Já lhe chamam a ultramaratona mais luxuosa e cara do mundo. E não é difícil que assim seja, até porque estas são provas pouco dadas a noites bem dormidas e refeições faustosas. Nada disso vai ter lugar na Highland Kings Ultra.
A primeira questão que se coloca é talvez a mais importante: se os ultramaratonistas — que, recorde-se, são o tipo de atletas que acham acham que correr uma maratona é uma tarefa entediante — resistem a tudo, porque haveriam de precisar de todos estes mimos? Provavelmente porque podem, até porque a entrada nesta prova tem um custo avultado.
“O elemento do luxo torna esta corrida diferente das outras”, sublinha a diretora Rebecca Silva à “BBC”. “Foi criada para profissionais que podem suportar os custos, que querem viver uma aventura mas querem um elemento de luxo numa envolvente diferente, num ambiente selvagem em ambientes inexplorados.”
De que tipo de luxo é que estamos a falar? Aquele que envolve tendas de luxo para pernoitar, serviço de mordomo, piscinas de hidroterapia, lanchas de alta velocidade e refeições feitas por chefs com estrelas Michelin. Tudo isto durante quatro dias na costa escocesa onde, nos intervalos de todo este mimo, se tem mesmo que percorrer os 193 quilómetros de percurso.
“Correr como um guerreiro, recuperar como um rei”, é o lema dado pela diretora do evento que está agendado para abril de 2022. Até lá, há muito para fazer, até porque a participação não se limita a essa dura semana de prova.
Os participantes terão direito a um acompanhamento já a partir de outubro, que contempla um treino de preparação de sete meses, cuidadosamente personalizado por profissionais. Cada atleta será sujeito “a análises à composição do suor” para que a organização possa “saber como alimentar o corpo de cada um”.
“Terão videochamadas com preparadores físicos e psicólogos. Vamos ajudá-los a prepararem-se antecipadamente, numa jornada de sete meses até ao evento. É algo único no mundo”, nota a organização.
Calma, há mais. Além de toda esta ajuda, os corredores terão acesso a nomes fortes da corrida como Jonathan Albon; e ainda a um jantar de gala com Sir Ranulph Fiennes, intrépido explorador.
Só não haverá mais ajudas na corrida propriamente dita. Isso fica a cargo das pernas de cada um dos participantes, que apenas terão ajuda de lanchas rápidas para percorrer o percurso marítimo a caminho de uma das ilhas da costa. A prova começa em Dalness, inclui uma maratona pelas montanhas, percursos de floresta e, pelo meio, noites retemperadoras em tendas confortáveis onde nada faltará.
Quanto é que custa afinal tudo isto? 18,157€ por participante. E apesar de tanto luxo, não é a corrida mais cara do mundo. Esse título está entregue ao World Maraton Challenge, um desafio que leva os corredores a sete maratonas em sete continentes, por um preço de 39,900€, valor que inclui estadia e voos entre cada um dos países.