Até ao dia 22 de julho a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) registou 11.314 reações adversas à vacina contra a covid-19, num total de mais de 11 milhões de doses administradas em Portugal até ao momento de análise. Isto, de acordo com o Relatório de Farmacovigilância – Monitorização da segurança das Vacinas contra a Covid-19 em Portugal, corresponde a uma reação adversa por cada mil vacinas administradas.
De todas as vacinas que estão a ser administradas no País, a da AstraZeneca (Vaxzevria) é a que regista o maior número de notificações de efeitos secundários por cada mil inoculações: de 2.003.932 vacinas dadas, foram registadas 3.480 reações adversas. Nas restantes três vacinas — Pfizer (Cominarty), Moderna (Spikevax), Janssen (Janssen-Cilag) — a proporção é de um efeito secundário por cada mil vacinas. De todas, a mais recente, aprovada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA), Janssen, regista menos doses administradas, mas também menos reações.
Sobre a gravidade destes efeitos secundários, o relatório do Infarmed explica que “a classificação de gravidade segue os critérios estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde, mas é atribuída feita pelo notificador, quer este seja um profissional de saúde ou um utente. Num caso com mais de uma RAM (a situação mais frequente), basta que uma reação adversa seja classificada como grave para que o caso também o seja.”
Assim, de acordo com o documento, apenas 36 por cento do total, ou seja 4.015 reações, foram consideradas graves. Entre elas verificou-se a morte de 68 pessoas “com uma mediana de idades de 78 anos”, sendo que segundo o Infarmed pode não existir necessariamente “uma relação causal entre cada óbito e a vacina administrada, decorrendo também dentro dos padrões normais de morbilidade e mortalidade da população portuguesa”.
Na mesma tabela de casos classificados como graves, foram registados 2408 casos (21 por cento) considerados como “clinicamente importantes”, 1087 (10 por cento) como “incapacidade”, 303 (3 por cento) tiveram necessidade de “hospitalização” e 116 casos colocaram a pessoa em “risco de vida”.
A lista de efeitos secundários mais notificados enquadra-se “no perfil reatogénico comum de qualquer vacina, que inclui, entre outras, reações locais após a injeção ou reações sistémicas como pirexia (febre), cefaleia (dor de cabeça) ou mialgia (dor muscular), tendo sido detetadas ainda na fase de ensaios clínicos e descritas na informação destas vacinas”, esclarece o Infarmed, acrescentando ainda que “na maioria dos casos, o desconforto causado por estas reações resolve em poucas horas ou dias, sem necessidade de intervenção médica, e sem sequelas”.
No entanto, concretamente, as dores musculares (mialgia) foram a reação adversa mais reportada com 3.044, seguida das dores de cabeça (cefaleia), com 2.927 casos. Houve ainda registo de 2.830 casos de pirexia (febre), 2.567 casos de dor no local da aplicação, 1.288 casos de fadiga, 1.232 casos de calafrios e 1.148 casos de náuseas. Por género, quem comunicou mais reações foram as mulheres (2752 casos graves e 5048 casos não graves) e a faixa etária em que foram feitas mais comunicações fixa-se entre os 40 e os 49 anos, com 842 casos graves e 1368 casos não graves.