Para a PT Jessica Matos, de 25 anos, era uma inevitabilidade: “acho que nunca tive dúvidas sobre aquilo que ia seguir. Sempre quis ter o exercício físico presente na minha vida e conseguir ajudar outras pessoas a fazer o mesmo”, conta à NiT. Faltava, ainda, a fórmula certa.
Há três meses, despediu-se com o objetivo de fazer algo por ela própria, com o tal espírito em mente: levar o gosto pelo treino a mais pessoas. Esse projeto já ganhou forma e dá os seus primeiros passos. Chama-se Girls Fitflix.
Licenciada em Educação Física, começou a estagiar num health club no Lagoas Park, que atualmente integra o grupo Solinca. “Aprendi ali bastante, ganhei bases com as pessoas certas”, conta.
Na altura, a rotina obrigava-a a passar a ponte todos os dias, vinda da Margem Sul, onde vive. Mas chegou um momento em que sentiu que precisava de algo mais perto de casa e prosseguiu a carreira a sul do Tejo. Passou por diferentes ginásios, dando aulas como PT, e a dada altura aventurou-se num centro de eletroestimulação. “O trabalho foi-se desenvolvendo, fui crescendo, fizeram-me uma proposta para ficar a full-time. O trabalho estava a evoluir”. Ficou até a coordenar outros espaços da mesma marca. Mas faltava qualquer coisa. “Sentia-me um bocadinho um robot, nem sei bem explicar”, recorda.
“Sempre senti que queria mesmo fazer ver a outras pessoas o quanto o exercício nos pode dar, o que podemos adquirir com o exercício. E que nem todos temos de treinar o mesmo, temos de encontrar o que nos faz feliz e que conseguimos fazer a longo prazo, algo que nos dá satisfação”, afirma. “Há quem olhe para o treino como uma coisa negativa, ou como um iô-iô, algo que estão sempre a começar e a desistir, e essa não é a minha visão”.
Ainda não sabia exatamente ao certo o que ia fazer mas sabia que tinha algo para fazer. Em fevereiro deste ano, despediu-se. Deixou para trás os anos entre ginásios e centros e começou a trabalhar no que seria o seu novo projeto. Foi há três meses.
“Foi tudo muito rápido”. De então para cá, tem dado aulas zoom, tem feito lives, lançou newsletters, e-books, trabalhou numa plataforma online e em todos as vertentes de o projeto que é inteiramente seu: o Girls Fitflix.
Aquele “flix” no nome não é capricho. Entre conteúdos de vídeo que cria há um espírito de “Netflix dos treinos”, explica à NiT. Mas o projeto é algo mais pessoal e foi pensando para mulheres. Por uma questão de negócio, é certo. “O mundo digital do fitness disparou e eu ou me destaco ou vou ser só mais uma”, assume. Mas também porque sentia que ia ser mais útil em algo mais orientado para um público em particular.
“Nada contra uma PT que tanto trabalha emagrecimento como ganho de massa muscular, tanto trabalha mobilidade como trata da coluna. É algo que apanha muita coisa. Mas preferi ser excelente num nicho de pessoa”. E acrescenta: “este trabalho[de PT] também passa muito por aí, de criar uma empatia com quem trabalhas.”
Jessica tem-se especializado numa ótica tanto de estética como de emagrecimento ou tonificação, mas também de treinos de pré e pós-parto. E ela própria já partilhou no Instagram que também já teve o seu próprio desafio com o excesso de peso, batalha que trouxe dos tempos de Erasmus e que venceu com gosto.
A plataforma foi lançada em abril e tem atualmente dois planos diferentes. Há plano mensal, o Fit Flix 1 (8€ + IVA, por mês), que dá acesso ilimitado a treinos gravados, a aulas ao vivo via zoom, ebooks e um plano semanal de acompanhamento de exercícios.
O plano que tem tido mais atenção é o Fit Flix 2 (30€ + IVA), onde há uma aposta mais personalizada. Engloba tudo o que há no plano 1 mas também uma avaliação física mensal e um acompanhamento personalizado via WhatsApp. As primeiras vagas já estão preenchidas mas ainda há algumas disponíveis, com a certeza de que não irá “ter mais olhos do que barriga.”
“Quero fazer um acompanhamento com qualidade. Muitas vezes trabalha-se com assuntos sensíveis. O objetivo de emagrecer, por exemplo, não é assim tão superficial. Há que trabalhar o lado psicológico, há que gerir as expectativas de quem está do outro lado”, destaca.
“Pode parecer um pouco tonto, não gosto de me gabar, mas gosto mesmo de fazer isto, desta ideia de ajudar e de ver as pessoas a ter resultado, e isso nem sempre tem de ser estético, pode ser psicológico, de bem-estar geral. É esse o meu propósito. E é gratificante”.
Jessica acredita que esta “luta constante pela não desistência é o que faz a diferença”. E é o tipo de trabalho que se adapta independentemente da idade. Entre as clientes tem raparigas de 17 e 18 anos. “Mas já este mês vai começar também uma senhora de 57 anos”.
O feedback tem sido positivo. A pandemia tem um sem número de coisas negativas mas no mundo do fitness “ajudou também muita gente”, acredita. “Há muitas mulheres que não conseguiam ir a um ginásio por falta de tempo, organização, ou de coisas simples como poder deixar os filhos com alguém. “Perdi a conta à quantidade de crianças que às vezes tenho no zoom ou vejo a passar. Porque é a realidade”, diz bem-disposta. “Às vezes aqui tínhamos alguém que não ia ter oportunidade de treinar”. E assim conseguem.
“Eu fui buscar o meu filho, agora estou em casa, dá para pôr o jantar ao lume e agora vou treinar 30 minutos com a Jessica”, exemplifica. “E assim as mulheres podem ter esse momento, que têm direito a ele”. E é algo diferente do que acompanhar simplesmente um treino online.
Jessica dá como exemplo Pamela Reif, influencer do mundo fit cuja história a NiT já lhe contou. “Eu acho-a maravilhosa e para ter o sucesso que tem, tem de ter muito trabalho por trás. Mas eu tinha miúdas a chegar à Fitflix que me diziam tinham estado a treinar com os vídeos da Pamela. E eu perguntava: mas se estiveste a treinar, porque é que é preciso ajuda?”.
A própria Jessica explica: “é esta personalização. O treino nunca é chapa cinco. Se a pessoa trabalha por turnos, ou só pode treinar 20 minutos, ou só ao fim de semana, eu vou ter que me adequar a essa rotina. O sucesso da pessoa vai estar no que consegue fazer. Não adianta dar algo que não vai poder pôr em prática”. E poder pôr este espírito em prática foi precisamente o que a trouxe até aqui.
“Estes últimos três meses têm sido brutais, de uma adrenalina enorme”, conta-nos Jessica. Conseguimos adivinhar a resposta mas aproveitamos para perguntar que balanço é que faz desta mudança de vida. “Tem sido muito, muito positivo. É preciso ter muito estofo para continuar a levar o negócio para a frente, mas estou super contente com a decisão.”
Quem quiser inscrever-se na plataforma Girls Fitflix pode fazê-lo online. Pode também acompanhar Jessica Matos no Instagram. Há sugestões de treinos que pode seguir e ficar a saber também quando são as próximas aulas live.
