Os adolescentes e jovens adultos que costumam beber bebidas alcoólicas sozinhos têm maior risco de, no futuro, desenvolverem problemas relacionados com o consumo excessivo de álcool. A conclusão é de uma nova pesquisa da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, publicada na revista “Drug and Alcohol Dependence”.
Citada pela “CNN”, Kasey Creswell, uma das autoras da investigação, destaca que a situação é particularmente inquietante porque “vários estudos já mostraram que o consumo solitário aumentou como resultado da pandemia”. O motivo? Creswell avança que poderá ser consequência do encerramento dos bares e demais locais sociais no decorrer do confinamento.
Outras análises indicam, igualmente, “que associações entre o consumo solitário e o alcoolismo são mais fortes entre mulheres jovens em comparação com homens jovens”, avança a especialista. “Isso é especialmente preocupante, uma vez que se regista um aumento recente no consumo de álcool solitário entre adolescentes do sexo feminino nos EUA”.
O stress, as emoções negativas e os problemas de saúde mental consequentes da pandemia foram também analisados. “A principal razão pela qual os jovens bebem sozinhos é para lidarem com emoções negativas, e terem desenvolvido esse tipo de consumo de álcool durante a pandemia pode levá-los a uma trajetória de aumento do consumo que poderá resultar em mais problemas relacionados com a ingestão de álcool”, explica a profissional.
O estudo em causa analisou dados da “Monitoring the Future”, uma investigação em andamento que questionou 4.500 adolescentes sobre os seus hábitos de consumo de consumo de álcool no último ano do ensino secundário. Mais tarde, quando tinham 22 a 23 anos e aos 35 foram novamente inquiridos sobre o tema.
Cerca de 25 por cento dos adolescentes e 40 por cento dos jovens adultos que bebem relataram fazê-lo sozinhos. Estes dados, quando comparados com pessoas que só bebiam socialmente, indicaram que nos que tinham o hábito de beberem sozinhos no último ano do ensino secundário o risco de problemas devido ao uso de álcool era 35 por cento mais elevados aos 35 anos.
“A probabilidade de virem a desenvolver sintomas relacionados com o consumo de álcool aos 35 anos foi 86 por cento maior para adolescentes do sexo feminino (alunas do ensino secundário) que bebiam sozinhas”, sublinha Creswell.
Acrescenta: “Beber sozinho em idades mais jovens representa um fator de risco muito significativo em relação a problemas futuros relacionados com o álcool, além do consumo excessivo e a frequência de ingestão de bebidas alcoólicas, que são fatores de risco bem conhecidos”.
“Isso sugere que não devemos apenas perguntar aos jovens o quanto bebem e com que frequência para identificar os que estão em risco, mas também precisamos perguntar se o fazem sozinhos ou não”, concluiu.