Ginásios e outdoor

Com 90 anos e Parkinson, esta atleta venceu uma competição de halterofilismo

O feito tornou-se num símbolo de longevidade, sobretudo no seu país natal, que se está a tornar numa "sociedade superenvelhecida".
A felicidade é visível.

Cheng Chen Chin-Mei, uma mulher taiwanesa de 90 anos, desafiou as probabilidades e tornou-se num exemplo de determinação ao vencer uma competição de halterofilismo para maiores de 70 anos. Diagnosticada há cerca de um ano com Parkinson, uma doença neurodegenerativa que compromete progressivamente a coordenação motora, Cheng decidiu mostrar que nenhum obstáculo é impossível.

A prova, que teve lugar a 21 de dezembro, em Taipé, juntou 45 participantes. Cheng, uma das competidoras mais velhas, conseguiu levantar 45 quilos até à cintura, recorrendo a uma barra hexagonal. Mas esta prova de superação que se transformou numa lição para todos começou anos antes.

Em 2020 sofreu um acidente de viação que a forçou a um longo período de repouso. O confinamento prolongado à cama resultou num enfraquecimento muscular severo e agravou os sintomas iniciais de Parkinson, incluindo tremores característicos. Determinada a contrariar o declínio físico e incentivada pela neta, Cheng iniciou sessões regulares de levantamento de pesos com o objetivo de fortalecer a postura e aumentar a massa muscular.

“Ao longo do tempo, os meus ombros começaram a sentir-se mais leves”, confidenciou Cheng à agência “Reuters”, numa sessão de treino antes da competição. Sob a orientação do treinador Cheng Yu-shao, transformou o exercício físico num ritual de resistência e superação.

Embora tenha começado como uma prática terapêutica, o levantamento de pesos tornou-se uma paixão para Cheng, num percurso que a levou a participar no evento internacional. No local, três gerações da família Cheng testemunharam a performance que rapidamente se tornou viral nas redes sociais. “Quero dizer a todos os idosos: comecem a treinar. Não é necessário esforçarem-se demasiado, mas o exercício é essencial para manter a saúde”, apelou Cheng após a prova.

Tem 90 anos. Foto: Reuters.

Apesar de ser uma das participantes mais velhas, Cheng não detinha o título de competidora de maior idade; outro atleta, com 92 anos, também fez parte da competição. O treinador destacou que o exercício escolhido por Cheng, o deadlift com barra hexagonal, é particularmente adequado para idosos. “Este tipo de treino é semelhante a movimentos naturais como sentar e levantar, ajudando a prevenir a perda de massa muscular e a reduzir o risco de quedas”, explicou Yu-shao, que também lidera o programa de treino da LKK Wellness, organizadora do evento.

O feito de Cheng serviu também de exemplo à população de Taiwan, que caminha a passos largos para se tornar numa “sociedade superenvelhecida”, de acordo com estimativas do Conselho Nacional de Desenvolvimento. Dados apontam que em 2025, 20 por cento dos 23 milhões de habitantes terão mais de 65 anos.

Para mitigar os efeitos do envelhecimento da população, o governo está a desenvolver uma rede de ginásios equipados com tecnologia adaptada aos mais velhos. Esta iniciativa ambiciona promover a atividade física, prevenindo doenças crónicas e reduzindo a incidência de acidentes entre os idosos, enquanto incentiva o envelhecimento ativo e saudável.

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