No sábado, dia 11 de setembro, horas depois de Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, ter sido insultado por dezenas de pessoas enquanto almoçava num restaurante com a mulher, Fernando Nobre dirigiu-se a um grupo negacionista que protestava em frente ao Parlamento.
No seu discurso, o médico fundador da AMI e antigo candidato à presidência da República, criticou a vacinação de jovens, desvalorizou o impacto da Covid-19, o uso de máscaras e a eficácia dos testes e referiu ainda que se tratou a si próprio da infeção, assim como à mulher e à filha, com medicamentos que não estão aconselhados para tratar a Covid-19.
Depois de numa primeira fase a Ordem dos Médicos ter negado a abertura de um processo, na terça-feira, 21 de setembro, foi noticiado que o processo disciplinar ao antigo deputado ia mesmo ser aberto pela Ordem. Mas esta não é a única reação.
Francisco George, antecessor de Graça Freitas na liderança da Direção-Geral da Saúde, veio a público desafiá-lo para um debate. Em declarações citadas pela Lusa, e divulgadas pela imprensa portuguesa esta quarta-feira, 22 de setembro, Francisco George considera “absolutamente intolerável” a posição de Fernando Nobre.
“Não podemos enganar a população, sobretudo aparecer como médico e dizer ‘eu não recomendo a vacina, eu não fiz a vacina, eu não faço aos meus filhos, eu não vou injetar a minha neta. Isto não é aceitável porque não tem nenhuma base científica”, criticou, dando como exemplo a varíola. “Se [Fernando Nobre] tivesse razão ainda estaríamos no tempo da varíola, das grandes epidemias de varíola”, atirou.