Apesar da exigência do desafio, a Grande Rota de Santa Maria é uma forma única de explorar a ilha mais antiga do arquipélago açoriano, com aproximadamente 8 milhões de anos. O percurso circular de 78 quilómetros é dividido em quatro etapas principais, cada uma com cerca de 20 quilómetros e duração aproximada de 7 horas.
A primeira etapa, com um total de 17 quilómetros, começa na Vila do Porto, especificamente no Forte de São Brás, e dirige-se para a ribeira de São Francisco. A partir deste ponto, inicia-se uma subida exigente rumo à Pedreira do Campo, um geossítio reconhecido pela sua riqueza geológica e vulcanológica. O caminho prossegue por campos agrícolas em direção à Prainha e à Praia Formosa, onde é importante ter atenção ao mar agitado.
Seguindo para a Ponta da Malbusca, será recompensado com uma vista panorâmica sobre a costa sudoeste da ilha, sendo este um local ideal para descansar alguns minutos após a difícil subida. Durante a descida, passará pela Ribeira do Maloás, outro geossítio que se destaca pelas suas formações rochosas, antes de chegar à ermida de Nossa Senhora da Boa Morte, com uma vista que se estende até ao mar.
A segunda etapa, com 21,5 quilómetros, é ainda mais exigente que a anterior. Inicia-se no Cardal e termina na Ponta do Castelo, passando pelo miradouro da Tia Paulinha, um dos mais famosos de Santa Maria. O trajeto é em terra batida; por isso, é aconselhável estar preparado para as condições adversas que poderão surgir. Ao chegar ao farol de Gonçalo Velho, prosseguirá para norte, onde encontrará as piscinas naturais da Maia e a impressionante cascata do Aveiro, que se ergue a 110 metros, sendo uma das maiores de Portugal.
Os campos agrícolas e as florestas continuam a ser os principais pontos de interesse até ao Miradouro do Espigão, com uma vista panorâmica única sobre a Baía de São Lourenço. A descida é marcada por uma escadaria que atravessa as vinhas típicas da ilha, chegando à Estação LOURAN, um antigo ponto de comunicação da Marinha Portuguesa do século XX.
A terceira etapa abrange 16,5 quilómetros e liga o lugar do Norte às Bananeiras. O trajeto começa nas localidades de Lagos, Poço Grande e Boavista, seguindo por pequenas estradas até ao Poço da Pedreira, um local de rara beleza. Seguindo a sinalização, deve prosseguir pela localidade do Arrebentão, num caminho pedonal que o levará até à cascata de Cai’Água, uma queda de água com 30 metros.
O percurso continua por trilhos de terra batida até ao Pico Alto, o ponto mais alto da ilha, com 587 metros. Neste ponto, encontrará uma escadaria natural que desce até à Caldeira e, por fim, termina num fontanário na localidade das Bananeiras.
A quarta e última etapa tem 23,5 quilómetros, ligando o último ponto da etapa anterior à Vila do Porto. O primeiro ponto de passagem é a Baía do Raposo, seguido pelo Barreiro da Faneca, conhecido como o “Deserto Vermelho dos Açores”, devido às argilas avermelhadas resultantes da cinza vulcânica e das condições climáticas. Durante esta fase do circuito, poderá encontrar vários miradouros, como o da Ponta do Pinheiro e o da Baía da Cré.
O caminho continua com uma subida acentuada até ao Monte Gordo, onde foi criada uma zona de observação de baleias. O trajeto, que continua em desnível positivo, leva-o até à Ponta dos Frades, acompanhando a Ribeira dos Lemos. Ao chegar à Baía dos Anjos e após a contornar, inicia a descida até à Praia de Calhau, que faz a ligação com o porto de pesca e ao aeroporto.
A fase final do percurso é realizada pela encosta, onde poderá avistar o porto comercial e o centro histórico da Vila do Porto, encerrando assim a última etapa desta Grande Rota. Ao todo, o ganho de elevação é cerca de 3084 metros, sendo esta atividade recomendada apenas a pessoas com experiência em atividades desportivas exigentes. Todas as etapas são sinalizadas em diversos pontos ao longo do caminho, pelo que pode fazê-lo sozinho ou em grupo, mas se preferir há a possibilidade de estar acompanhado por profissionais, como a Bookatrekking(479€ por pessoa) e a Azores Choice (553€ por pessoa).
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