A forma como começamos o dia é, muitas vezes, influenciada pelos sonhos que tivemos durante a noite. Se estes forem bons, é normal que acordemos mais felizes. Por outro lado, se estes forem negativos ou assustadores (pesadelos, portanto), é provável que as horas seguintes sejam um pouco mais stressantes. Quando nos lembramos dos nossos sonhos pensamos também nas diferentes cores que vimos. No entanto, em alguns casos, isto não acontece.
“Os sonhos são devaneios que acabam por utilizar os nossos medos, traumas, tensões, alegrias e felicidades acumuladas ao longo do dia. Freud dizia que são uma tentativa de concretização de desejos que foram reprimidos, o que nos leva a pensar que o seu conteúdo é maioritariamente composto por elementos guardados no nosso inconsciente e que encontram aqui uma forma de se manifestarem”, conta à NiT a psicóloga Catarina Graça.
Quando acordamos e pensamos no que sonhámos, vêm-nos à cabeça diferentes imagens e cores. Isto não é, contudo, o caso de Beatriz Cachulo, de 23 anos. “A maior parte das vezes sonho a preto e branco. Nunca tinha sonhado a cores até há uns tempos”, revela a estudante do curso de som e imagem. “Sempre sonhei assim desde que me recordo. Nunca dei importância porque assumi que era assim que toda a gente sonhava.”
Embora os casos sejam raros, isto “poderá acontecer devido ao contexto emocional da vida da pessoa, nomeadamente numa fase da vida mais complicada e exigente a nível psicológico. Por vezes, podem surgir um bloqueio e esta poderá entrar num estado de apatia”, aponta a psicóloga. Os sonhos podem refletir esta ausência de carga emocional, surgindo a preto e branco, “ou até mesmo a ausência total de sonhos”.
Isto costumava ser mais comum no tempo da televisão a preto e branco, algo com a qual Beatriz não cresceu. “Já cresci com televisão a cores, por isso, nunca percebi bem o porquê de isto acontecer”, realça. Quando era miúda, e agora já adulta, a maior parte dos filmes que vê são a cores. “A minha mãe chegou a apanhar a transição e falava muito disso, acho que é a única ligação que tenho com a televisão a preto e branco”, brinca.
Com o passar do tempo, Beatriz começou a ver cores nos seus sonhos, mas estas apenas surgem em objetos específicos. “Podem ser objetos com uma carga emocional mais significativa para a pessoa. A nossa mente é mais ativa a dormir do que, por exemplo, a ver televisão, por isso será natural que nos sonhos existam elementos mais elaborados na sua composição do que outros”, diz, desta vez, a psicóloga.
Muitas vezes, quando acordamos, não percebemos porque é que sonhámos com algo e, no caso de Beatriz, a dúvida está no porquê de apenas certos objetos aparecerem coloridos. “Estará aqui o interesse em interpretar os sonhos e perceber qual a importância do mesmo para a pessoa que o teve”, acrescenta Catarina Graça. Sendo eles a manifestação do nosso subconsciente, é garantido que algo significarão.
Enquanto algumas pessoas nos veem a preto e branco nos sonhos, há outras que não os veem de todo, como é o caso dos invisuais de nascença. “Como nestes casos não há memória visual, não sonham com imagens mas sim com os outros sentidos, nomeadamente com sons, sensações físicas, movimentos e cheiros.” No entanto, o que predomina é mesmo a audição. “Já aqueles que não nasceram cegos, mas perderam a visão devido a doença ou acidente, possuem memória visual e podem sonhar com imagens, que podem ser a cores ou não”, conclui.
Como todos sabemos, uma boa noite de sono é fundamental para um dia ainda melhor. Há vários alimentos que nos ajudam a dormir bem, como o kiwi. Carregue na galeria e conheça outros que também são bons aliados.