receber o reconhecimento de recorde mundial pelo Guinness, que deverá ser concedido dentro de dois meses.

 
 
 
 
 
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