Guilherme Ferreira, de 32 anos, é gestor de frotas. David Fontes, de 32, é médico veterinário. Já Aurélio Domingues, de 31, é guia de canyoning e o único com formação na área. Diferentes profissões, uma paixão comum: a escalada, que os levou a embarcarem numa aventura. O trio inaugurou o Proa Climbing a 5 de outubro, e o nome não engana — foi escolhido em homenagem “ao mar”.
Guilherme começou a praticar vela ainda miúdo. Anos depois percebeu que estava farto da modalidade. Na altura, era já universitário e cheio de adrenalina “para gastar” quando foi desafiado por um amigo a experimentar algo nov’o. “Levou-me até à parede de escalada da Faculdade do Porto e não senti qualquer medo quando enfrentei a parede com vários metros. Pelo contrário. Fiquei rendido àquilo”, conta à NiT.
O facto do material não ser assim tão diferente do que usava na prática náutica deixou-o ainda mais confortável. “Ao início pode ser massacrante, porque é necessário ativar certos músculos que não estamos habituados, sobretudo nas mãos e antebraços. Mas com o tempo percebemos que não se trata tanto de força, mas mais técnica.”
Meses após ter escalado pela primeira vez já tinha arrastado os amigos para experimentarem. “Adoraram. Mas tal como eu, não queriam ficar limitados a espaços fechados. Isso levou-nos a percorrer as falésias do País à procura de novos desafios.” De Portugal partiram depois para vários pontos da Europa. Em 2020 foram convidados a integrarem a equipa do São Rock Climbing Indoor.
“Partilhámos o nosso conhecimento sobre a modalidade e aprendemos tudo o que era preciso sobre criar e gerir um negócio do género. Começámos a pensar que talvez estivesse na altura de desenvolver um projeto nosso”, adianta Guilherme Ferreira.
Sabiam que o processo não iria ser fácil, ou rápido — sobretudo pela localização. “A maioria dos ginásios do género, para poderem reunir as características necessárias ao desporto, estão localizados fora do centro das cidades. E nós queríamos contrariar isso.” Encontraram o espaço no coração de Matosinhos, “perto da praia e das pessoas”.
Determinados em ter o melhor material possível, partiram para a Bulgária, onde desenharam com a “maior empresa deste segmento” a parede que queriam. “Sabíamos que a forma tinha de estar relacionada com o oceano. De resto fomos nos guindado pela nossa experiência ao longo destes anos”, refere o gestor. Fecharam este passo com a escolha do colchão para garantir toda a segurança necessária. As obras arrancaram já em 2023 e, em outubro, abriram o Proa.
De nicho a tendência
As modas vêm e vão e, mais tarde, regressam novamente. O desporto não é alheio a este fenómeno: há modalidades que conquistam muitos admiradores, mas com o passar do tempo acabam por cair no esquecimento. Muitos pensaram que a escalada seria um desses exemplos, mas parece que estavam enganados.
Passou de uma modalidade de nicho a uma das atividades mais procuradas dos últimos tempos. O crescimento em Portugal reflete-se nas aberturas de novos espaços dedicados a esta prática.
O interesse, pode ser explicado por vários motivos: desde o documentário sobre o desporto que ganhou um óscar, à estreia nos Jogos Olímpicos em Tóquio. Sem esquecer os dois atletas que foram notícia nos Estados Unidos da América que, enquanto tentavam uma escalar via que levou vários dias, faziam as refeições e deram entrevistas enquanto estavam pendurados a tentar trepar as rochas.
O rocódromo está situado em Matosinhos e tem “uma ligação ao mar”, que começa no nome e é depois prolongada na forma da parede, que termina com uma saliência que faz lembra a “crista de uma onda”. O Proa em 500 metros quadrados e oferece vias com uma altura máxima de 10 metros e uma inclinação de 60 graus, para que os “escaladores se sintam desafiados”.
Defendem que a escalada é para todos, porém, apenas deve ser praticado por miúdos a partir dos seis anos. “Porque ainda é um desporto exigente”, explica Guilherme.
O Proa tem paredes com vários graus de dificuldade — e não se preocupe, porque se cair, será amparado pelos colchões. No caso da prática com corda, existe uma roldana que permite o regresso ao chão em segurança. Para os inexperientes ou que querem desafiar-se, podem sempre inscrever-se nas aulas com um treinador.
Se quiser estrear-se e não tiver material, o Proa disponibiliza equipamento para alugar. As entradas individuais custam 7€ se o fizer de manhã, sem limite de tempo. À tarde os preços sobem: os mais novos pagam 7€, os estudantes 8€ e os adultos 12€. Se não tiver “pés de gato” — o calçado adequado — o aluguer custa 4€.
Caso queira inscrever-se nas aulas, os preços variam entre os 50€ para estudantes e os 58€ para adulto. Existe também a possibilidade de comprar avulso e custam 15€.
A seguir, carregue na galeria para ver mais imagens do novo ginásio de escalada de Matosinhos.-
