“Sou uma pessoa muito competitiva e, desde que comecei a praticar CrossFit mais a sério, sempre quis participar em provas, nacionais e internacionais.” Aos 21 anos, Isaac Coelho apurou-se para a Pit Collegiate Throwdown, que terá lugar no Michigan, nos EUA, de 28 a 30 de agosto. O desafio, criado este ano, destina-se a atletas entre os 18 e os 22 anos.
Na competição, os atletas são avaliados de várias formas: tempo, número de repetições ou levantamento de peso. A pontuação final é determinada pelo desempenho nessas categorias. Isaac Coelho qualificou-se para a prova após ter passado por várias etapas de seleção para o mundial de CrossFit.
“Existem várias fases de qualificação. A primeiro é a Open, qualquer pessoa pode inscrever-se e todas as semanas temos de gravar um vídeo com o nosso treino e enviá-lo por email para ser avaliado. Acontece tudo online”, começa por explicar à NiT.
Após esta seleção, os atletas passam aos quartos de final, onde são eleitos apenas 25 por cento dos participantes, divididos entre os vários continentes. Os 40 melhores da Europa ficam apurados para as semifinais, que depois competem entre si. “Cheguei até aos quartos de final e, por ter 21 anos, fiquei classificado para participar na competição do Michigan.”
O jovem atleta de Mafra realça a importância e a exigência das etapas de seleção para alcançar esta oportunidade única de competir num evento internacional de CrossFit, no entanto, admite que ficou surpreendido.
“Não tinha conhecimento da prova. Recebi o email a informar que estava elegível e, em conjunto com o meu treinador, decidimos tentar fazer a qualificação para avaliar o meu nível. Qualifiquei-me quase por acaso.”
O objetivo principal em todas as competições em que participa é ganhar, e esta não será exceção. “Quero alcançar o primeiro lugar, esse é o foco. Naturalmente, se conseguir atingir um novo máximo de peso, por exemplo, também será ótimo porque consigo avaliar a minha evolução.”
O gosto de Isaac Coelho pelo desporto surgiu na infância. Aos 12 anos começou a praticar ginástica acrobática, e aos 19 anos, percebeu que o CrossFit poderia ser um bom complemento para ganhar peso e força. Acabou por desenvolver um interesse pela modalidade e a treinar várias vezes por semana. No final da pandemia, decidiu dedicar-se de forma mais séria. “Após terminar os estudos, percebi que não havia um futuro promissor ligado à ginástica, nunca conseguiria atingir um nível mundial de prestígio, por isso, optei por parar de praticar”, esclarece.
Atualmente está a formar-se como técnico especializado em exercício físico na Fitness Academia de Mafra. O seu objetivo futuro é tornar esta paixão numa profissão. “Gostaria muito de conseguir viver exclusivamente do CrossFit, mas em Portugal é muito difícil, pois não há qualquer parceria ou apoio. Se esse dia chegar, serei muito feliz.”
Para conseguir suportar todas as despesas relacionadas com a participação numa competição internacional, o atleta lançou uma campanha de angariação de fundos na plataforma GoFundMe, onde pode contribuir com qualquer montante. “Agradeço a todos os que já doaram ou que ponderam fazê-lo. Estão a ajudar-me a realizar um sonho e a representar as cores de Portugal”, realça.
A preparação para a Pit Collegiate Throwdown
Assim que soube que ia participar nesta competição internacional, Isaac e o seu treinador, Nuno André, da Unlimited Cross Box, planearam um treino especializado para o preparar adequadamente. “No CrossFit nunca sabemos que exercícios vão sair, por isso temos de estar preparados para tudo. Como é uma prova nos EUA, o país onde a modalidade foi criada, temos tentado treinar de forma mais variada para abranger tudo o que possa calhar.”
Treina mais de 10 vezes por semana, num mínimo de três e máximo de cinco horas por dia. Entre duas sessões e, até, três sessões por dia, o atleta tem feito bastante cardio, sempre aliado ao treino de força. Nesta etapa, está focado nas sessões de bicicleta outdoor e indoor, natação e atletismo. Normalmente, a sua rotina semanal inclui duas sessões de treino de força (halterofilismo), duas de natação, uma de ciclismo e uma de corrida.
“Gosto de fazer a grande maioria dos exercícios, mas os overhead squats e os devil press são os que menos aprecio”, confessa. Se não sabe do que se trata, o primeiro exercício baseia-se em erguer um peso acima da cabeça, com os braços esticados, e agachar. Já o segundo consiste num burpee inicial e, quando se levanta, ergue um haltere acima da cabeça.
Relativamente aos exercícios de força, o deadlift (levantar uma barra com peso do chão até ficar com as pernas completamente esticadas) é o seu favorito e aquele em que já conseguiu bater o recorde pessoal de 240 quilos.
Em termos alimentares, Isaac segue um plano nutricional desde que se começou a dedicar mais a este desporto. “Não tenho uma dieta restrita, como de tudo. Muitos hidratos e proteína são a base e, claro, água e uma boa noite de sono também são cruciais.”
A alimentação é regrada, mas sem exageros, salienta. “Normalmente, ao pequeno-almoço como 80 gramas de Chocapic, um iogurte skyr, 30 gramas de manteiga de amendoim e uma peça de fruta”, descreve. As refeições principais começam sempre com 200 mililitros de sopa e são compostas pelas mesmas quantidades de hidratos de carbono (500 gramas), proteína (250 gramas) e legumes (100 gramas).
Ao lanche, o atleta consome 180 gramas de pão, uma lata de atum, 30 gramas de frutos secos e 30 gramas de manteiga de amendoim. Antes de ir dormir, o atleta come uma banana e uma scoop de proteína. Tudo isto é complementado com 4 litros e meio de água.
O palmarés do crossfitter inclui vitórias em diversas competições, como os Javali League West Games, em maio de 2022; os Madeira Cross Games, em junho de 2023 e, a mais recente, os Promofit Games, em maio deste ano.
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