Saúde

Afinal, o que causa aquela sensação de “cérebro congelado” quando comemos gelados?

A dor intensa pode surgir logo à primeira trinca ou colherada. Contudo, regra geral, dura apenas uns segundos.
É uma sensação comum.

Os gelados ou granizados nem sempre nos proporcionam apenas prazer. Quando estas guloseimas frias entram em contacto com a boca, muitas pessoas parece que sentem “o cérebro a congelar” e ficam imediatamente com uma dor de cabeça. O fenómeno é conhecido na cultura popular como “brain freeze”, mas é também descrito como “dor de cabeça gelada”. Quase todos conhecem a sensação, mesmo que nunca lhe tenham atribuíram um rótulo.

A dor intensa, apesar de incomodativa, dura apenas uns segundos e tem um nome um científico — nevralgia do gânglio esfenopalatino. Traduzindo, trata-se daquela sensação de “cérebro congelado” quando consumimos algo muito frio.

“Não sabemos exatamente porquê, mas algumas pessoas, quando bebem ou comem algo gelado — devido à simples passagem pela nasofaringe de ar frio — ficam com uma dor de cabeça temporária. Por norma dura apenas alguns segundos, mas caso dure uns minutos, não é grave”, explica à NiT Filipe Palavra, neurologista e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia.

O brain freeze faz parte da lista da Classificação Internacional dos Distúrbios de Cefaleias. “É uma cefaleia primária, o que significa que é uma sensação rápida, transitória e não é considerada um sintoma de nenhuma doença.” Normalmente, é sentida na região frontal, mas pode também direcionar-se para as zonas laterais da cabeça.

“Esta sensação não invalida que as pessoas não possam ter outras cefaleias primárias, como as enxaquecas, ou cefaleia de tensão, mas são outros diagnósticos. Isto não significa essas dores de cabeça possam ser causadas por essa sensação, nem são consequência da mesma”, explica Filipe Palavra. Em caso de dúvida, o melhor é sempre consultar um médico, aconselha o neurologista.

Tratamento e prevenção

O tal congelamento cerebral é temporário. No entanto, se a dor for muito intensa, há fármacos podem ajudar. “O mais comum é a aspirina, mas pode tomar outro medicamento indicado para as cefaleias. No entanto, é provável que a dor passe antes de ter tempo para ir buscar o comprimido”, refere Filipe Palavra.

É possível prevenir o brain freeze, mas envolve uma solução drástica — deixar de consumir alimentos e bebidas frias. Outro método, que pode resultar, embora nem sempre funcione, é comer o gelado ou beber o granizado muito devagar, para não sobrecarregar os nervos com a sensação de frio. Também pode esperar que aqueçam um pouco antes de os ingerir.

“As pessoas ficam com esta sensação com simples passagem de ar frio pela garganta, podem sempre utilizar um agasalho quando entram em ambientes refrigerados”, acrescenta o clínico.

Porém, para prevenir esta condição de forma eficaz é necessário ter um diagnóstico. Por isso, o especialista aconselha quem sofre de brain freeze com frequência a consultar um médico. “Para chegarmos à conclusão que se trata de uma cefaleia causada pelo frio, temos de excluir todos os outros casos possíveis, que podem ser mais graves”, refere.

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